Mas continua para toda a vida esta devoção que nasce da Bíblia e é reforçada pelo próprio Jesus em aparição a Santa Margarida Maria de Alacoque
Francisco Vêneto / Aleteia
O mês de junho é tradicionalmente associado ao Sagrado Coração de Jesus na Igreja Católica. O objetivo desta tradição é incentivar os fiéis a adorarem ainda mais consciente e intensamente o amor de Jesus Cristo, representado fisicamente no Seu Coração. Por sua vez, este simbolismo nos recorda que Deus Se encarnou e veio habitar entre nós.
O objeto desta rica devoção é, portanto, o próprio Coração do Verbo Encarnado, seja no Seu aspecto físico, seja como símbolo do Amor divino. Vale recordar, no entanto, que o termo final dessa devoção é a Pessoa inteira de Jesus Cristo como nosso Divino Redentor.
Quando apareceu a Santa Margarida Maria de Alacoque, em 1673, Nosso Senhor mostrou Seu Coração Divino envolto em chamas, rodeado por uma coroa de espinhos e encimado por uma cruz. Segundo Santa Margarida, o fim principal desta devoção é converter as almas ao Amor de Jesus.
Nessa aparição, a santa ouviu do Senhor estas palavras:
“Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-Se e consumir-Se, para manifestar-lhes o Seu amor. E como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, desprezos, irreverências, sacrilégios, friezas que têm para comigo neste Sacramento de amor”.
A devoção ao Sagrado Coração, no entanto, é muito anterior a essa aparição: sua origem está na própria Escritura Sagrada, já que o coração é um dos muitos modos de se falar do amor infinito de Deus, que chega ao ápice com a vinda de Jesus para entregar-Se por nós.
Dois acontecimentos fortes do Evangelho são particularmente inspiradores:
- O gesto de São João Evangelista, o discípulo amado, que recosta a cabeça em Jesus durante a última ceia (cf. Jo 13,23);
- No Calvário, o momento em que o soldado abre o lado de Jesus com a lança (cf. Jo 19,34).
Num episódio, vemos o sereno consolo oferecido por Jesus; no outro, vemos o sofrimento que nós Lhe causamos com os nossos pecados, dos quais, mesmo assim, Ele próprio quis nos redimir.
Mês do Sagrado Coração de Jesus
Todos os anos, ao longo de junho, somos especialmente convidados a demonstrar a Jesus, através das obras e não só das palavras, o quanto O amamos e correspondemos ao Seu Amor infinito.
Mas a vivência real e prática desse amor não se restringe a um mês por ano: todos os meses devem ser do Sagrado Coração de Jesus!
De forma semelhante, o mês seguinte, julho, é dedicado ao Preciosíssimo Sangue de Cristo, o que também nos exorta a uma particular renovação da nossa fé eucarística – a qual, é claro, deve ser vivida a fundo durante a vida inteira e não somente durante um mês por ano.
A respeito da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, o Papa Bento XVI afirmou:
“A contemplação do lado transpassado pela lança, na qual resplandece a vontade infinita de salvação por parte de Deus, não pode ser considerada como uma forma passageira de culto ou devoção: a adoração do amor de Deus, que encontrou no símbolo do coração transpassado a sua expressão histórico-devocional, continua sendo imprescindível para uma relação viva com Deus”.