“Laudato si’”: “Louvado sejas”

“Laudato si’”: Papa Francisco convida a uma conversão ecológica

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro | Foto: Carlos Moioli 

A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro reuniu seus representantes e especialistas em meio ambiente na apresentação da nova encíclica do Papa Francisco, nesta quinta-feira, 18 de junho. “Laudato si, sobre o cuidado da nossa casa comum” é a primeira encíclica escrita exclusivamente pelo Papa Francisco, pois a primeira “Lumen Fidei” (“Luz da Fé”), havia sido preparada por Bento XVI, antes de renunciar em 2013, e redigida a quatro mãos.

Coletiva_Enciclica_03_18062015142330

“Laudato si” faz referência a “Louvado sejas”, palavras contidas na abertura do Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis. Não é em latim, como costume, mas num italiano antigo. Disponível em italiano, francês, inglês, alemão, espanhol e português, o documento aborda as questões do cuidado com a criação, a ecologia humana e a proteção do meio ambiente.

Ao longo de 192 páginas, Papa Francisco convida a uma conversão ecológica. “Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer?”. Este é o ponto central da encíclica. “Esta pergunta não toca apenas o meio ambiente de maneira isolada, porque não se pode pôr a questão de forma fragmentária. E isso conduz a interrogar-se sobre o sentido da existência e sobre os valores que estão na base da vida social: Para que viemos a esta vida? Para que trabalhamos e lutamos? Que necessidade tem de nós esta terra? Se não pulsa nelas esta pergunta de fundo. Não creio que as nossas preocupações ecológicas possam surtir efeitos importantes”.

Papa Francisco reconhece que se nota uma crescente sensibilidade relativamente ao meio ambiente e ao cuidado da natureza, e cresce uma sincera e sentida preocupação pelo que está a acontecer ao nosso planeta legitimando um olhar de esperança que permeia toda a Encíclica e envia a todos uma mensagem clara e repleta de esperança: “A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum”.

A encíclica se desenvolve em seis capítulos. Passa-se de uma análise da situação a partir das melhores aquisições científicas hoje disponíveis ao confronto com a Bíblia e a tradição judaico-cristã, identificando a raiz dos problemas na tecnocracia e num excessivo fechamento autorreferencial do ser humano. A proposta da Encíclica é a de uma “ecologia integral, que inclua claramente as dimensões humanas e sociais”, indissoluvelmente ligadas com a questão ambiental. Nesta perspectiva, o Papa Francisco propõe empreender em todos os níveis da vida social, econômica e política um diálogo honesto, que estruture processos de decisão transparentes, e recorda que nenhum projeto pode ser eficaz se não for animado por uma consciência formada e responsável, sugerindo ideias para crescer nesta direção em nível educativo, espiritual, eclesial, político e teológico. O texto se conclui com duas orações, uma oferecida à partilha com todos os que acreditam num Deus Criador e Pai, e outra proposta aos que professam a fé em Jesus Cristo, ritmada pelo refrão Laudato si, com o qual a encíclica se abre e se conclui.

O texto é atravessado por alguns eixos temáticos, analisados por uma variedade de perspectivas diferentes, que lhe conferem uma forte unidade: a relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta, a convicção de que tudo está estreitamente interligado no mundo, a crítica do novo paradigma e das formas de poder que derivam da tecnologia, o convite a procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso, o valor próprio de cada criatura, o sentido humano da ecologia, a necessidade de debates sinceros e honestos, a grave responsabilidade da política internacional e local, a cultura do descarte e a proposta de um novo estilo de vida.

Artigo anteriorParóquias integrantes do Vicariato Norte
Próximo artigoPesquisa aponta confiabilidade da Igreja Católica