Itambacuri tenta, junto às autoridades católicas, reconhecer como basílica a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos
João Eduardo Santana / Rede Itatiaia
A pequena cidade de Itambacuri, distante cerca de 500 quilômetros de Belo Horizonte, aguarda ansiosa a aprovação, por parte do Vaticano, do pedido feito pelos Frades Capuchinhos e também pela Diocese de Teófilo Otoni, para que a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, um dos maiores marcos da fé do povo católico do Leste de Minas, receba o título de Basílica.
Isso tudo por ocasião dos 150 anos da presença dos freis na cidade, que foi fundada por dois deles, em 1873. Em meio a um grande conflito entre colonos e índios, a presença dos Capuchinhos foi solicitada pelo Arcebispo de Diamantina, à época responsável pela administração daquela região. Lá, eles chegaram e nunca mais saíram, seja da igreja, seja do coração do povo.
Entre os dias 23 de julho e 2 de agosto de cada ano, milhares de pessoas, vindas dos mais diferentes lugares de Minas e do Brasil, recorrem ao Santuário de Itambacuri, cidade que tem nome indígena e que teve como seus primeiros moradores os índios Botocudos, que foram catequizados e recenseados pelos Freis Ângelo e Serafim, fundadores da cidade.
A devoção à Nossa Senhora dos Anjos, legitimamente franciscana, impressiona até mesmo o Frei Eduardo Melo, carioca de Niterói, e que há cinco anos dirige o Santuário. “A Província Capuchinha do Rio de Janeiro tem cuidado de todos os trâmites necessários, junto ao Vaticano, para que este local se torne uma Basílica, ou seja, uma igreja ligada diretamente ao Papa. É a coroação destes 150 anos de devoção do povo a Nossa Senhora dos Anjos e da presença dos Freis Capuchinhos nestas terras”, diz.
Fé que transcende tempo e distância
A reportagem da Itatiaia visitou, em Itambacuri, a família de Dona Maria Sebastiana Castro, de 79 anos. Residindo sozinha na cidade, Dona Sebastiana aguarda ansiosa o mês de agosto, onde os filhos e netos, espalhados por vários cantos do Brasil, voltam para a cidade berço da família, para rezarem a festa de Nossa Senhora dos Anjos. Até mesmo as panelas gigantes são tiradas do armário.
“Fico muito sozinha durante o ano, mas chega agosto e a casa enche de gente. Filhos, netos, sobrinhos. Todo mundo vem rezar. A festa de Nossa Senhora dos Anjos é o nosso Natal, hora que todo mundo se encontra”, afirma.
Thauanna Caroline mora em Pirassununga, interior de São Paulo, e é filha de Dona Sebastiana. São mais de mil quilômetros de distância, percorridos sempre duas vezes por ano. No Natal e na chamada “Festa de Agosto”. “Meus dois filhos me acompanham todos os anos neste percurso, vindo para Itambacuri para reabastecer a nossa fé e voltar para casa. Coração bate forte quando chega agosto e sabemos que estamos indo para a casa de Nossa Senhora”, fala.
O ‘Perdão de Assis’
A novena de Nossa Senhora dos Anjos, maior devoção mariana do Leste de Minas, segue até o próximo dia 2 de agosto, dia dedicado à santa. No Santuário, é concedida pelos padres a chamada “Indulgência Plenária”, ou seja, o perdão de todos os pecados, por conta de uma licença dada pelo Papa. O “Perdão de Assis” é concedido apenas na Basílica de São Francisco em Assis, Itália, e em Itambacuri, conhecida como “Cidade Franciscana”.