“Seritinga é a cidade mais junina do Sul de Minas!”, diz o padre da cidade
Letícia Dias /A12
O município de Seritinga, no Estado de Minas Gerais, pertence à Diocese de Campanha (MG) e fica entre Caxambu e Juiz de Fora. A cidade se desenvolveu no século XX, a partir da instalação de uma ferrovia que ligava os municípios de Aiuruoca a Liberdade.
Hoje, não existe mais a ferrovia. No entanto, a antiga estação se tornou ponto turístico e histórico de Seritinga. Apesar disso, o que chama atenção para a cidade são as 3 igrejas dedicadas aos “Santos Juninos”: Santo Antônio, celebrado no dia 13, São João Batista, dia 24 e São Pedro, no dia 29.
O A12 conversou com o Padre Elberson de Andrade, conhecido como “Taquinho”, pároco da Paróquia São João Batista, em Seritinga, que explicou sobre o contexto religioso e as tradições juninas na cidade.
Confira!
1 – O senhor poderia comentar sobre a escolha de São João Batista, celebrado no próximo dia 24, como padroeiro da matriz e da cidade?
Antes de 1904, já havia em Bueno Brandão (antigo nome – hoje Seritinga) uma vivência forte da fé. Havia até uma capelinha de pau-a-pique de devoção à Senhora Sant’Ana.
Em 1924, sem essa capela de Sant’Ana e com o sumiço da Imagem foi erguida uma outra capela para abrigar a Imagem de São João Batista, trazida da Itália pelo Sr. Nicola Bianco e de sua devoção particular. E a partir daí a devoção a São João Batista foi só crescendo, passando essa devoção de pai para filho e foi ganhando também fora do território outros devotos.
Hoje, o que se vê é uma devoção linda, um amor enorme pelo Padroeiro. Tanto é que as manifestações de carinho são gigantescas. Uma devoção pessoal passou a encantar a todos e podemos dizer que essa devoção não é mais de uma pessoa ou uma família, mas de todos.
2 – Conte-nos, por favor, os motivos pelos quais outros Santos Juninos são padroeiros de duas comunidades na cidade.
Havia também pelos anos 90 uma devoção de algumas famílias a São Pedro. E sempre na noite de São Pedro faziam Fogueira e o homenageavam.
Em 2005 resolveram, juntamente com o Padre Dehon Vicente, construir uma Igreja num formato de barco. Ela é linda! Acredito que seja única do Brasil ou do mundo nesse formato. Assim, São Pedro passou a ser o padroeiro do bairro Cruzeiro. Vale a pena conhecer!
Em 2020, chegando em Seritinga, comecei a celebrar nos bairros. E fui celebrar no bairro Alvorada, que é um bairro grande. Depois de algumas missas me perguntei: qual Santo ou Santa vamos colocar aqui no bairro como patrono(a)?
Aí me disseram que já havia um Padroeiro, era Santo Antônio, que inclusive havia até um terreno doado pelo sr. Manoel Luiz de Castro, famoso Sr. Luizinho. E, de fato, já temos mesmo o terreno e começamos a comunidade, que já realizou duas festas em honra do padroeiro. Por isso, dizermos que Seritinga é a cidade mais junina do Sul de Minas.
Temos Missa, procissão, leilão, forró, barraca. São festas bem animadas e divertidas.
3 – Qual a opinião do senhor acerca das tradições juninas?
As tradições religiosas, festas populares, devem ser mantidas, cuidadas espiritualizadas e preservadas. Nos tempos atuais isso está acabando e, muitas vezes, porque nós permitimos.
A Igreja tem que orientar, catequizar e mostrar a fé que existe por trás dessas festas. Quer um exemplo? Santo Antônio. Só se fala que ele era casamenteiro. Ele é muito mais. São Pedro só se vê como o porteiro do céu. Ele [também] é muito mais!
Aqui em Seritinga tenho feito de tudo para celebrar, trazer essa fé dos antepassados. O contexto religioso é muito bom, o povo reza! As tradições juninas aqui são bonitas e têm esse espírito religioso.
Tenho procurado mostrar que a Festa de São João Batista não se resume apenas no show do fim da noite do dia 24.