Santo Antônio, o antônimo do que muitos imaginam

Ele não é “apenas” o santo casamenteiro; sua vida é um testemunho latente de discipulado de Cristo por meio da pregação

Aleteia

Santo Antônio ficou conhecido como o santo que ajuda mulheres a encontrarem um marido, por conta da ajuda que dava às moças humildes para conseguirem um dote e o enxoval do casamento. Por conta disto, é muito conhecido como santo casamenteiro. Mas, esta foi sua principal missão? Não!

A missionariedade de Antônio vai muito mais além. Sua vida é um testemunho latente de discipulado de Cristo por meio da pregação.

Junto a São José, Fernando Antônio de Bulhões (nome de nascimento) é o santo que possui mais devotos no mundo. Embora sua vida religiosa tenha começado com os Agostinianos, deixou a congregação para vestir a túnica grossa e marrom dos Franciscanos. Ao saber do martírio de cinco franciscanos mortos por causa da fé cristã no Marrocos, decidiu transformar a sua vida.

Deixou sua terra e embarcou numa viagem. Primeiro foi para Marrocos, determinado a viver corajosamente o Evangelho nos passos dos mártires franciscanos ali martirizados. Depois, desembarcou na Sicília, após um naufrágio na zona costeira da Itália, “como acontece hoje com tantos dos nossos irmãos e irmãs”, como lembrou Papa Francisco. Após a Sicília, o desígnio providencial de Deus levou Antônio ao encontro com Francisco de Assis e finalmente a Pádua, cidade que estará sempre ligada, de maneira especial, ao seu nome e que guarda o seu corpo.

De trabalhador da cozinha a doutor da Igreja

Na sua simplicidade, trabalhou na cozinha antes de se tornar o grande pregador e doutor da Igreja.  Foi para o norte da Itália, onde ficou mais conhecido. Inicialmente, distribuindo pão aos pobres ao ponto de, certa vez, deixar os frades em apuros, pois havia distribuído o único pão que restava para comer. Nesta ocasião, vendo o Frei cozinheiro aflito, Frei Antônio pede para dar novamente uma olhadinha nas cestas de pães da cozinha. Milagrosamente, as cestas estavam cheias de pães que serviram para alimentar aos frades e aos pobres. Este, o pão dos pobres, é um dos primeiros milagres atribuídos a Santo Antônio.

Papa Francisco, em uma carta aos Frades Menores Conventuais, por ocasião dos 800 anos da vocação franciscana, destaca que “desperte, especialmente nos religiosos e devotos franciscanos de Santo Antônio, espalhados pelo mundo, o desejo de experimentar a mesma santa inquietação que o levou pelas estradas do mundo a testemunhar, com palavras e obras, o amor de Deus”.

Para o Pontífice, o exemplo da partilha de Antônio “com as dificuldades das famílias, os pobres e desfavorecidos, assim como sua paixão pela verdade e justiça, ainda hoje pode suscitar um generoso compromisso de doação, em sinal de fraternidade”. O pensamento do Santo Padre vai, sobretudo, para os jovens, para que “este antigo santo, mas tão moderno e engenhoso em suas intuições, possa ser (…) um modelo a ser seguido para que o caminho de todos seja frutuoso”.

“Eu vejo meu Senhor”

Com a sua carta, Francisco nos convida a repetir com Santo Antônio: “Eu vejo meu Senhor”. E acrescenta que “é necessário ‘ver o Senhor’ no rosto de cada irmão e irmã, oferecendo a todos, consolação, esperança e a possibilidade de encontrar a Palavra de Deus e sobre a qual ancorar a própria vida”.

O Papa Emérito Bento XVI, citando um pequeno trecho de um dos sermões de Santo Antônio disse: “A caridade é a alma da fé, torna-a viva; sem amor, a fé morre (…) Somente uma alma que ora pode progredir na vida espiritual: este é o objeto privilegiado da pregação de Santo Antônio.” (Sermones Dominicales et Festivi II, Messaggero, Padova 1979).

O santo de Pádua conhece bem os defeitos da natureza humana, nossa tendência a cair em pecado e, por isso, ele, continuamente, nos incita a lutar contra a inclinação a ganância, o orgulho, a impureza e praticar as virtudes da pobreza, generosidade, humildade, obediência, castidade e pureza.

No início do século XIII, no contexto do renascimento das cidades e do florescimento do comércio, cresceu o número de pessoas insensíveis às necessidades dos pobres. Por esta razão, o santo Frade convida repetidamente os fiéis a pensar na verdadeira riqueza, a do coração que, ao fazer-se bom e misericordioso, acumula tesouros para o céu. “Ó povo rico – ele exorta – faz amigos… os pobres. Acolha-os em seus lares: eles serão os pobres, para recebê-lo nos tabernáculos eternos, onde há a beleza da paz, a confiança da segurança e a opulenta quietude da saciedade eterna”.

“Antônio, na escola de Francisco, sempre coloca Cristo no centro da vida e do pensamento, da ação e da pregação” (Papa Bento XVI). Ele contempla de bom grado e convida a contemplar os mistérios da humanidade do Senhor o Homem Jesus, de um modo particular, no mistério da Natividade, quando Deus se fez criança, entregou em nossas mãos um mistério que desperta sentimentos de amor e gratidão para com a bondade Divina.

“A fé se compara ao peixe”

Assim, Antônio nos exorta: “A fé se compara ao peixe. Assim como o peixe é batido pelas frequentes ondas do mar, sem que morra com isso, também a fé não se quebra com as adversidades”. A radicalidade como ele viveu sua fé lhe conferiu autoridade sacerdotal com muita propriedade. Defendeu os princípios bíblicos com muita convicção, por muita obediência a Deus e ao Evangelho. Sua caridade foi autêntica. Não passou a mão na cabeça de ninguém. Corrigiu o pecador com severidade e fidelidade evangélica. Não teve medo de indispor-se com ninguém em defesa dos valores cristãos. Como falta no mundo de hoje pessoas com este perfil… Sejamos, desta forma, Antônios, em resposta ao convite de Padre Gabriel em recente artigo publicado no Aleteia: “somos chamados a conservar o que restou de fé – e que já está se acabando”.

Venha conhecer ainda melhor o exemplo deste grande santo! Clique aqui e reze conosco a novena de Santo Antônio na Rede Social de Oração Hozana.

Wellington de Almeida Alkmin, pelo Hozana

Artigo anteriorCorpo do beato Carlo Acutis será exposto permanentemente em Assis
Próximo artigoOito chaves para compreender Pentecostes