Religião “jamais seja usada para justificar ódio e violência”

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Papa na África

Religião “jamais seja usada para justificar ódio e violência”

Nairóbi (RV) – Na Nunciatura de Nairóbi, aonde passou a noite, o Papa presidiu na manhã desta quinta-feira (26/11) um Encontro Ecumênico e Inter-religioso, com a presença de líderes das diferentes confissões cristãs (anglicana, evangélica, metodista, pentecostal e outras) e das diversas crenças religiosas professadas no país. Também participaram algumas personalidades civis engajadas na promoção do diálogo inter-religioso.  

Em seu discurso, Francisco advertiu que a religião “jamais deve ser usada para justificar o ódio e a violência” e lamentou que muitas vezes, “os jovens se tornam extremistas em nome da religião para semear discórdia e terror, para dilacerar o tecido das nossas sociedades”.

O Pontífice ressaltou, por outro lado, a importância do diálogo “neste mundo tão ferido por conflitos e divisões”. A este respeito, recordou os quatro atentados mais graves ocorridos no Quênia nos últimos quatro anos, cometidos pelo grupo jihadista Al Shabab: o ataque ao centro comercial de Westgate (com 67 mortos), os dois na cidade de Mandera (com 64 mortos) e o massacre na Universidade de Garissa (que deixou 148 mortos).

Segundo Francisco, o diálogo ecumênico e inter-religioso “não é um luxo, nem algo exterior ou opcional”, mas algo de que “nosso mundo tem cada vez mais necessidade”.

“Num mundo cada vez mais interdependente, vemos sempre mais claramente a necessidade da compreensão inter-religiosa, da amizade e da cooperação na defesa da dignidade e o seu direito de viver em liberdade e felicidade”. 

Neste sentido, lembrou que este ano, “se comemora o cinquentenário do encerramento do Concílio Vaticano II, no qual a Igreja Católica se comprometeu no diálogo ecumênico e inter-religioso ao serviço da compreensão e da amizade”. 

Depois deste Encontro, o Papa presidiu uma missa na Universidade de Nairóbi, aonde os fiéis já o aguardavam desde a madrugada.

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Missa em Nairóbi: o amor de Deus contra novos desertos da indiferença

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco celebrou na manhã desta quinta-feira (26/11) a primeira missa em solo africano. No campus da Universidade de Nairóbi, apesar da chuva, um milhão de fiéis participou da celebração.

Comentando as leituras do dia, o Pontífice, que falou em italiano com tradução simultânea em inglês, falou da profecia de Isaías, que nos convida a olhar para as nossas famílias.

“A sociedade do Quênia tem sido longamente abençoada com uma vida familiar sólida, um respeito profundo pela sabedoria dos idosos e o amor pelas crianças. A saúde de qualquer sociedade depende da saúde das famílias”, disse o Papa, que convida a acolher as crianças como uma bênção para o nosso mundo, e a defender a dignidade de cada homem e mulher.

Obedecendo à Palavra de Deus, prosseguiu o Pontífice, “somos chamados também a resistir a práticas que favorecem a arrogância nos homens, ferem ou desprezam as mulheres e ameaçam a vida dos inocentes nascituros”.

Para Francisco, as famílias cristãs têm esta missão especial: “irradiar o amor de Deus e difundir a água vivificante do seu Espírito. Isto é particularmente importante hoje, porque assistimos ao crescimento de novos desertos criados por uma cultura do materialismo e da indiferença para com os outros”.

Estando dentro de uma Universidade, o Pontífice citou os jovens de modo particular:

“Os grandes valores da tradição africana, a sabedoria e a verdade da Palavra de Deus e o idealismo generoso de sua juventude os guiem no compromisso de formar uma sociedade que seja cada vez mais justa, inclusiva e respeitadora da dignidade humana”.

Assim como no discurso de boas-vindas, o Papa pediu uma atenção especial às necessidades dos pobres, rejeitando tudo aquilo que leva ao preconceito e à discriminação. “E esta é a tarefa que o Senhor dá a cada um de nós. Pede-nos para sermos discípulos missionários, homens e mulheres que irradiem a verdade, a beleza e a força do Evangelho que transforma a vida. Homens e mulheres que sejam canais da graça de Deus.”

O Papa conclui dizendo em suaíle: “Mungu awabariki! Mungu abariki Kenya!”

(Deus os abençoe, Deus abençoe o Quênia.)

Fonte: Rádio Vaticano

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