“Esta devoção está estruturada na correspondente devoção a Nossa Senhora das Dores, colocando em forma paralela as dores e alegrias que não faltaram na vida de são José”
“As sete dores e alegrias de são José”, é uma das “devoções mais antigas e difundidas”, disse o padre Pedro Ceriani Rotondi, da arquidiocese de Lima, Peru.
Rotondi cita o livro “Sumário das Excelências do Glorioso São José Esposo da Virgem Maria” do padre carmelita Jerónimo Gracián, de 1597, que diz que “dois padres da Ordem Franciscana estavam navegando e o navio em que viajavam afundou com 300 pessoas”.
“Os dois agarrados a uma tábua estiveram três dias e três noites no mar à mercê das ondas do mar. Nesta circunstância, eles se confiaram a são José, de quem eram muito devotos”, acrescentou.
O livro conta que depois de três dias um jovem apareceu a eles na mesma tábua e os cumprimentou gentilmente. “Confortou-os, pois estavam bem desanimados, e fez com que aumentasse a força de seus membros enfraquecidos e, assim, conseguiram chegar à praia sãos e salvos”.
“Os bons frades, chegando à terra, agradeceram a Deus por tão grande benefício e imploraram ao jovem que os acompanhava que lhes dissesse o seu nome. Ele declarou ser são José, revelou-lhes as suas grandes dores e alegrias que estavam descritas nos sete mistérios aos quais há tanta devoção, e prometeu socorrer e favorecer em todas as suas necessidades aqueles que todos os dias recitassem 7 Pais-Nossos e 7 Ave-Marias em memória destes mistérios”, disse Rotondi em 2021.
Segundo Rotondi, a fórmula atual desta devoção foi desenvolvida pelo padre redentorista, beato Genaro Sarnelli, que “completou as orações com sete momentos de alegria experimentados por são José”. Em 1819 o papa Pio VII aprovou esta oração.
“Esta devoção está estruturada na correspondente devoção a Nossa Senhora das Dores, colocando em forma paralela as dores e alegrias que não faltaram na vida de são José”, acrescentou.
Segundo Rotondi, a devoção faz referência ao hino Te Joseph celebrent, que diz: “Nascido o Senhor, nos braços o estreitas. A ti tem por guia, a Herodes fugindo. Perdido no templo, és tu que o encontras, chorando e sorrindo”.
O hino tem duas partes, a primeira “evoca um acontecimento da infância de Jesus e a dor e a alegria que são José experimenta”.
“Na segunda parte, pede-se o poder de viver em união com Jesus e Maria, viver as virtudes domésticas à imitação da família de Nazaré e, finalmente, gozar da presença de Jesus e Maria no momento da morte e poder desfrutar da pátria celestial”, disse ele.
Rotondi disse que o objetivo desta devoção é “lembrar os mistérios nos quais são José está envolvido diretamente junto com Maria”.
A devoção tem como “referência os mistérios da vida oculta de Jesus, portanto, é cristocêntrica e tem seu fundamento na Sagrada Escritura”, continuou.
“É importante lembrar que os mistérios da vida oculta de Jesus fazem parte do Mistério da Encarnação e preparam o Mistério da Redenção”, acrescentou.
Para Ceriati, é por isso que são João Crisóstomo chama são José de “Ministro da Salvação”, título que é confirmado “na exortação apostólica Redemptoris custos do ano de 1989”.
“Esta devoção não é só um ato de adoração a são José, mas também destaca os mistérios da infância de Jesus, onde são José tem um papel de destaque ao lado da Virgem Maria”, acrescentou.
Finalmente, o padre Ceriani disse que essas meditações devem ajudar “a aprofundar o papel paternal de são José e sua total dedicação ao Mistério da Encarnação como guardião do Redentor e verdadeiro esposo de Maria”.
“Sua prática pode ser proposta às famílias que podem ver em Jesus, José e Maria o modelo para todas as famílias cristãs, concluiu.
Esta devoção contempla as seguintes alegrias e dores:
1. O mistério da encarnação e são José (Mateus 1, 18-25)
2. O nascimento de Jesus (Lucas 2, 1-20)
3. A circuncisão de Jesus (Lucas 2, 21)
4. A apresentação no templo e a profecia de Simeão (Lucas 2, 22-28)
5. A fuga e permanência no Egito (Mateus 2, 13-18)
6. A volta do Egito e a volta a Nazaré (Mateus 2, 19-23)
7. Jesus encontrado no templo entre os doutores (Lucas 2, 41-50)