Terceiro maior dedicado ao santo no mundo foi erguido graças à fé e obstinação de dois homens
Por Aleteia / Beatriz Camargo
Você sabia que o terceiro maior santuário de São Miguel no Brasil? Provavelmente irá responder que sim, pois já leu nosso artigo recentemente publicado.
Mas uma coisa que você talvez ainda não saiba é a incrível história de devoção que está por trás do projeto que culminou na criação do templo paranaense. Para poder contá-la é preciso retornar no tempo e conhecer a trajetória de dois homens – o empresário Leonir Palla e o Padre Roberto Morais de Medeiros – que nunca haviam se encontrado até o início de 2008.
Mas que, logo que se conheceram, descobriram que além de terem São Miguel Arcanjo como santo devoção, compartilhavam de um mesmo propósito de vida: construir um templo dedicado ao santo.
Sonhos que revelam uma devoção
É preciso voltar no tempo para entender como São Miguel Arcanjo tocou nos corações de Léo – como Leonir é carinhosamente conhecido – e Pe. Roberto. Essa história começa no interior de Santa Catarina. Filho de uma família muito simples, Léo aos 11 anos ingressou no seminário franciscano.
Em seguida, completou o segundo grau em Agudos, no interior de São Paulo, regressando para seu estado de origem para fazer o noviciado. Enquanto fazia o curso de Filosofia, o jovem decidiu deixar o seminário pois percebeu que aquela não era sua vocação. E foi em meio a esse momento de decisão que Léo teve o que podemos chamar de “revelação”.
Em seus últimos dias no seminário, Léo sonhou por três noites consecutivas – e sempre no mesmo horário: às 3 da madrugada – que seria o responsável pela construção de uma igreja. No sonho, ele escavava a terra com uma picareta e, repentinamente, se deparou com algo que parecia ser uma grande coluna, que o impedia de seguir adiante.
Foi então que ele ouviu uma voz anunciando que ele seria responsável por construir um grande templo. E tempos depois, quando se mudou para Bandeirantes, no Paraná, já no começo da década de 1990, o sonho ainda permanecia vivido em sua cabeça.
Quase 20 depois, Léo visitou a França e enquanto visitava uma paróquia, se deparou com uma relíquia identificada como um pedaço de véu de Maria, que ela usara justamente no momento em que o arcanjo Gabriel anunciara que ela seria a mãe de Jesus.
Ele chegou a duvidar da autenticidade do véu, mas em outro sonho uma voz confirmou que o véu era verdadeiro, e que, muito em breve, receberia outra mensagem, desta vez com uma ordem que deveria ser obedecida.
Sem conhecer previamente o roteiro da viagem, Léo teve uma nova surpresa no dia seguinte: o grupo com o qual viajava viajou até a ilha onde está o Monte Saint-Michel.
E foi neste momento da viagem que ele entendeu qual seria a ordem que, segundo seu sonho, ele deveria obedecer: quando retornasse ao Brasil, teria de iniciar a construção de um santuário em homenagem a São Miguel Arcanjo.
Um chamado para o sacerdócio
Assim como Léo, Pe. Roberto também encontrou seu santo de devoção na juventude. De Ibaiti, no Norte Pioneiro do Paraná, ele encontrou sua vocação religiosa em meio a uma grande perda: a morte de sua querida mãe, dona Gerúzia, falecida em 1992.
Na época com 25 anos, Roberto buscou no grupo de oração da Renovação Carismática Católica de sua comunidade uma maneira de lidar com o vazia que sentia pelo luto. Não demorou muito para ele sentir que estava sendo chamado para uma missão na igreja, algo percebido tanto pelo padre como também por todos que conviviam com ele no grupo paroquial.
E, na mesma época em que Roberto se decidiu pelo sacerdócio, ingressando no seminário, descobriu também sua devoção por São Miguel Arcanjo. Após der ordenado, aos 32 anos, ele serviu primeiro como diácono e depois como sacerdote na cidade de Andirá. Anos depois foi transferido para sua cidade natal, Ibaiti, e, posteriormente, assumiu a Paróquia São Geraldo Majela, em Bandeirantes (PR).
Durante seus primeiros no sacerdócio, a devoção por São Miguel foi se tomando cada vez mais forte e, um dia, ele resolveu que passaria a celebrar uma missa em homenagem ao anjo toda quinta-feira. Ele não imaginava que, com tal decisão, encontraria centenas de devotos de São Miguel Arcanjo.
Com o passar do tempo, o número de fiéis que frequentavam as missas só aumentava e ele teve de transferi-la para um barracão maior a fim acolher moradores que vinham de várias cidades da região.
Fé, devoção e um propósito compartilhado
A primeira vez que Léo e Pe. Roberto se encontraram foi no começo de 2009. Ambos participavam de um jantar na sede de um asilo. Na época o padre já comentava sobre a grande necessidade de se construir uma igreja dedicada a São Miguel Arcanjo na cidade. E foi neste evento que irmã Sueli, que fazia parte do asilo, o apresentou a Léo e ambos descobriram que partilhavam da devoção pelo mesmo anjo.
Dias depois, durante a celebração de uma missa no barracão – que estava completamente lotado, inclusive com fiéis do lado de fora – Pe. Roberto expressou mais uma vez seu desejo de construir uma igreja dedicada a São Miguel Arcanjo. Na ocasião ele apontou o lugar que considerava como ideal: uma grande área no alto de um monte próximo ao trevo de saída para Cornélio Procópio. E foi assim que Léo, que acompanhava a missa, descobriu que tinha no Padre um parceiro para sua missão.
Logo no dia seguinte ele o procurou e contou a respeito de seus sonhos que tivera há exato 25 anos e, também, das mensagens que recebera de Nossa Senhora.
Um monte abençoado
Por coincidência, Léo encontrou meses depois os proprietários do terreno que Pe. Roberto havia apontado como lugar ideal, e comentou sobre sua intenção em adquirir o lote. O negócio se concluiu rapidamente. Dom Fernando José Penteado, bispo de Jacarezinho na época, chegou a considerar o projeto como “muito grandioso”, mas autorizou o projeto.
As obras foram iniciadas em agosto daquele mesmo ano. E, com o templo ainda em construção, Pe. Roberto ali já celebrava as primeiras missas de cura e libertação, as mesmas que até hoje são celebradas no Santuário de São Miguel Arcanjo todo dia 29 de cada mês. Três anos depois, em 15 de setembro de 2012, duas semanas antes da inauguração do santuário, a imagem de São Miguel Arcanjo, totalmente construída em aço inox, foi colocada no alto do prédio ao lado do templo.
E desde então, o local recebe mensalmente cerca de 40 mil visitantes vindos de todas as partes do país. E todo dia 29, data dedicada ao arcanjo, cerca de 10 mil pessoas comparecem a celebração.
Com informações da Revista do Santuário de São Miguel Arcanjo (ed. 01 – janeiro/2013).