“O homem e a mulher são chamados a acolher este dom e a corresponder livremente a ele com o dom recíproco de si” (Papa Francisco)
Por ACI Digital
“Na Igreja e no mundo existe uma grande necessidade de redescobrir o significado e o valor da união conjugal entre um homem e uma mulher, sobre a qual se funda a família”, disse o papa Francisco aos prelados auditores, oficiais, advogados e colaboradores do Tribunal da Rota Romana que recebeu em audiência hoje (27) no Vaticano.
“Pode-se dizer que toda a Igreja é uma grande família e, de modo muito especial, através da vida daqueles que constituem uma Igreja doméstica, recebe e transmite a luz de Cristo e do seu Evangelho no âmbito familiar”, disse Francisco. “O Evangelho da família remete ao desígnio divino da criação do homem”, expresso no Gênesis (2,24): “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá á sua mulher, e eles se tornarão uma só carne”. Segundo o papa, “ser uma só carne faz parte do desígnio divino da redenção”.
Para Francisco, , é preciso “não idealizar o matrimônio” que “segundo a Revelação cristã não é uma cerimônia nem um evento social, nem uma formalidade e nem mesmo um ideal abstrato: é uma realidade com a sua consistência precisa”.
“Como é possível que entre um homem e uma mulher se realize uma união tão cativante, uma união fiel e para sempre e da qual nasce uma nova família? Como isso é possível, diante das limitações e fragilidades dos seres humanos?”, perguntou o papa. “Devemos nos fazer estas perguntas e nos deixar surpreender pela realidade do matrimônio. Jesus nos dá uma resposta simples e ao mesmo tempo profunda: Que ninguém separe o que Deus uniu”.
Francisco afirmou que “os esposos dão vida à sua união, com livre consentimento, mas somente o Espírito Santo tem o poder de fazer de um homem e de uma mulher uma única existência”.
“Tudo isso nos leva a reconhecer que todo verdadeiro casamento, mesmo o não sacramental, é um dom de Deus aos esposos”, disse.
“O matrimônio é sempre um dom! A fidelidade conjugal repousa na fidelidade divina, a fecundidade conjugal se funda na fecundidade divina”, disse. “O homem e a mulher são chamados a acolher este dom e a corresponder livremente a ele com o dom recíproco de si”.
A visão cristã do casamento soa “utópica, pois parece ignorar a fragilidade humana”, disse o papa. “Tende a prevalecer a mentalidade segundo a qual o matrimônio dura enquanto houver amor”.
“Mas de que amor se trata? Também neste caso muitas vezes se desconhece o verdadeiro amor conjugal, reduzido a um nível sentimental ou a meras satisfações egoístas”, afirmou. “Ao contrário, o amor conjugal é inseparável do próprio matrimônio, no qual o amor humano, frágil e limitado, encontra o amor divino, sempre fiel e misericordioso”.
“Na economia cristã da salvação, o matrimônio é sobretudo o caminho principal para a santidade dos cônjuges, uma santidade vivida na vida cotidiana: este é um aspecto essencial do Evangelho da família”, disse o papa.