Será sua primeira celebração no Santuário Basílica de São Sebastião Frades Capuchinhos
Com informações da Arquidiocese do Rio de Janeiro / Foto: Carlos Moioli
Dom Paulo Alves Romão, bispo animador do Vicariato Norte, presidirá a missa das 18h desta quarta-feira no Santuário Basílica de São Sebastião – Frades Capuchinhos, 19, que antecederá a apresentação dos Corais “Canarinhos de Itabirito” (MG) e “Kölner Domchor” (Alemanha), participantes do XLI Congresso Internacional Pueri Cantores que acontece no Rio de Janeiro de 18 a 23 de julho. Será a primeira vez que o religioso celebrará missa na Basílica.
Conheça Dom Paulo Alves Romão
Paulo Alves Romão, nascido a 6 de abril de 1964, em Barra do Jacaré, Diocese de Jacarezinho, Estado do Paraná. Obteve grau de bacharel em Filosofia na Faculdade Eclesiástica João Paulo II (1991 – 1992) e de bacharel em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro (1993 – 1997). Obteve o grau de mestre (1997 – 1998) e de doutor em Teologia sistemátia pastoral (2007 – 2012) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com a tese A estrutura sacramental da história salvífica: estudo comparado Edward Schillebeelx e Luigi Giussani.
Foi ordenado sacerdote em 28 de junho de 1997 pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, na qual exerceu as seguintes funções:
– Diretor espiritual do Seminário Arquidiocesano São José (1997 – 1999)
– Professor do Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1998 – 2016)
– Responsável diocesano do Movimento Comunhão e Libertação (2001 – 2016)
– Diretor do Departamento de Ensino Religioso da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (2002 – 2016)
– Professor do Instituto Superior de Ciências Religiosas (2004 – 2005)
– Responsável pela Pastoral da Educação desta Arquidiocese (2009 – 2016)
– Pároco da Paróquia Bom Pastor (2011 – 2016);
– Diretor espiritual do Seminário Propedêutico Rainha dos Apóstolos (2016)
Abaixo, entrevista de Dom Paulo concedida ao jornal “Testemunho de Fé”, em dezembro de 2016:
No dia 7 de dezembro, o então pároco da Paróquia Bom Pastor, na Tijuca, Paulo Alves Romão, foi nomeado bispo titular de “Calama” para auxiliar o governo pastoral do Cardeal Orani João Tempesta. Na entrevista, ele fala de sua família, vocação, estudos, a paixão pela educação e a experiência de pastor do povo de Deus.
Testemunho de Fé (TF) – Conte um pouco sobre sua vida familiar?
Monsenhor Paulo Alves Romão – “Tive a graça de nascer numa família profundamente católica. Meus pais, Benedito Romão e Maria Alves Romão, sempre foram fiéis e dedicados ao Senhor. Nunca faltaram a uma missa dominical e levavam os filhos, com muito amor, para fazer essa experiência religiosa. Somos seis filhos, quatro mulheres e dois homens. Até os 20 anos, trabalhei como lavrador num bairro chamado Água Seca, no município de Bandeirantes, no Estado do Paraná. Cultivávamos milho, feijão, arroz e criávamos porcos. Com 20 anos, por desígnio de Deus, resolvi mudar de vida, trabalhar, estudar e, então, vim para o Rio de Janeiro. Por trabalharmos na zona rural, fiz somente o primário até a 4ª série. Para ajudar em casa, comecei a trabalhar e fiquei sem estudar até os 20 anos. Sempre morei na zona rural. A primeira cidade foi o Rio de Janeiro”. [column size=”one-fourth” title=”“Ser sacerdote é ter o coração de Cristo. Coração de pastor, acolher, cuidar, zelar pelo rebanho que Deus nos confia. Tenho uma gratidão imensa ao Senhor – vou fazer 20 anos de sacerdócio – e conservo ardente o grande desejo de servir sempre mais.””][/column]
TF – Como foi sua experiência de fé no Rio de Janeiro?
Monsenhor Paulo Romão – “No Rio, trabalhei por dois anos no Hotel Rio Othon Palace, em Copacabana. Nessa época, os padres Filippo Santoro e Giuliano Renzi começaram um trabalho com os jovens da Paróquia Nossa Senhora de Copacabana. Era o início do movimento Comunhão e Libertação. Foi uma experiência fascinante, e comecei a participar do grupo de jovens colegiais e universitários. Eram padres apaixonados pela Igreja e por Cristo, e isso contagiava de tal forma que, mesmo já sendo todos católicos, eu via como a vida desses jovens mudava. Fui aderindo e comecei a participar do movimento, e essa experiência foi me fazendo entender de verdade o que está no Evangelho. Entendi porque os apóstolos ficaram tão fascinados e porque seguiram Jesus. Foi aí que começou também a surgir a ideia da vocação. Foi fundamental a experiência de pertença a uma comunidade viva de fé, pois me ajudou a entender a autêntica experiência cristã”.
TF – Em que momento se deu o despertar vocacional?
Monsenhor Paulo Romão – “O encontro com Cristo se renova a cada encontro com a experiência viva de fé dentro da comunidade cristã, como acontecia na origem da Igreja e acontece ainda hoje. Digo que a experiência junto ao movimento Comunhão e Libertação e também, já devido a minha paixão pela juventude, pelos colegiais e os universitários, tudo isso despertou em mim essa necessidade de ir ao encontro das pessoas, em especial dos jovens. Conversei com padre Filippo sobre a ideia de ser padre, porém eu ainda não havia concluído os estudos. Então, ele me orientou a fazer o primeiro grau intensivo, estudei muito, até extra-aula; depois, concluí o ensino médio no Colégio Pedro Álvares Cabral. Nesse período, já trabalhava na Paróquia Nossa Senhora de Copacabana. E foi também nessa ocasião, dos meus 22 aos 26 anos, que eu e outros jovens começamos a participar de encontros quinzenais com padre Filippo para o caminho vocacional. Daí, alguns de nós foram para a vida consagrada, isto é, hoje são leigos consagrados que pertencem ao grupo adulto “Memores Domini”, do movimento Comunhão e Libertação; e outros, como eu, se tornaram padres. Também nesse período de discernimento vocacional, estávamos nos preparando para o vestibular”.
TF – Como foram os tempos de estudo no seminário?
Monsenhor Paulo Romão – “Em 1990, ingressei no Seminário Arquidiocesano de São José e fiz filosofia por dois anos, e depois, por mais quatro anos, teologia. No seminário, fui prefeito de turma durante três anos. A vida de seminário foi uma experiência maravilhosa. Não estava acostumado a uma vida de comunidade com toda aquela disciplina que favorece o estudo e a vida de oração. Foram anos de profunda educação para rezar e estudar de verdade. Foi quando adquiri disciplina de oração e estudos. Tenho profunda gratidão a Dom Assis Lopes, que, sendo o reitor, na época, era um verdadeiro pai no zelo pelos seminaristas. Foi um período realmente maravilhoso. Os padres Filippo e Giuliano apoiaram a minha decisão pelo sacerdócio, e monsenhor Abílio da Nova foi realmente um pai espiritual”.
TF – Em que disciplina o senhor se especializou?
Monsenhor Paulo Romão – “Quando terminei teologia fui aconselhado pelo então bispo auxiliar e animador do seminário, Dom Karl Josef Romer a fazer o mestrado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Apaixonado por educação, tinha também vocação para ser professor e gostava de dar aulas para os outros seminaristas. Foi assim que comecei a lecionar teologia dogmática e, entre 1997 e 1998, fiz o mestrado em teologia sistemática pastoral na PUC-Rio. Titulei-me com a dissertação “A dimensão sacramental da fé em Luigi Giussani”, este, fundador do movimento Comunhão e Libertação. Fui ordenado, com mais sete companheiros de turma, em 28 de junho de 1997, na Catedral de São Sebastião por Dom Eugenio Sales. No doutorado, o tema foi “A estrutura sacramental da historia salvífica. Estudo comparado de Edward Schillebeeeckx e de Luigi Giussani”.
TF – Como tem sido a experiência como vigário e pároco?
Monsenhor Paulo Romão – “Em 1999, já ordenado, fui trabalhar na Paróquia Santa Teresa como vigário paroquial, e ali fiquei até 2001. O pároco era o padre Pedro Cunha. Em 2001 fui para a Paróquia Nossa Senhora de Copacabana, e junto com o pároco monsenhor Abílio da Nova, pude acompanhar a Pastoral da Juventude e a Iniciação Cristã. Desde aquele tempo acompanho o movimento Comunhão e Libertação no Rio. Também fui assistente espiritual da juventude universitária de todo o Brasil.
Em 2011, tornei-me pároco da Paróquia Bom Pastor, na Tijuca. É uma paróquia que tem predominância de fiéis da terceira idade. Porém, nos últimos tempos, por haver muitos condomínios no entorno, começaram a surgir muitos casais jovens, inclusive do movimento Comunhão e Libertação e, com isso, começamos a ter um incremento de uma outra via pastoral, pela qual sou também apaixonado: a Pastoral Familiar”.
TF – Por que o carinho pela educação?
Monsenhor Paulo Romão – “Atualmente, lecionando no seminário eu me realizo plenamente, porque falo daquilo que mais me é caro e tenho uma atenção verdadeiramente especial para com os seminaristas, pela certeza daquilo em que eu creio e vivo. Dar aulas na PUC-Rio de cultura religiosa para jovens é um desafio maravilhoso, sobretudo porque me ajuda continuamente a aprofundar a fé e o conhecimento, para facilitar a transmissão. São jovens que questionam, criticam, buscam a verdade. Quando encontram alguém que responde a verdade, eles se encantam e correspondem. Recebi cartas de alunos que, mesmo dizendo que talvez nunca venham a se tornar católicos, dizem que o que aprenderam sobre a fé levarão para o resto da vida. Isso é profundamente realizador!”
TF – Por que se empenha pelo ensino religioso nas escolas?
Monsenhor Paulo Romão – “Acompanhei desde o início, aqui no Rio, os esforços para a aprovação da Lei do Ensino Religioso nas escolas, com Dom Eugenio, Dom Filippo e o deputado Carlos Dias. É claro que o estado é laico, mas o cidadão é religioso e os pais têm o direito de que os filhos tenham uma formação integral e que contemplem a identidade religiosa da família, por isso o ensino religioso é importante. Sou testemunha do bem que o ensino faz aos jovens. Apaixonado pelo ensino religioso, tudo faço para que ele continue nas escolas. Num mundo em que a família e os valores estão em crise, falar daquilo que o ensino religioso transmite é algo que encanta os jovens, e a gente vê os frutos no comportamento, na sociedade”.
TF – Qual é o seu lema de vida como ministro de Deus?
Monsenhor Paulo Romão – “Ser sacerdote é ter o coração de Cristo. Coração de pastor, acolher, cuidar, zelar pelo rebanho que Deus nos confia. Tenho uma gratidão imensa ao Senhor – vou fazer 20 anos de sacerdócio – e conservo ardente o grande desejo de servir sempre mais. Por isso, sempre digo que ‘O viver é Cristo’, um lema inspirado pela mesma afeição de São Paulo a Cristo. Não encontrei outro lema que expresse mais a experiência que vivo, de ser amado por Cristo, e de viver a graça de amar e servir por amor a Ele, a todas as pessoas. Estudei muito; desde quando deixei a vida rural até a conclusão dos estudos foi muito rápido. Quando se carrega uma fé viva no coração e encontramos uma comunidade de fé que anima e fortalece, isso nos enche de alegria e esperança, confiando na graça de Deus, e foi o que eu fiz. Se temos um coração cheio de fé e esperança, as dificuldades são superadas”.
TF – Qual a sua perspectiva agora como bispo auxiliar, partilhando com Dom Orani as preocupações da arquidiocese?
Monsenhor Paulo Romão – “Nos últimos anos, tenho tido a graça de conviver com um pastor como Dom Orani, modelo de fidelidade ao Papa e à Igreja. Ele tem sido muito importante para mim, para minha vocação. Ele é alguém que a gente olha e diz: ‘vale a pena imitar’. O trabalho que Dom Orani vem fazendo é o que a arquidiocese precisa. É um verdadeiro pastor. E Cristo espera que, para pastorear a Igreja, o bispo busque ir ao encontro das pessoas, como também quer o Papa Francisco, e isso é o que ele faz: vai ao encontro das pessoas”.