“O Catequista é simultaneamente testemunha da fé, mestre e mistagogo, acompanhante e pedagogo que instrui em nome da Igreja”
Por Natalia Zimbrão / ACI Digital
Uma vida dedicada à catequese e, agora, veem com alegria o Papa Francisco instituir o ministério de catequista. Assim se sentem Maria Erivan Ferreira da Silva, catequista há mais de 35 anos, Ilza Vidal de Pádua Costa, que há 43 anos serve à Igreja por meio da catequese, e Maria Aparecida Gomes Alves, há 35 anos como catequista.
Para essas as catequistas, a publicação nesta terça-feira, 11, do Motu proprio “Antiquum ministerium” com o qual Francisco institui o ministério de catequista traz não apenas a oficialização deste serviço prestado à Igreja, mas também reforça a responsabilidade dessa missão.
“Recebo com muita alegria e com muita humildade essa notícia da instituição do ministério do catequista. Só vem consolidar cada vez mais a missão dos nossos catequistas em todo o Brasil”, disse Maria Erivan, assessora da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética do Regional Nordeste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que engloba as dioceses do estado do Ceará. “Para nós, um dos grandes desafios é a qualificação, a formação dos catequistas e a sua permanência na missão”, comentou.
Para ela, a instituição do ministério de catequista “vem consolidar aquilo que já realizamos há tantos anos com fé, energia e esperança”. “É mais um grande desafio que nos será apresentado, pois a quem muito foi dado, muito será cobrado. Então, será cobrado ainda mais de nós para que vivamos esse testemunho de educadores da fé em nossas comunidades”, sublinhou.
Ilza Vidal, coordenadora da Catequese do Regional Noroeste da CNBB (composto pelas dioceses do Acre, sul do Amazonas e Rondônia), sublinhou que este ministério não vai “trazer nenhum status para a catequese”, pois o catequista deve ser “consciente de sua missão”.
“Com a instituição do ministério do catequista, nós nos sentimos cada vez mais compromissados com a responsabilidade maior diante da nossa missão da transmissão e aprofundamento na fé de nossas crianças, jovens e adultos”, diz Maria Aparecida, coordenadora diocesana de catequese em Juína (MT).
Também o motu proprio “Antiquum ministerium” ressalta essa missão, ao afirma que “o Catequista é chamado, antes de mais nada, a exprimir a sua competência no serviço pastoral da transmissão da fé que se desenvolve nas suas diferentes etapas: desde o primeiro anúncio que introduz no querigma, passando pela instrução que torna conscientes da vida nova em Cristo e prepara de modo particular para os sacramentos da iniciação cristã, até à formação permanente”.
“O Catequista é simultaneamente testemunha da fé, mestre e mistagogo, acompanhante e pedagogo que instrui em nome da Igreja. Uma identidade que só mediante a oração, o estudo e a participação direta na vida da comunidade é que se pode desenvolver com coerência e responsabilidade”, acrescenta o documento.
Chamados a servir à Igreja
Com seus mais de 30 anos dedicados à catequese e, mesmo sendo provenientes de diferentes regiões do Brasil, Ilza, Maria Erivan e Maria Aparecida têm em comum o fato de terem sentido desde jovens o forte desejo de servir às suas comunidades por meio da catequese e testemunharam suas experiências à ACI Digital.
Ilza Vidal, de Ji-Paraná (RO), começou a atuar como catequista aos 17 anos, quando ainda morava em uma pequena comunidade rural na cidade de Itaguaí (RJ) e se sentiu “chamada a contribuir, tendo em vista a necessidade daquela comunidade”.
“Tínhamos a presença do padre a cada dois meses. Mesmo assim, eu e meus primos formamos um grupo de jovens e cuidávamos da catequese e da liturgia”, recordou. Além disso, reuniam as pessoas para as celebrações de domingo, realizavam visitas às casas para orações e alfabetizavam adultos.
Nestes anos de catequese, muitas histórias a marcaram. Um desses momentos que recordou foi quando, em uma Missa, uma senhora se aproximou e a abraçou. “Ela começou a falar em meu ouvido e, chorando, me agradeceu por tudo o que eu havia feito pelo filho dela. Eu nunca soube o que fiz de específico para aquele menino”, disse e ressaltou que “o que importa é que o filho daquela mulher encontrou forças para superar suas dificuldades através da convivência com a turma de catequese na comunidade”.
“Essas marcas vão fortalecendo nossa caminhada pessoal de discípulos-missionários, deixando claro como a missão da catequese é importante na vida das pessoas”, destacou.
A instituição do ministério de catequista “vem consolidar aquilo que já realizamos há tantos anos com fé, energia e esperança”
Maria Erivan é catequista desde os 14 anos e atualmente presta esse serviço na cidade de Horizonte (CE), Arquidiocese de Fortaleza. “Decidi ser catequista de forma muito especial. Eu morava no interior do Ceará, no sertão. Quando cheguei a Horizonte, comecei a ir à capela de São João Batista e lá, vendo os grupos de jovens, aquilo despertou em mim o desejo de conhecer melhor aquele ardor no coração”.
Aos 12 anos, passou a frequentar o grupo de jovens e, após ser crismada, começou a servir na pré-catequese. Depois, passou pela catequese de preparação de crianças e adolescentes para a Eucaristia, para a Crisma, catequese de adultos e, por último, a formação dos catequistas.
Atualmente, como assessora da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética do Regional Nordeste 1, visita as dioceses, acompanha os catequistas e promove formações. “Ser catequista é estar a serviço da Igreja, a serviço do Reino, a serviço da evangelização”, disse. “Eu não me canso, não meço esforços para ir ao encontro dos catequistas, dos catequizandos, dos pais; onde eu puder ir, estando com saúde, eu vou, às vezes pego três, quatro transportes para poder chegar a determinada paróquia, mas vou, sempre com muita alegria, sempre disponível a servir”.
Maria Aparecida contou à ACI Digital que, quando estava fazendo a catequese para ser crismada, aos 14 anos, em Tangará da Serra (MT), os catequistas apresentaram aos catequizandos as pastorais, para que pudessem se identificar e colaborar com alguma delas. Ela, então, passou a auxiliar outra catequista. “Sempre senti algo diferente, que me tocava em relação à catequese”, disse, ressaltando que, “desse período para cá, nunca deixei a catequese”.
“Algo que me marcou em todo esse período é o empenho, a dedicação e o amor pela catequese de muitos catequistas”, observou Maria Aparecida, destacando os momentos em que “vamos para nossas comunidades no interior, que é bem distante da cidade, e vemos o fervor, a sede de aprender, de querer saber mais”. Para ela, “a garra de cada catequista é algo que marca muito”.
E a recompensa dessa missão é “ter a possibilidade de fazer com que as pessoas se apaixonem por Jesus Cristo, façam este processo de amadurecimento da sua fé”, completou.