“A faixa sempre é vermelha, que remete ao martírio de São Sebastião, venerado por sua coragem em dar testemunho de sua fé em Cristo Jesus” (Fábio Ítalo, designer)
Por Carlos Moioli*
Como acontece todos os anos, desde 2010, no primeiro dia da Trezena do padroeiro da cidade e da Arquidiocese do Rio de Janeiro, 7 de janeiro, o arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, preside missa no Santuário Basílica de São Sebastião, na Tijuca.
A missa nesta igreja, por sua importância histórica, é considerada a celebração de abertura da Trezena de São Sebastião, que acontece de 7 a 19 de janeiro. A Paróquia de São Sebastião, na Tijuca, hoje basílica e santuário, administrada pelos frades capuchinhos, conserva relíquias das origens e da história da Cidade Maravilhosa, dando continuidade ao que fazia quando instalada no Morro do Castelo, e que teve seu desmonte em 1922. São elas, o corpo do fundador da cidade, Estácio de Sá, o marco da fundação da cidade e a imagem histórica de São Sebastião, do século XVI.
Nesta mesma celebração, acontece a troca da comenda da imagem peregrina de São Sebastião, que é uma cópia idêntica da histórica, feita a pedido de Dom Orani quando iniciou a Trezena para visitar durante 13 dias todos os cantos da cidade e a arquidiocese.
“A faixa é uma comenda e não uma estola como muitos pensam. São Sebastião não era diácono, mas sim, um leigo cristão, capitão militar, que fazia parte do Exército de Roma. A comenda é uma forma de carinho e agradecimento ao santo padroeiro da cidade e da arquidiocese. Não sabemos o motivo nem a data que começou, mas já era costume desde quando a Igreja de São Sebastião estava no Morro do Castelo. Ela é colocada na imagem em diagonal sobre o peito da esquerda para a direita”, disse o designer floral Fábio Ítalo.
“A faixa sempre é vermelha, que remete ao martírio de São Sebastião, venerado por sua coragem em dar testemunho de sua fé em Cristo Jesus. Em geral, levo um mês para prepará-la, usando elementos bíblicos e da vida do próprio padroeiro. Vou revezando, a cada ano, com cetim italiano ou veludo, aplicando fios dourados e pedrarias”, acrescentou o designer.
O paraense Fábio Ítalo, inspirado na avó ao optar pela profissão de decorador floral, também é responsável pela ornamentação do andor de São Sebastião, que sai em procissão na cidade no dia 20 de janeiro, e da berlinda de Nossa Senhora de Nazaré, que vem todos os anos de Belém do Pará em peregrinação ao Rio de Janeiro.
“No Rio de Janeiro, sou responsável pela ornamentação do andor de São Sebastião e de Nossa Senhora de Nazaré, tanto da imagem peregrina que vem de Belém, como da imagem da festa promovida tradicionalmente pelo Santuário de São Sebastião, na Tijuca. Em função da profissão, também trabalho com eventos na ornamentação de andores, berlindas e igrejas em todo o país, inclusive no Círio de Nazaré em Belém do Pará, e na confecção de mantos de imagens de Nossa Senhora”, disse.
Para o designer Fábio Ítalo, o Dia de São Sebastião – 20 de janeiro – é muito esperado e importante na sua vida, quando busca nas raízes de sua fé a ornamentação ideal do andor para a procissão. É uma forma de agradecer, por sua vida, família e trabalho, a intercessão que recebe do padroeiro da cidade que o acolheu, e pelo empenho do arcebispo metropolitano que impulsionou a devoção do santo mártir entre os cariocas.
“A Trezena e, depois a Festa de São Sebastião, são oportunidades que eu e todos os cariocas de nascimento e de coração têm para agradecer as bênçãos que recebemos do nosso padroeiro”, disse.
“Agradeço a iniciativa e a inspiração de Dom Orani que pela Trezena de São Sebastião aproximou o povo de Deus e as pessoas de boa vontade do Rio de Janeiro ao seu padroeiro. Com a Trezena, Dom Orani, incansavelmente, leva a imagem peregrina e missionária a todos os cantos da cidade e arquidiocese, convidando as pessoas para viver e dar testemunho de sua fé em Jesus Cristo”, evidenciou o decorador floral.
*Carlos Moioli é Diretor de Jornalismo da Arquidiocese do Rio de Janeiro.