“Por mais que uma pessoa acumule bens neste mundo, temos absoluta certeza de uma coisa: eles não caberão no caixão, nós não poderemos levar os bens conosco” (Papa Francisco)
Por Almudena Martínez-Bordiú / ACI Digital
O papa Francisco dedicou sua catequese do dia 24 à avareza, “uma doença do coração, não da carteira”, disse. Segundo ele, é possível se recuperar desse pecado com a meditação sobre a morte, pois os bens terrenos “não caberão no caixão”.
Francisco continuou com sua série de catequeses sobre vícios e virtudes na Audiência Geral de hoje. Ele disse que a avareza é uma “forma de apego ao dinheiro que impede o homem de ser generoso”.
O papa destacou que a avareza não é só um pecado que diz respeito às pessoas com grandes patrimônios, mas é “um vício transversal, que muitas vezes nada tem a ver com o saldo da conta corrente”.
Ele citou como exemplo os monges que, tendo renunciado a grandes heranças, na solidão de sua cela, se apegaram a objetos de pouco valor: “Aí reside uma relação doentia com a realidade, que pode levar a formas de acumulação compulsiva ou patológica”.
O papa disse que, para se recuperar dessa doença, “os monges propuseram um método drástico, mas muito eficaz: a meditação da morte”.
“Por mais que uma pessoa acumule bens neste mundo, temos absoluta certeza de uma coisa: eles não caberão no caixão, nós não poderemos levar os bens conosco”, disse.
Francisco garantiu que “o vínculo de posse que construímos com as coisas é apenas aparente, porque não somos os donos do mundo”.
Segundo ele, essas simples considerações “fazem-nos compreender a loucura da avareza, mas também a sua razão mais oculta”.
Para o papa Francisco, esse vício “é uma tentativa de exorcizar o medo da morte: procura certezas que na realidade desmoronam no momento em que as apreendemos”.
Ele também destacou que, às vezes, são os ladrões que roubam os bens e lembrou as palavras de Jesus: “Juntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça e a ferrugem destroem, nem os ladrões assaltam e roubam”.
O papa disse que “podemos ser senhores dos bens que possuímos, mas muitas vezes acontece o contrário: em última análise, são eles os nossos donos”.
Também destacou que “alguns homens ricos já não são livres, já nem têm tempo para descansar, têm de olhar por cima dos ombros porque a acumulação de bens também exige os seus cuidados”.
Além disso, assegurou que “sentem-se sempre ansiosos porque um legado se constrói com muito suor, mas pode desaparecer num instante”. “Esquecem-se da pregação evangélica, que não afirma que a riqueza em si é um pecado, mas é certamente uma responsabilidade”, lamentou.
“No fim da vida teremos que entregar nosso corpo e nossa alma ao Senhor, e teremos que deixar tudo. Sejamos cuidadosos e generosos: generosos com todos e generosos com aqueles que mais precisam de nós”, concluiu.