Tecnologia e análise de imagens históricas ajudaram a resgatar a juventude dos dois santos medievais, que estão entre os mais carismáticos da Igreja
Ricardo Sanches / Aleteia
Depois de reconstruir os rostos de Maria de Nazaré, de Nossa Senhora de Guadalupe e da Mona Lisa, o acadêmico e designer brasileiro Átila Soares da Costa Filho recorreu novamente à História da Arte e à inteligência artificial para propor as imagens atuais que melhor representam os verdadeiros rostos de São Francisco e Santa Clara de Assis.
Para chegar à imagem da face de São Francisco, o pesquisador utilizou duas fontes. A primeira, uma pintura anônima, contendo a inscrição Fraciscu, e oriunda do mosteiro dos padres beneditinos de Subiaco, Roma. A segunda, um texto do primeiro biógrafo e amigo pessoal do santo, o franciscano Tomás de Celano (1185-1260). “A pintura é a mais antiga a retratar Francisco, e teria sido realizada tomando-o como modelo vivo durante sua visita ao mosteiro entre 1220 e 1223. De fato, na representação, o santo se apresenta sem auréola, um atributo concedido apenas em caráter post-mortem, assim como sem os emblemáticos estigmas que surgiram no ano de 1224. Sobre os textos de Tomás de Celano, foram redigidos em 1228 para compor sua obra, o Prima Vita – comissionada pelo Papa Gregório IX”, explica Átila Soares da Costa Filho.
Inteligência artificial
Além dos elementos da arte medieval, o acadêmico também utilizou ferramentas de inteligência artificial e programas de edição de imagens. Para esse trabalho, também foi fundamental considerar questões histórico-artísticas a respeito de São Francisco e Santa Clara. “Inicialmente, tentar descartar os traços estilísticos das pinturas, fortemente padronizados em estilo bizantino. Na etapa seguinte, promover uma combinação factualmente razoável entre as mesmas e demais fontes correlatas que chegaram até nós. Para Francisco, as anotações de Tomás de Celano – por vezes conflituosas, como os ‘olhos negros’ – e, para Clara, o resultado extraído do experimento no final da década de 80”, esclarece o designer.
Átila escolheu resgatar o rosto de uma Clara jovem, em torno de 18 anos de idade, quando ela teria chegado à irmandade de seu mentor, Francisco. “É uma Clara cheia de vida e expectativas”, diz o pesquisador.
Veja como ficaram os dois rostos:
Inspiração
Segundo Átila Soares da Costa, uma nova face de Francisco e Clara de Assis poderão ser uma forma alternativa de se conhecer e meditar sobre essas duas figuras fortes e carismáticas do Cristianismo: “Francisco, o humano que mais se aproximou da figura de Cristo. O primeiro ecologista da História. Clara, ousada, decidida e doce. Os que se fizeram os menores dentre os menores para alcançar o patamar da maior glória. Trazê-los de volta à vida é uma inspiração, a todos nós, para as coisas belas quando repensamos a Criação e seus propósitos”, afirma o acadêmico.