Agnóstico e ganhador do Prêmio Nobel de Medicina, Luc Montagnier considerava que havia algo inexplicável pela ciência nos milagres ocorridos em Lourdes
Por Aleteia
Omédico Luc Montagnier faleceu aos 89 anos de idade no dia 10 de fevereiro de 2022, véspera da festa de Nossa Senhora de Lourdes.
O virologista francês tornou-se conhecido por conseguir isolar o HIV, vírus que causa a AIDS. Em 2008, juntamente com a pesquisadora Françoise Barré-Sinoussi, Luc Montagnier recebeu Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta.
Recentemente, o cientista vinha sendo criticado por suas declarações contra as vacinas, inclusive a da Covid-19.
Os milagres de Lourdes
Ex-diretor do Instituto Pasteur, Luc Montagnier expôs sua opinião sobre os milagres de Lourdes no livro Le Nobel et le Moine, em que dialoga com o monge cisterciense Michel Niassaut. A esse respeito, ele afirma:
“Não há por que negar nada”.
Em dado momento, as conversas abordaram as curas sem explicação ocorridas em Lourdes e se perguntou o que opinaria um não-crente premiado com o Nobel. Luc Montagnier respondeu:
“Quando um fenômeno é inexplicável, se ele realmente existe não há necessidade de negar nada”.
Afinal, se o fenômeno existe, qual é o sentido de negá-lo? O que vem ao caso é estudá-lo, não fingir que não existe. E, por isso, o Nobel de Medicina, ao afirmar que “nos milagres de Lourdes há algo inexplicável”, repreende a postura de alguns colegas, observando que “muitos cientistas cometem o erro de rejeitar o que não entendem. Não gosto dessa atitude. Frequentemente cito a frase do astrofísico Carl Sagan: ‘A ausência de prova não é prova de ausência’”.
“Algo inexplicável”
Montagnier prossegue:
“Quanto aos milagres de Lourdes que eu estudei, creio que realmente se trata de algo inexplicável (…) Não consigo entender esses milagres, mas reconheço que há curas que não estão previstas no estado atual da ciência”.
Embora tenha sido agnóstico, Montagnier revelou uma grande estima pela Igreja. Ele, inclusive, se ofereceu para ajudar a combater o mal de Parkinson de que sofria o Papa São João Paulo II. Também considerava que o planeta ganharia muito se os valores cristãos prevalecessem no mundo. “Existem 2 bilhões de cristãos, dos quais 1,1 bilhão é católico. Seus bons sentimentos se fazem presentes, mas não governam a humanidade. E seria ótimo se o amor ao próximo guiasse o mundo”, afirmou o médico.