Freira de mais alto escalão da Santa Sé fala do papel das mulheres na Igreja

A freira franciscana, licenciada em Ciências Políticas, é secretária-geral do Governatorato da Cidade do Vaticano desde 2021, cargo que a torna a mulher de mais alto escalão na gestão da Santa Sé

Irmã Raffaella Petrini / Daniel Ibáñez (ACI Prensa)

Por Vatican News

A irmã Raffaella Petrini, mulher de mais alto escalão da Santa Sé, refletiu sobre o papel da mulher para o futuro da Igreja e sua contribuição devido aos seus dons inatos, entre eles o cuidado das pessoas.

A freira franciscana, licenciada em Ciências Políticas, é secretária-geral do Governatorato da Cidade do Vaticano desde 2021, cargo que a torna a mulher de mais alto escalão na gestão da Santa Sé.

Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, ela deu uma conferência na quarta-feira (8) na Universidade da Santa Cruz de Roma, onde falou sobre o papel da mulher para o futuro da Igreja.

Segundo Petrini, “as mulheres que ocupam altos cargos, dentro e fora da Igreja, são chamadas hoje a exercer sua liberdade para fazer as tarefas que o papa Francisco atribui a todo líder: cuidar dos frágeis e restaurar a dignidade da pessoa no centro de todas as decisões”.

Para a irmã Raffaella, o dilema da liderança propõe, segundo o filósofo polonês Zygmunt Bauman, “uma escolha fundamental que tanto o homem quanto a mulher devem fazer: a escolha entre competição ou solidariedade”.

Ao longo dos últimos pontificados, em particular com o papa Francisco, “às mulheres foi oferecida a oportunidade de expressar a liberdade de forma mais concreta”, disse Petrini.

Para compreendê-lo, a irmã Rafaella propôs “três dimensões” de orientação, a partir de sua experiência no Governatorato da Cidade do Vaticano.

Em primeiro lugar, falou da consciência da diversidade: “As mulheres não são melhores nem piores que os homens. Somos diferentes, e até complementares”.

“As mulheres representam, de fato, dons inatos legados à sua capacidade estrutural de cuidar do outro, unida à sua capacidade de realizar a maternidade, acolhendo a vida nova. Também à mudança e à transformação, à proteção da vulnerabilidade, ao sacrifício e à relação com a alteridade”, disse.

Segundo Petrini, graças à sua capacidade de cuidar das pessoas, as mulheres podem “dar uma contribuição essencial para promover um clima de serenidade e respeito mútuo”.

Para ela, a eficácia do funcionamento de qualquer sistema organizacional “não pode ser avaliada apenas com base no crescimento quantitativo e nos resultados, mas sobretudo em relação à virtude do seu desenvolvimento, o que implica a transformação da estrutura e a melhoria da qualidade de vida das pessoas”.

Ela falou da importância do sentido de comunidade dentro de qualquer instituição e “a consciência de uma fragilidade comum que exige apoio”.

A freira disse que deve ser promovida “a visão do trabalho vivido como uma vocação” e esclareceu que, embora o cuidado não seja algo exclusivo das mulheres, “é uma atitude alternativa que completa a orientação tradicionalmente masculina para a justiça”.

A irmã Petrini também disse que as mulheres podem dar uma grande contribuição, não só para melhorar a eficiência necessária em todas as organizações, mas também para alcançar a chamada “amizade social”.

Breve biografia

A irmã Raffaella Petrini nasceu em Roma em 15 de janeiro de 1969. Pertence à Congregação das Irmãs Franciscanas da Eucaristia (FSE). Ela estudou Ciências Políticas na Libera Università Internazionale degli Studi Guido Carli e fez o doutorado na Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino (o Angelicum), onde atualmente leciona.

Foi funcionária da Congregação para a Evangelização de 2005 a novembro de 2021, quando foi nomeada secretária-geral do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano.

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