A sede da paróquia da Imaculada Conceição, que está há 72 anos no bairro Rio Branco, foi “a primeira igreja assolada com as chuvas” em Canoas (RS), segundo o vigário da paróquia, padre Rodrigo Barroso.
Por Monasa Narjara / ACI Digital
As fortes chuvas que assolam o Rio Grande do Sul desde o fim de abril afetaram 31 igrejas dos quatro vicariatos da arquidiocese de Porto Alegre. “Pela altura que chegou a água nós perdemos todo o material de missa, alfaias, livros litúrgicos, tudo, tudo”, contou a ACI Digital, o padre Fabiano Glaser, pároco de Nossa Senhora Medianeira, no município de Eldorado do Sul (RS).
A maior enchente do Rio Grande do Sul já atingiu 450 dos 497 municípios do Estado, cerca de 90%, segundo o boletim diário da Defesa Civil emitido hoje (14), às 9h. Foram registrados até agora 147 mortes, 125 desaparecidos, 806 pessoas feridas e mais de 538 mil desabrigadas. Foram resgatadas mais de 76 mil pessoas e 11 mil animais. O nível do Guaíba que tinha caído para 4,72 metros na última sexta-feira (10), voltou a subir hoje para 5,20. Segundo as projeções da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a água pode chegar a 5,40m ainda hoje.
Igrejas inundadas
Padre Fabiano Glaser disse que a paróquia fica em uma área urbana que foi 100% atingida pelas fortes chuvas. Ela é composta por “seis igrejas” e somente uma não foi tomada “pelas águas” porque está em um “distrito chamado Parque Eldorado que não teve inundações”, e com isso, pôde acolher alguns “desabrigados”.
Segundo o sacerdote, “o povo está bastante desanimado porque é a terceira enchente em nove meses” e “muitas pessoas” disseram que vão embora da cidade. “Inclusive lideranças da paróquia”, disse o padre.
“Então, vai ser um longo e árduo trabalho de reconstrução. Eu estou tentando manter contato com os paroquianos pelo WhatsApp, por vídeo e tentando me fazer próximo por mensagens de perseverança”, disse o pároco.
Como a água invadiu a casa paroquial, Glaser disse que está abrigado na paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Guaíba (RS), uma cidade vizinha. “Estou na casa paroquial com uma família de paroquianos na casa paroquial e no salão paroquial tem cerca de 140 pessoas acolhidas”.
“Aqui na paróquia eu estou rezando missa”, disse o padre. “Então toda vez que tem uma missa eu aviso para o pessoal e quem tá próximo vem e participa”.
Segundo o padre Fabiano, a paróquia está fazendo uma campanha para arrecadar fundos para a reconstrução: “SOS Paróquia Nossa Senhora Medianeira”. A contribuição pode ser feita através da chave pix da igreja: 92.858.000/0201-70 (CNPJ).
Paróquia resgata 1,2 mil pessoas
A sede da paróquia da Imaculada Conceição, que está há 72 anos no bairro Rio Branco, foi “a primeira igreja assolada com as chuvas” em Canoas (RS), segundo o vigário da paróquia, padre Rodrigo Barroso. “Uma água que ultrapassava os bancos, que entrou também na sacristia e na secretaria da paróquia. Em bens materiais perdemos muito”, disse padre Rodrigo Barroso a ACI Digital.
Segundo o sacerdote, a paróquia “foi o ponto de resgate para mais ou menos umas mil e duzentas pessoas que começaram a vir até a igreja para encontrarem o resgate” de barco.
Padre Rodrigo disse que “o colégio da Imaculada, administrada pelas irmãs franciscanas da Penitência e Caridade Cristã”, que fica ao lado da igreja, “também foi bem prejudicado”. As freiras tiveram que fechar a igreja porque algumas pessoas estavam “saqueando os lugares e a igreja estava muito exposta”, disse.
“Com a força das águas nós não conseguimos nem fechar as portas da igreja. Hoje, eu estive lá e nós conseguimos fechar a paróquia”, informou.
O vigário não sabe “quanto tempo” vão “demorar para retornar à normalidade” no bairro e por isso as missas estão sendo celebradas na paróquia São Luiz Gonzaga, no centro de Canoas. Padre Rodrigo disse que a paróquia está arrecadando doações aos fiéis por meio da chave pix da paróquia: 92.858.000/0162-20 (CNPJ).
“Pior do que furacão”
A paróquia Sagrado Coração de Jesus, no bairro Harmonia, em Canoas (RS) e suas 13 comunidades também “ficaram debaixo da água. Tudo foi perdido, nada foi salvo”. “Todas as casas” do bairro “estão debaixo da água” e isso “é uma realidade muito triste, muito angustiante e muito desesperadora”, disse o pároco, frei Juan Miguel Gutiérrez Mendéz a ACI Digital.
Natural da República Dominicana, o frade capuchinho relatou que a realidade de Harmonia é “como se fosse um filme de terror”. “Na minha vida, nunca passei por uma situação como esta, é a primeira vez. Na República Dominicana, que é uma terra onde todos os anos tem furacão, nunca passei uma situação como esta”, disse o frade. “É um momento muito difícil que nós estamos vivendo”.