O cardeal George Pell, prefeito emérito da Secretaria de Economia da Santa Sé, morreu ontem (10), em Roma, aos 81 anos
Por ACI Digital
O cardeal Pell foi internado em Roma para uma cirurgia de quadril marcada há algum tempo. Embora a operação tenha sido bem-sucedida, uma parada cardíaca teria sido o motivo da morte do cardeal. O cardeal Pell tinha problemas cardíacos e usava marca-passo desde 2010.
Em uma de suas últimas declarações públicas, entrevistado para o EWTN News In Depth em 2 de janeiro deste ano, o cardeal Pell falou sobre Bento XVI, lembrando dele como alguém “completamente contrário às caricaturas de seus inimigos, especialmente antes de ser eleito papa. As pessoas podiam ver como realmente era. Chamavam-no de rottweiler, Panzer Kardinal (cardeal de combate), e tudo isso era um absurdo”.
Na realidade, disse ele, Bento XVI era “tranquilo, amável e piedoso. Ele era um verdadeiro cavalheiro”. O cardeal Pell nasceu em Ballarat, sul da Austrália, em 8 de junho de 1941. Estudou na Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma e foi ordenado sacerdote em 16 de dezembro de 1966. São João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Melbourne, Austrália, em 30 de março de 1987. Nove anos depois, em 16 de julho de 1996, o papa o nomeou arcebispo daquela arquidiocese.
Em 26 de março de 2001, João Paulo II o nomeou arcebispo de Sydney e, em 21 de outubro de 2003, foi nomeado cardeal. Pell participou do conclave de 2005, no qual foi eleito o papa Bento XVI, e no de 2013, no qual foi eleito Francisco.
O papa Francisco incluiu-o no Conselho de Cardeais, que criou para reformar a Cúria romana, em 13 de abril de 2013, exatamente um mês após sua eleição como papa.
Sua luta contra as “irregularidades financeiras” na Santa Sé
Em 24 de fevereiro de 2014, o papa Francisco o nomeou prefeito da Secretaria de Economia da Santa Sé.
O cardeal Pell se comprometeu na luta para ordenar as finanças da Santa Sé e, em 2015, disse que isso fecharia a porta para “os incompetentes e canalhas”, pois “a próxima onda de ataques contra a Igreja poderia ocorrer devido a irregularidades financeiras”.
Prisão e absolvição
Em 2017, Pell decidiu enfrentar o julgamento por abuso sexual na Austrália. Ele foi condenado a seis anos de prisão em março de 2019, embora estivesse preso desde dezembro de 2018. Em janeiro de 2019, a Santa Sé informou que o cardeal Pell não era mais o prefeito da Secretaria de Economia.
Devido a irregularidades no primeiro, o cardeal foi julgado novamente e absolvido de todas as acusações. Ele foi libertado-o em abril de 2020. Durante o tempo em que ficou preso, Pell ficou em confinamento solitário, alegadamente para sua própria proteção. Como na solitária ele não podia ter acesso a vinho, o cardeal não pode rezar missa durante todo o tempo em que ficou preso.
Entrevistado pela CNA, a agência em inglês do grupo ACI, o cardeal disse que “a oração foi a grande fonte de minha fortaleza neste tempo, incluindo as orações dos outros. Estou incrivelmente agradecido a todos aqueles que rezaram por mim e me ajudaram durante este tempo desafiador”.
A defesa da fé e da Igreja
O cardeal Pell também foi um firme defensor do ensinamento da Igreja Católica e, mesmo na prisão, manifestou sua preocupação em 2019 com os preparativos do Sínodo da Amazônia: “Amazônico ou não amazônico, em todos os países, a Igreja não pode permitir nenhuma confusão, muito menos qualquer ensinamento contrário, que prejudique a Tradição Apostólica”.
Em 2021, fez um chamado aos bispos alemães, por causa do Caminho Sinodal Alemão, para defender os ensinamentos das escrituras. “Penso que há uma parcela da Igreja alemã que parece obstinada a caminhar na direção errada”, disse o cardeal em entrevista à EWTN.
“Com isso, quero dizer que é bastante claro que um cristianismo liberalizado, seja ele um catolicismo ou um protestantismo, no prazo de uma geração ou duas, mergulha num agnosticismo. … Se começarmos a adotar os procedimentos do mundo e a aprovar todo tipo de comportamento, ninguém vai se importar com mais nada”, disse.
Seu trabalho na área econômica da Santa Sé também lhe rendeu elogios do próprio papa Francisco, que disse em 2022 que “foi o gênio” que resgatou as finanças da Santa Sé.