Santa Sé celebra missa pela paz na Ucrânia

“Jesus, Príncipe da Paz, olhai para os vossos filhos que elevam a Vós o clamor: Ajudai-nos a construir a paz. Confortai, ó Deus misericordioso, os corações aflitos de tantos dos teus filhos (…)”

Secretário de Estado da Santa Sé, Pietro cardeal Parolin, na missa que celebrou ontem (16) na basílica de São Pedro, no Vaticano, pela paz na Ucrânia / Reprodução

ACI Digital

“Se realmente colocarmos em prática as palavras de Jesus, todos os conflitos de terra desapareceriam gradualmente”, disse o secretário de Estado da Santa Sé, Pietro cardeal Parolin, na missa que celebrou hoje (16) na basílica de São Pedro, no Vaticano, pela paz na Ucrânia.

No começo de sua homilia, Parolin disse que o objetivo da celebração era “implorar a Deus pela paz na Ucrânia e pedir ajuda a todos os homens e mulheres que desejam ser artífices da paz”.

Citando o Sermão da Montanha, em que Jesus diz “Bem-aventurados os construtores da paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9), o cardeal disse que Deus é um Deus de paz. Parolin também citou as palavras do papa Francisco no Ângelus do dia 6 de março, quando disse que “na Ucrânia há rios de sangue e lágrimas” e que “não é apenas uma operação militar, é uma campanha de guerra que semeia morte, destruição e miséria”.

Segundo o cardeal, a oração não é inútil, mas “pode mudar corações e mentes, segundo a promessa do Senhor contida no livro do profeta Ezequiel: ‘Dar-vos-ei um novo coração, porei um novo espírito, por dentro tirarei seu coração de pedra e lhe darei um coração de carne.”

Sobre o Evangelho do dia, o cardeal Pietro Parolin assegurou que o desejo da mãe dos filhos de Zebedeu “é o de todas as mães que querem o melhor para os seus filhos”, algo que “conflita com as palavras de Jesus”.

“Em última análise, é um choque entre duas lógicas diferentes, duas glórias diferentes: a dos homens, que é a busca do sucesso e do poder mundanos, e a de Deus, que passa pela cruz”, acrescentou o cardeal.

Da mesma forma, explicou que “uma é a glória que, apesar das aparências, leva à morte, ao vazio, ao nada; a outra é a glória que parece derrotada e perdedora, mas que leva à ressurreição e à vida. Per Crucem ad Lucem, através da cruz chegamos à luz, à glória”.

Parolin perguntou aos presentes: “Vocês não acham, irmãos, que se realmente pusermos em prática as palavras de Jesus, todos os conflitos da terra desapareceriam? Você não acha que se dermos ouvidos um pouco mais ao convite de Nosso Senhor, as armas seriam silenciadas, aliás, nem precisariam ser construídas?”

O cardeal destacou na sequência que o problema da guerra não é só político e econômico, mas também espiritual, e disse que “a paz que Deus nos ensina é estruturada por relações em que, em vez de nos escravizarmos e lutarmos uns contra os outros, servimos e somos úteis uns aos outros, nos libertamos e crescemos juntos, para que cada um faça o outro existir”.

Por fim, o cardeal pediu o fim da guerra na Ucrânia: “Jesus, Príncipe da Paz, olhai para os vossos filhos que elevam a Vós o clamor: Ajudai-nos a construir a paz. Confortai, ó Deus misericordioso, os corações aflitos de tantos dos teus filhos, enxugai as lágrimas dos que estão em prova, fazei com que a doce carícia de vossa Mãe Maria aqueça os rostos tristes de tantos filhos que estão longe do abraço de seus entes queridos.”

“Vós que sois o Criador do mundo, salvai esta terra da destruição da morte generalizada, fazei as armas silenciarem e deixai a doce brisa da paz ressoar. Senhor Deus da esperança, tende piedade desta humanidade surda e ajudai-a a encontrar a coragem de perdoar”.

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