De acordo com a tradição da Igreja ou da congregação, ao assumirem o chamado de Deus, homens e mulheres escolhem novos nomes em suas missões
Escrito por Redação A12
Nas Sagradas Escrituras, encontramos algo muito valioso: Deus troca o nome de uma pessoa por um motivo muito importante: a nova identidade corresponde à sua missão ou ministério.
Abrão, que foi chamado por Deus de Abraão, que significa “pai das nações”, ou seja, o Criador o faria não apenas pai de um único filho, mas sim de uma multidão.
Também no Antigo Testamento, Jacó, que significa “agarrar pelo calcanhar” ou “suplantar”, após lutar com um anjo, recebeu a confirmação. E ele disse: “Teu nome não será mais Jacó, e sim Israel, porque lutaste com Deus e venceste” (Gn 32,29)
Quando Simão confessou a Jesus: “Tu és o Messias, o Filho de Deus” (Mt 16,16) , o Senhor disse que, daquele momento em diante seu nome seria Pedro, mais tarde o significado disso ficou claro: “sobre esta Pedra construirei a minha Igreja”. (Mt 16,18)
Da mesma forma, alguns homens e mulheres, ao receberem o Sacramento para a vida sagrada, mudam o nome pelo qual são chamados.
Vida consagrada
“Nas situações onde um homem ou mulher decide fazer parte de uma congregação religiosa, essa pessoa vive algo mais íntimo ao Senhor, com uma vida totalmente dedicada a Deus. Na vida consagrada, os fiéis propõem‑se, sob a moção do Espírito Santo, seguir Cristo mais de perto, entregar‑se a Deus amado acima de todas as coisas e, procurando a perfeição da caridade ao serviço do Reino, ser na Igreja sinal e anúncio da glória do mundo que há de vir”, diz o Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 916.
A partir desse seguimento e dependendo das regras de cada Instituto, os vocacionados passam a ter um nome religioso, pois essas alterações acontecem como um marco do início de uma nova vida. É importante lembrar que a alteração no nome acontece apenas de forma simbólica, no registro civil o nome de batismo permanece inalterado.
Um dos exemplos são as Irmãs Carmelitas. Em sua congregação, o nome de consagração é escolhido com a ajuda das superioras no carmelo e revelado a sua comunidade na cerimônia de entrega do Santo Hábito, quando faz os votos. A partir desse dia, para a comunidade, vale a nova alcunha: sempre um “Maria” seguido por um nome santo.
Para a irmã Maria Clara, do Carmelo de Santa Teresinha do Menino Jesus em Aparecida (SP), em sua congregação a escolha pelo nome religioso é opcional.
“O nome religioso em nosso caso como carmelitas é uma questão de escolha, ou seja, posso mudar ou posso ficar com meu nome civil. Normalmente as Irmãs preferem mudar pois é como se desejasse uma vida nova a partir da vestição (quando se recebe o hábito religioso). A escolha do nome religioso aqui em nosso Carmelo é da irmã, optando por um nome que tem um significado especial em sua vida”, disse.
Frei Fernando Inácio Peixoto de Castro é franciscano e explica a razão desse processo. “No começo da nossa ordem se mudava de nome. Isso já é muito antigo, desde a época do século IV, na nossa era, os consagrados mudavam de nome assim que faziam seus votos e faziam o seu compromisso de consagração a Deus. Então, se recebia um novo nome. Significa que abandonou o homem velho e aderiu a um novo modo. E esse novo modo é o significado pela mudança do nome”, explicou.
Tradição para nomear os Papas
A escolha do novo nome por parte do Santo Padre pode estar motivada por vários aspectos, como, por exemplo, honrar algum dos seus antecessores, como no caso João Paulo II.
Até o ano 532, os Papas utilizavam seus nomes de batismo (Pedro, Lino, Anacleto…), mas quando Mercúrio foi eleito, e se tratava de um nome pagão, decidiu homenagem o antigo Papa João I, trocando o nome para João II.
A partir desse momento, muitos dos seus sucessores o imitaram e começaram a trocar o nome de Batismo pelo dos Apóstolos, mártires ou outros papas.
Até hoje, os nomes mais usados foram João (23 vezes), Gregório (16 vezes), Bento (16 vezes), Clemente (14 vezes), Inocêncio (13 vezes), Leão (13 vezes) e Pio (12 vezes).