São Francisco de Assis, a Família Franciscana e a História dos Capuchinhos no Brasil

Em 29 de maio de 1517, Leão X, com a bula Ite vos, separou a Ordem Franciscana em Frades Menores Conventuais e Observantes. Mas a união foi apenas jurídica. Surgiram reformistas, divididos pelo dilema – viver a experiência fundante de Francisco ou – adequar a Ordem aos tempos

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Por Capuchinhos do Brasil (CCB)

A Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFM.Cap) é um ramo da Família Franciscana que tem São Francisco de Assis como pai e fundador. Sem perder o carisma específico, esta Família Franciscana se dividiu em três ramos principais: Ordem dos Frades Menores (OFM), Ordem dos Frades Menores Conventuais (OFM. Conv) e a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFM. Cap).

Os Capuchinhos – Frades de hábito marrão e de capuz pequeno  –   tivera início na Itália, no século  XVI, com o objetivo de observar rigorosamente a  “Regra e Vida dos Frades Menores, escrita por São Francisco de Assis, e praticar a Pobreza radical, a Oração contemplativa e a Vida missionária anunciando a todos  o Evangelho de Jesus Cristo.

O século XVI vivia um generalizado clima de reforma religiosa e, aqui, se situa a “Reforma Capuchinha”, aprovada pelo Papa Clemente VII (1522-1534) em 1528 mediante a bula “Religionis zelus”. Em 1529, o novo ramo franciscano redigiu suas primeiras Normas de vida, conhecidas como “Constituições de Albacina”, que foram aperfeiçoadas em 1536 com as novas “Constituições de Santa Eufêmia”.

 Após muitas lutas e sofrimentos, a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, reconhecida pela Igreja Católica, espalhou-se por toda a Europa, zelando por sua comunhão com o Papa, por uma vida austera e por uma  atividade missionária à luz do célebre Concílio de Trento (1545-1563).

Missionários por inspiração de origem, os Capuchinhos Franceses, trazidos pelas forças invasoras da Holanda calvinista, procuraram fixar-se no Brasil, primeiro em São Luis do Maranhão (1612) e, depois, em Olinda e Recife (1642).

Os Holandeses foram expulsos pelas forças portuguesas, mas os Capuchinhos, aprovados pela “Congregação da Propagação da Fé”, criaram raízes no Brasil como “Missionários Apostólicos”,  até que o Estado absolutista português, em 1698, os expulsou sob o pretexto de serem estrangeiros e de serem suspeitos de traição política!

Em 1705, os Capuchinhos, agora, de procedência italiana, são convocados pelo próprio Imperador do Brasil para retomarem os trabalhos missionários junto aos índios, abandonados à própria sorte desde a expulsão dos Padres Jesuítas. “Os Capuchinhos foram heróicos missionários e leais servidores do Estado, amados pelos índios e pelo povo simples do Interior, onde pregaram Missões Populares, realizavam desobrigas e administravam, inclusive, paróquias. Receberam um merecido título de “Pais dos Índios”, dado pelos próprios indígenas. (Capuchinhos no Brasil,9).

Com a proclamação da República e a separação entre Igreja e Estado, a vida missionária capuchinha ganha um novo impulso. Livre das amarras estatais (Igreja do Padroado), os Missionários Capuchinhos, agora, são enviados pela própria Ordem Capuchinha cujo Ministro Geral, Frei Bernardo de Andermatt reorganizou a atividade missionária em toda a Ordem  dos Frades Menores Capuchinhos, mediante o “Estatuto das Missões” de 1887. Em força deste Estatuto, as Províncias Capuchinhas são responsáveis por todo trabalho missionário, desde o do envio dos frades até o sustento dos mesmos. E mais, cada Província Capuchinha deveria ter sua Frente Missionária.

A Itália Capuchinha “invade” o Brasil enviando missionários em quase todos os seus Estados, a partir de 1887. Os Missionários deviam ajudar na organização da Igreja local (diocesana) e no esforço para implantar a Ordem Capuchinha mediante vocações nativas. O Capuchinho italiano toma cor brasileira, inclusive, o Capuchinho Frances  – Província de Sabóia, na França – enviado ao Rio Grande do Sul para dar assistência espiritual aos migrantes italianos da Região. Assim nasceram as Províncias e Custódias Capuchinhas no Brasil que deixaram a marca de suas sandálias franciscanas nas cidades e nos sertões brasileiros, com coragem apostólica invulgar.

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