A família é a igreja doméstica e a casa é o lugar por excelência para o encontro com o Senhor Ressuscitado e com os irmãos
Por Emilton Rocha / Pascom
A pandemia que estamos vivendo com a COVID-19 mudou nossos hábitos cotidianos e nossa relação com a Igreja. A maioria das paróquias estão tornando possíveis momentos de oração on-line, com a Santa Missa sendo transmitida pelas redes sociais fazendo parte de um novo tempo e também das atividades pastorais. Na verdade, são tentativas de aproximação e de organização da comunidade, até que passe a pandemia e, então, será possível retornar à vida normal que se tinha até meses atrás, quando teve início a calamidade mundial caudada pelo novo coronavírus.
Até que surja uma vacina ou medicação que vença esse vírus, resta-nos ficar atentos para “os sinais dos tempos”, para encarnar o Evangelho na civilização em que estamos inseridos.
Historicamente, desde a Igreja primitiva, a família é a igreja doméstica e a casa é o lugar por excelência para o encontro com o Senhor Ressuscitado e com os irmãos. O próprio Cristo visitou as famílias em suas casas e esteve próximo das alegrias e tristezas da vida familiar, fazendo-nos compreender que a vida em família foi instituída por Deus. O Concílio Vaticano II falou sobre a igreja doméstica, e o Papa Francisco fez uma afirmação na Exortação Apostólica Amoris laetitia, 183, muito apropriada para o momento de pandemia no qual estamos inseridos: “Deus confiou à família o projeto de tornar ‘doméstico’ o mundo, de modo que todos cheguem a sentir cada ser humano como um irmão”.
A paróquia é “uma família de famílias” e tem a possibilidade, pelos meios de comunicação e por outros meios, de ajudar as famílias a se associarem para a transformação da cultura, de modo a tornar o mundo “doméstico”, ou seja, familiar. Portanto, o momento em que vivemos é um sinal dos tempos, semelhante às primeiras comunidades, para que a evangelização seja laica, familiar e associada.
Semana passada, em que celebramos o centenário do nascimento do Papa São João Paulo II, recordamos o que ele disse em Nova York, na missa do dia 6 de outubro de 1995, sobre a importância da família como “Igreja doméstica”: “Os pais católicos devem aprender a fazer da própria família uma “Igreja doméstica”, o que significa dizer uma Igreja em casa, na qual Deus seja honrado, sua lei respeitada, a oração um atitude normal, a virtude transmitida com as palavras e com o exemplo, e na qual cada um compartilha as esperanças, problemas e sofrimentos de todos. Tudo isso não significa invocar um retorno a um certo estilo de vida desatualizado: significa sim, retornar às raízes do desenvolvimento humano e da felicidade humana!”, disse o Pontífice.
Mostramos abaixo como famílias paroquianas do Santuário Basílica de São Sebastião estão vivendo a fé na Igreja Doméstica durante este tempo de pandemia, já que as paróquias estão de portas fechadas.Mostramos abaixo como famílias do Santuário Basílica de São Sebastião – Frades Capuchinhos estão vivendo a fé na Igreja doméstica durante este tempo de pandemia, já que as paróquias estão de portas fechadas.
“Nos dois meses em que nossa família se encontra em isolamento social, temos tido alguns momentos de tristeza e desesperança, devido aos números crescentes de vítimas da Covid-19.
Graças a nossa doutrina cristã, procuramos superar esses sentimentos negativos, através de orações e da fé em nosso Pai, Jesus Cristo, o que nos faz acreditar que tudo isso passará e logo possamos voltar ao convívio social como anteriormente.
Além disso, temos realizado juntos tarefas domiciliares e participado com uma certa frequência das missas e da Oração do Regina Coeli, ao meio dia, na Basílica de São Sebastião dos Frades Capuchinhos, através do Facebook ou YouTube.
Como dirigentes de um dos Círculos do ECC, fizemos neste mês de maio uma reunião por vídeoconferência. O tema abordado foi “A fé cristã em tempos de Coronavírus”. As reflexões realizadas envolvendo os 6 casais do círculo foram muito interessantes e proveitosas, já que vivemos um sentimento único neste momento. Apesar da distância, nos sentimos mais próximos ainda.”
José Carlos Valente de Oliveira e Maria Tereza Santana Rossini, participantes das Pastorais da Família e da Música, na Tijuca
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“A Pandemia fechou as Portas da nossa Igreja, mas ela não está fechada, continua nos alimentando através da Oração, da Palavra e das Celebrações litúrgicas. Não deixamos de viver nossa Eucaristia, mesmo que espiritualmente.
Os nossos frades capuchinhos não medem esforços para manter a comunidade unida e atuante, mesmo de forma virtual com Terços, Adorações, Oração do Regina Coeli, Momentos Musicais Mariano, etc.
Temos feito Momento de Oração Virtual, todos os dias com o nosso Grupo de Oração Jesus Leão de Judá, através do WhatsApp com pessoas que não têm acesso as mídias sociais.”
Olivia Maria Arruda Medeiros e Antônio Orlando de Freitas Medeiros, coordenadora do Círio de Nazaré no Santuário Basílica de São Sebastião / Participante do Terço dos Homens e Pastoral da Música, na Tijuca
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“Nós agradecemos a Deus por ter permitido que tenhamos essas tecnologias nesses tempos de isolamento social. Ficamos imaginando como seria há algum tempo, quando não havia todas essas mídias que facilitam que possamos participar da celebração da santa missa sem sair do conforto de nossas casas, sem ter o risco de ser contaminado. É claro que preferíamos estar presentes lá no templo e vivenciarmos o sacramento real, vivo e eficaz. Comungar sacramentalmente o Corpo de Cristo. Mas é o possível nesse momento!
A Graça, durante seus afazeres domésticos acompanha as orações “Regina Coeli”, Terço da Misericórdia e outras transmissões pelo rádio, TV, YouTube e Facebook. Eu rezo as laudes ou Ofício das leituras. E juntos, à noite, todos os dias temos assistido as transmissões das missas da Basílica de São Sebastião ou de Aparecida e rezamos o terço. Ainda, após a missa nas terças-feiras rezamos o terço e nas quintas-feiras, assistimos a Adoração ao Santíssimo dentro da programação da Basílica. Assim, vamos aguardando o momento de celebrar todos juntos com o Povo de Deus, na casa do Senhor e poder repetir como o salmista “Que alegria quando me disseram: Vamos subir à casa do Senhor… Eis que nossos pés se encontram às tuas portas, ó Jerusalém!”
Manoel Antonio Lopes Tavares e Maria das Graças Campos Tavares
4º ano da Escola Diaconal / Coordenadora da Liturgia e dos Coroinhas, na Tijuca