A informação é do presidente ucraniano no Telegram. Em conversa por telefone com o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, o mandatário também deu detalhes da lei apovada pelo Parlamento da Ucrânia que proíbe no país as atividades da Igreja Ortodoxa ligada ao Patriarcado de Moscou.
Vatican News
“Desde o início desta guerra, os ataques russos já destruíram mais de 500 igrejas, casas de oração e outros prédios religiosos”, escreveu no Telegram o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, acrescentando que “todos os crentes na Ucrânia sofreram com a invasão do mal russo”.
O mandatário ucraniano também agradece por “cada demonstração de apoio ao nosso país e ao nosso povo na batalha pelas nossas vidas, vidas que a Rússia quer destruir completamente. Quem quer que seja que atinja igrejas com bombas e mísseis merece a condenação do mundo inteiro. E esta é exatamente a atitude que o Estado russo, o maior terrorista do mundo hoje, deveria receber.”
Patriarca Bartolomeu informado sobre proibição da Igreja Ortodoxa fiel ao Patriarcado de Moscou
Volodymyr Zelensky também informou no Telegram que em telefone ao Patriarca Ecumênico de Constantinopla Bartolomeu I deu detalhes da lei aprovada esta semana pelo Parlamento em Kiev que proíbe na Ucrânia as atividades da Igreja Ortodoxa Ucraniana, ligada ao Patriarcado de Moscou.
“Tive um telefonema com o Patriarca Ecumênico Bartolomeu – escreveu Zelensky no Telegram -. Agradeci a Sua Santidade pelas suas orações pela Ucrânia e pelo seu apoio inabalável ao nosso povo. Avaliamos positivamente o desenvolvimento da nossa cooperação, em particular a recente visita produtiva de uma delegação ucraniana ao Patriarcado Ecumênico, e expressamos expectativas mútuas em relação a uma visita do Patriarcado”.
O Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Primaz da Ortodoxia, primeiro entre os iguais, primus inter paris entre todos os patriarcas da Igreja Ortodoxa – reconheceu a Igreja Ortodoxa Ucraniana como uma Igreja nacional autocéfala em 2018. Oficialmente esta comunidade é chamada de Igreja Ortodoxa da Ucrânia (OCU), sendo liderada pelo Metropolita Epifanij (Dumenko), que em janeiro de 2019 obteve o tomos de autocefalia do Patriarca Ecumênico, completando a separação do Patriarcado de Moscou, que por sua vez, rompeu unilateralmente a plena comunhão com Constantinopla.
Até 2018, a Ortodoxia Ucraniana não tinha a sua própria Igreja nacional oficial: a única canonicamente reconhecida era a Igreja Ortodoxa Ucraniana (UOC), sob a jurisdição de Moscou, que é também a que está agora sujeita à proibição de Kiev, decisão que ganhou corpo após a apoio incondicional expresso pelo Patriarca de Moscou Kirill à invasão russa da Ucrânia.
“É muito importante compreender do mesmo modo o potencial unificador da Ortodoxia Ucraniana que a lei aprovada traz consigo”, afirmou Zelensky depois de falar com Bartolomeu, antes de insistir na necessidade de “eliminar verdadeiramente a dependência de Moscou” no plano religioso.
As autoridades ucranianas vêem a Igreja Ortodoxa Ucraniana, ligada ao Patriarcado de Moscou, como um apêndice do Kremlin para enfraquecer a causa nacional ucraniana e promover a ideologia pró-Rússia. Por seu lado, os bispos da Igreja Ortodoxa Ucraniana ligados a Moscou afirmam ter rompido todos os laços com a Rússia e denunciam a perseguição religiosa por parte das autoridades de Kiev.