Eles são considerados pilares da Igreja e formam uma dupla inseparável.
Por Juliana Borga / Paulinas
O mês de junho é marcado por várias datas que comemoram importantes santos da Igreja Católica. São João e Santo Antônio têm cada um o seu dia, mas São Pedro e São Paulo dividem a mesma data, o dia 29 de junho. Você já parou para pensar no motivo que está por trás disso?
Segundo a mestra em Teologia Sistemática e membro da equipe do Serviço de Animação Bíblica (SAB Paulinas), Ir. Maria Inês Carniato, isso acontece porque desde os primeiros séculos a Igreja sempre fez memória dos mártires na celebração da liturgia. “No caso dos dois apóstolos, dizem antiquíssimas fontes que eles foram martirizados em Roma, durante a perseguição do imperador Nero, no dia 29 de junho do ano 67 d.C.”, explica.
Tanto Pedro como Paulo foram seguidores de Cristo, líderes das primeiras comunidades e testemunhas da sua fé e martírio. A diferença é que o apóstolo Pedro acompanhou Jesus desde o começo de sua vida missionária. Testemunhou a condenação, morte e ressurreição do Senhor e liderou o anúncio do evangelho ao povo judeu, espalhando o cristianismo por toda a Palestina.
“Paulo foi um mestre judeu convertido pelo testemunho dos primeiros cristãos. Anunciou o evangelho e formou comunidades cristãs por todas as regiões do império romano. Portanto, Pedro foi o pilar da fé cristã para os judeus e Paulo o foi para os pagãos”, acrescenta Ir. Maria Inês.
Pilares da Igreja
Pedro é o primeiro a reconhecer em Jesus Cristo o Messias (cf. Mt 11,3) mas depois o nega três vezes (cf. Lc 22,55-60; Mt 26,74). Paulo é inicialmente impiedoso em perseguir os cristãos, mas uma vez que abraça a fé, torna-se um grande missionário. Associar Pedro e Paulo equivale a relacionar fé e doutrina, ciência e poder e representa a unidade da Igreja.
Os dois são fundadores da Igreja de Roma. Na homilia da Solenidade de Pedro e Paulo em 2012, o papa Bento XVI observou que “a tradição cristã sempre considerou São Pedro e São Paulo inseparáveis: na verdade, juntos, representam todo o Evangelho de Cristo”.
á na homilia de 2019, o papa Francisco disse que, “as suas vidas não foram límpidas nem lineares. Eles cometeram erros enormes, mas nas suas quedas, descobriram a força da misericórdia do Senhor, que os regenerou. No seu perdão, encontraram uma paz e alegria irreprimíveis. Com o mal que fizeram, poderiam viver com sentimentos de culpa: quantas vezes terá Pedro pensado na sua negação! Quantos escrúpulos para Paulo, que fizera mal a tantas pessoas inocentes! Humanamente, faliram; mas encontraram um amor maior do que os seus fracassos, um perdão tão forte que curava até os seus sentimentos de culpa. Só quando experimentamos o perdão de Deus é que renascemos verdadeiramente. Recomeça-se daqui:do perdão. Reencontramo-nos a nós mesmos aqui: na confissão dos nossos pecados”.
Calendário litúrgico
Você já notou: quando uma solenidade cai num dia da semana, é comemorada no domingo seguinte? Isso ocorre porque no ano litúrgico da Igreja, as celebrações têm vários graus: memória, festa e solenidade, conforme a importância dos santos ou dos mistérios celebrados.
Quando uma solenidade com data fixa como o martírio de Pedro e Paulo cai em dia de semana – ou tempo ferial na linguagem da liturgia – é transferida para o Domingo seguinte, pois este é por excelência o Dia do Senhor, no qual os fiéis se reúnem na assembleia litúrgica.
“A liturgia dominical é mais solene e festiva do que a liturgia ferial e as solenidades se situam sempre nela, com exceção do Natal e de Corpus Christi que por si mesmas solenizam qualquer dia da semana”, finaliza Ir. Maria Inês Carniato.