Descobertas de um professor brasileiro podem revelar certa proximidade entre a obra de Leonardo da Vinci e um dos maiores tesouros da cristandade
Após revelar como seria o verdadeiro rosto da Virgem Maria a partir do Santo Sudário, o designer brasileiro e especialista em História e Arqueologia , Átila Soares da Costa Filho, revela um novo achado. Desta vez, o feito foi sobre a célebre “A Última Ceia”, de Leonardo da Vinci.
Segundo o pesquisador, o mural executado por Leonardo em 1498 para o refeitório da Igreja de Santa Maria delle Grazie (Milão), também poderá guardar um elemento oculto reafirmando uma proximidade entre o artista e o maior tesouro da cristandade de todos os tempos, o Santo Sudário – o tecido de linho que teria envolvido o corpo de Jesus após a morte e gravado sua imagem durante a ressurreição.
“Objetivamente falando, em minhas recentes pesquisas acadêmicas sobre “A Última Ceia”, pude identificar o grupo dos apóstolos com Jesus como a própria figura do Cristo morto – idêntica à do Santo Sudário. Ou seja, a Ceia é, na verdade, o próprio Sudário de Turim. Isto é algo completamente inédito e revolucionário a respeito de tudo que já se estudou ou analisou nesta que, com a “Mona Lisa”, vem a ser uma das duas obras de Arte mais famosas da História”, explica o designer.
O especialista ainda acrescenta: “O efeito visual fica mais evidente através de um embaçamento neste conjunto que une Jesus aos apóstolos, onde poderemos notar uma figura humanóide deitada sobre a mesa – exatamente nos mesmos moldes do homem estampado no Sudário.”
Razões para que o pesquisador defenda esta nova visão sobre a “A Última Ceia” não faltam. Segundo ele, “já existe a identificação do rosto do Sudário nesta mesma pintura, na coluna à esquerda, acima e entre as cabeças de São Bartolomeu e São Tiago, o Menor.”
O especialista – que é integrante do comitê científico na Mona Lisa Foundation (Zurique), da Fondazione Leonardo da Vinci (Milão) e do Comitê Nacional pela Valorização dos Bens Históricos, Culturais e Ambientais (Roma) – ainda defende que “este recurso talvez servisse para se indicar em qual lado da mesa estaria a cabeça do corpo ‘codificado’. Mais um fator é a suspeita de décadas sobre a toalha que cobre a mesa na pintura ser, na verdade, a Sagrada Mortalha. Esta é uma tese defendida pela arqueóloga e crítica de arte Yasmin von Hohenstaufen, assim como pelo recém-falecido médico e autor Gabriele Montera. Este último chegou a apresentar uma compatibilidade virtualmente precisa de dimensões entre o verdadeiro Sudário e a toalha sobre a mesa na obra-prima de Da Vinci”.
Corpo em repouso
Estranhando o fato de a toalha não apresentar nenhuma das marcas da Paixão, o pesquisador brasileiro deduziu que estas deveriam estar na composição, em algum outro lugar. E foi aí que se deu conta de que o corpo poderia, simplesmente, estar em repouso sobre a própria toalha/mortalha. E, se as desconfianças estiverem corretas, para Átila, nada mais coerente que o corpo espectral do Messias fazer parte e ser apresentado de maneira sutil e poética por sobre a própria mortalha. “A imagem fala por si: a formação dos personagens na ‘Última Ceia’ possui um nível de compatibilidade altíssimo com o que deva ter sido o corpo estampado no Sudário. Mesmo considerando que as reconstituições artístico-forenses tragam pequenas variações, entre si (principalmente nos pés), o aspecto geral permite indicar uma imensa similaridade com a icônica pintura de Da Vinci – o que sugere fortemente que, não só o artista tinha conhecimento da Síndone, como nutria grande interesse sobre a mesma”, afirma Átila.
Ele continua: “Em sendo, mesmo, algo intencional da parte de Leonardo, tal prática de ocultar referências em suas criações é um fato já bem considerado no meio acadêmico, sobretudo pelas palavras do próprio artista no ‘Tratado da Pintura’ (1632). Dizia ele: ‘Não deveríamos desprezar quem olha atentamente para as manchas da parede, os carvões no fogo, as nuvens, a correnteza da água ou coisas similares que, se bem considerados, proporcionarão encontrar criações extraordinárias a despertar o espírito do pintor para novas e diversas composições: de batalhas, de animais e homens, paisagens, demônios e outras coisas fantásticas.’”