Alguns governos estão tentando forçar juridicamente os padres a romperem o segredo da confissão
Francisco Vêneto / Aleteia
O Papa Francisco defendeu o sigilo confessional e reforçou que “a confissão é secreta do começo ao fim”. Ele recebeu em audiência, na manhã do último dia 25, os participantes da 32ª edição do curso do Tribunal da Penitenciaria Apostólica sobre o Foro Interno no Sacramento da Confissão, com 800 participantes.
Francisco registrou sobre o sigilo confessional:
“Hoje em dia, uma mentalidade generalizada tem dificuldade de entender a dimensão sobrenatural [da confissão sacramental] ou até mesmo quer negá-la”.
De fato, governos laicistas de alguns países vêm tentando forçar juridicamente os padres católicos a romperem o segredo da confissão, sob a alegação de que o sigilo confessional seria uma forma de acobertar crimes como os abusos sexuais.
A relação entre uma coisa e a outra é ilógica porque não há qualquer relação de causalidade entre elas, de modo que esse ataque à liberdade de crença seria em si mesmo um abuso adicional e não uma solução de combate aos abusos por parte de pessoas que se dizem católicas.
O Papa Francisco reafirmou, em defesa do sigilo confessional:
“O diálogo confessional está vinculado pelo sigilo: é secreto do começo ao fim. E o diálogo de acompanhamento espiritual é reservado, embora de forma diferente”.
Francisco também recomendou que os participantes do curso leiam atentamente a “Nota sobre o foro interno e a inviolabilidade do sigilo sacramental”, publicada em 2019: segundo o Papa, esse documento ajuda a “redescobrir o quanto é precioso e necessário o ministério da Reconciliação”.
O “direito humano” ao perdão
O pontífice enfatizou que “o perdão é um direito humano” no seguinte sentido:
“Deus, no Mistério Pascal de Cristo, o deu total e irreversivelmente a toda pessoa disposta a aceitá-lo, com um coração humilde e arrependido. Ao oferecer generosamente o perdão de Deus, nós, confessores, colaboramos na cura dos homens e do mundo. Cooperamos na realização desse amor e paz pelos quais todo coração humano anseia tão intensamente; contribuímos, se me permitem dizer, para uma ‘ecologia’ espiritual do mundo”.
O Papa encerrou o encontro com algumas recomendações aos confessores:
“Vão de boa vontade ao confessionário; acolham, escutem, acompanhem, sabendo que todos, mas realmente todos, precisam de perdão, isto é, sentir-se amados como filhos de Deus Pai. As palavras que dizemos: ‘Eu te absolvo dos teus pecados’ também significam ‘tu, irmão, irmã, és precioso, precioso para Deus; é bom te ter conosco’. E este é um remédio muito poderoso para a alma e também para a psique de todos”.
Com informações de Vatican News