São Mário é considerado um santo da família, uma vez que a manteve unida sob a Fé mesmo diante da perseguição e da morte de todos os seus membros, algo que nos recorda a firmeza e coragem de toda uma família no Antigo Testamento (cf. 2Mc 7)
No século III, marcado por violentas perseguições do Império Romano aos católicos, Mário e sua esposa Marta, com os filhos Audífax e Ábaco, saíram da Pérsia em peregrinação a Roma, para visitar os túmulos de São Pedro e São Paulo.
Já nos arredores da cidade, encontraram o sacerdote Valentim, que cuidava de sepultar os corpos decapitados de cerca de 270 mártires da Fé. A família piedosamente se juntou a ele nesta obra de misericórdia. E neste trabalho foram todos descobertos e presos pelas autoridades romanas.
Instados a renegarem o Cristo e adorarem o imperador, negaram-se e foram portanto condenados à morte. Valentim foi condenado também por celebrar o matrimônio cristão, proibido pelas leis romanas. Mário e os dois filhos foram decapitados logo, na via Cornélia, e Valentim um mês depois, no mesmo lugar.
Marta, que ainda não havia sido batizada, foi levada para um poço 21 quilômetros fora dos muros da cidade, e afogada. Seus corpos foram encontradas por uma cristã que, como eles anteriormente, providenciou o sepultamento dos irmãos fiéis, neste caso no túmulo da sua própria família, num terreno da sua residência na mesma Via Cornélia. No local encontram-se ainda hoje as ruínas de uma Igreja, visitada pelos turistas. Os restos mortais dos mártires foram aí encontrados e posteriormente levados como relíquias de veneração para diferentes igrejas na Itália e na Alemanha.
Porém estes mártires ficaram conhecidos e populares no próprio século III, na Europa e em outros lugares, sua história sendo divulgada principalmente entre os católicos, muito em função de um Concílio realizado nos anos 268-270, quando Cláudio era imperador e a perseguição aos cristãos foi bastante reduzida. (Como curiosidade, o nome “Mário” tornou-se muito comum e largamente adotado a partir destes acontecimentos).
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão
São Mário é considerado um santo da família, uma vez que a manteve unida sob a Fé mesmo diante da perseguição e da morte de todos os seus membros, algo que nos recorda a firmeza e coragem de toda uma família no Antigo Testamento (cf. 2Mc 7). Sim, desde o princípio, Deus dispôs que a família vivesse e crescesse unida na Fé, e que seus membros se articulassem em conjunto no caminhar para Deus, sob a direção de um chefe – como o Corpo Místico de Cristo unido à Cabeça (cf. 1Cor 12,12-31), no qual muitos são os membros da família dos filhos de Deus, mas parte de um mesmo e só corpo que deve se mover em uníssono, em comunhão, para um mesmo fim.
Cada parte do Corpo é importante, tem a sua função própria, indispensável e única para o benefício do todo, que partilha dos sofrimentos e sucessos de cada um. São Mário não é “mais” santo do que os demais mártires da sua família (ou do que o sacerdote Valentim), mas é natural que seu nome represente a todos, como legítimo chefe segundo a disposição de Deus para o matrimônio (Gn 3,16) após o Pecado Original. Contudo, quem recebe um cargo de direção é quem mais deve servir, a exemplo de Cristo que se sacrificou pela Sua Igreja (Mc 10,42-45), por isso é admirável que São Mário tenha formado tão bem a sua família na obediência e fidelidade a Deus, dando também o exemplo do martírio para eles – e para nós. O sacerdote também é um pai – “padre” significa “pai” – e neste episódio São Valentim igualmente está incluído como exemplo da integração necessária entre o pastor e o rebanho.
Não parece ser simples acaso que, dentre todas as suas funções sacerdotais, a causa registrada da sua condenação, historicamente, fosse justamente a de celebrar o matrimônio como Sacramento, ou, a primeira forma de relacionamento que Deus quis para o ser humano, com Adão e Eva, no Paraíso… o destaque está também na família, unida, com membros que se apoiam, e que partilham mutuamente o ensino da Verdade de Cristo: tanto a família natural quanto a dos filhos de Deus precisa ter membros solidamente formados e participando da mesma vida, do mesmo alimento eucarístico, para que uns ajudando os outros cheguem todos à felicidade completa. O valor intrínseco, transcendental e infinito da família formada sob o matrimônio católico é tão fundamental que sobre ela, especificamente, estão voltados os esforços do mundanismo atual, que a quer destruir através de variadas ideologias de libertinagem, independência, autossuficiência (sob o nome de “liberdade”). Por isso devemos seguir o exemplo da Sagrada Família e dele dar testemunho, como forma concreta de fazer o bem.
Oração
Senhor, Pai Santo, que nos criastes por infinito amor e nos destes a dignidade de Vossos filhos, algo que nem aos anjos concedestes: pela intercessão de São Mário e companheiros mártires, dai-nos as graças necessárias para Vos sermos fiéis formando e apoiando uns aos outros, na Igreja doméstica da nossa família em comunhão com Vosso Corpo Místico, enterrando o pecado na vivência das virtudes, para que a nossa peregrinação em direção ao destino dos Apóstolos Vos seja agradável e obra de misericórdia para os irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
Fonte: A12