Quem é o Espírito Santo?

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) explica que o termo “espírito” traduz o termo hebraico ruah que, na sua primeira acepção, significa sopro, ar, vento.

Por Fernando Geronazzo / Vatican News

Terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito Santo é Deus com o Pai e o Filho, e com o Pai e o Filho recebe uma mesma adoração e glória, como assinala a profissão de fé cristã católica.

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) explica que o termo “espírito” traduz o termo hebraico ruah que, na sua primeira acepção, significa sopro, ar, vento. “Jesus utiliza precisamente a imagem sensível do vento para sugerir a Nicodemos a novidade transcendente daquele que é pessoalmente o Sopro de Deus, o Espírito divino” (CIC 691).

Jesus, ao anunciar e prometer a vinda do Espírito Santo, chama-o de “Paráclito”, que quer dizer “aquele que é chamado para junto”, “advogado” (Jo 14,16.26; 15,26; 16,7). Esse termo é habitualmente traduzido por “consolador”. O próprio Senhor também se refere ao Espírito Santo: “o Espírito da verdade”.

Além do seu nome próprio, que é o mais empregado no livro dos Atos dos Apóstolos e nas cartas do Novo Testamento, é possível ver São Paulo se referir ao Espírito Santo como: “Espírito da promessa” (Gl 3,14; Ef 1,13), “Espírito de adoção” (Rm 8,15: Gl 4,6), “Espírito de Cristo” (Rm 8,9), “Espírito do Senhor” (2 Cor 3,17). “Espírito de Deus” (Rm 8,9.14; 15,19; 1 Cor 6,11; 7,40), e São Pedro, “Espírito de glória” (1 Pd 4,14).

O CATECISMO TAMBÉM RESSALTA QUE O ESPÍRITO SANTO SE MANIFESTA:

  • Nas Escrituras, que Ele inspirou:
  • Na Tradição, de que os Padres da Igreja são testemunhas sempre atuais;
  • No Magistério da Igreja, que Ele assiste;
  • Na liturgia sacramental, por meio das suas palavras e dos seus símbolos, em que o Espírito Santo põe os fiéis em comunhão com Cristo;
  • Na oração, em que Ele intercede pelos fiéis;
  • Nos carismas e ministérios, pelos quais a Igreja é edificada;
  • Nos sinais de vida apostólica e missionária;
  • No testemunho dos santos, nos quais Ele manifesta a sua santidade e continua a obra da salvação.
  • Na vida de cada cristão, o Espírito Santo atua, sobretudo, por meio dos seus sete dons: sabedoriaentendimentoconselhofortalezaciênciapiedade e temor de Deus. Tais dons, ensina o Catecismo, pertencem em plenitude a Cristo, “completam e levam à perfeição as virtudes de quem os recebe e “tornam os fiéis dóceis, na obediência pronta, às inspirações divinas” (CIC 1831).

VERDADE DE FÉ

Tais concepções a respeito do Espírito Santo são herança de um longo processo histórico de discussões e estudos em torno da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que levaram às verdades de fé contidas no Credo Niceno-Constantinopolitano: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; Ele que falou pelos profetas”.

Um dos teólogos sobre o Espírito Santo foi Eusébio de Cesareia, com o seu Tratado sobre o Espírito Santo, escrito no século IV para combater as heresias existentes na época.

Nesse tratado, o doutor da Igreja destaca a ação do Espírito Santo em cada momento da história da salvação e na vida da Igreja. “É pela vontade do Pai que os espíritos criados subsistem; é pela força operativa do Filho que são conduzidos ao ser, e pela presença do Espírito que chegam à perfeição… Se tentas tirar o Espírito da criação, todas as coisas se misturarão e a vida delas aparece sem lei, sem ordem, sem qualquer determinação”, afirma.

São Basílio recorda, ainda, que o Espírito Santo agia já no anúncio dos profetas e na preparação para a vinda do Salvador. É pelo seu poder que se realiza a encarnação no seio de Maria; é Ele o crisma (óleo) com o qual Jesus foi ungido por Deus no Batismo. Toda obra de Cristo foi realizada com a presença do Espírito.

NA MISSÃO DE CRISTO

Em uma meditação quaresmal de 2012, o Cardeal Raniero Cantalemessa, Pregador da Casa Pontifícia, sublinhou que o Espírito Santo “estava presente quando Jesus foi tentado pelo diabo, quando fazia milagres, não o deixou quando ressuscitou dos mortos, e no dia da Páscoa o derramou sobre os discípulos”.

“O Paráclito foi o companheiro inseparável de Jesus ao longo da sua vida”, afirmou o Cardeal.

Sobre a ação do Paráclito na vida da Igreja, São Basílio indaga: “Não é claro e indiscutível que é obra do Espírito? Ele próprio deu à Igreja, diz Paulo, ‘em primeiro lugar os apóstolos, depois os profetas, depois os mestres’… Esta ordem está organizada de acordo com a diversidade dos dons do Espírito”.

A última imagem retrata a presença do Paráclito na esperança da vida futura, no fim dos tempos. “Também no momento do evento da esperada manifestação do Senhor aos céus não está ausente o Espírito Santo”, afirma São Basílio, explicando que, nesse momento, haverá, para os salvos, a passagem das “primícias” para a “posse plena do Espírito”, e para os condenados a separação definitiva, o corte claro, entre a alma e o Espírito.

A ALMA E O ESPÍRITO

São Basílio também destaca a ação do Espírito Santo na vida de cada batizado, na purificação da alma do pecado, na sua iluminação e na divinização que ele chama também “intimidade com Deus”.

“A relação de familiaridade do Espírito com a alma não é uma aproximação no espaço – de fato, como poderia aproximar-se o incorpóreo corporalmente? – mas, em vez disso, consiste na exclusão das paixões, as quais, como consequência da sua atração pela carne, chegam à alma e a separam da união com Deus. Purificados da imundície da qual tinha se sujado por meio do pecado e voltado para a beleza natural, como tendo restituído a uma imagem real a antiga forma por meio da purificação, só assim é possível aproximar-se do Paráclito”, escreve o doutor da Igreja.

São Basílio compara o Espírito Santo ao sol, que, iluminando aqueles que foram purificados de toda mancha, torna-os espirituais por meio da comunhão com Ele. “E como os corpos claros e transparentes, quando um raio os atinge, tornam-se eles próprios brilhantes e refletem um outro raio, assim as almas portadoras do Espírito são iluminadas pelo Espírito; elas mesmas se tornam plenamente espirituais e transmitem aos outros a graça”.

É dessa dinâmica – completa São Basílio – “que vem a presciência das coisas futuras; a compreensão dos mistérios; a percepção das coisas ocultas; a distribuição dos carismas, a cidadania celeste; a dança com os anjos; a alegria sem fim; a permanência em Deus; a semelhança com Deus; o cumprimento dos desejos: tornar-se Deus”.

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