Fala Frei

Um Rei que passa pela cruz, atraindo para si todos os pecados da humanidade

Frei Dalvio José da Silva – OFMCap*

Iniciamos a vivência da “grande semana da Igreja”, termo usado na antiguidade. Os relatos da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus é o que temos de mais antigo nas narrativas dos Apóstolos, sendo a primeira coisa a ser lembrada por eles. Nisso consistia o núcleo do testemunho do Mestre. Os outros fatos e relatos da vida de Jesus foram ganhando sentido e sendo compreendidas a partir dessa realidade.

Na celebração deste dia, dois momentos se encontram: a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, quando Ele é acolhido com ramos de oliveira e vestes sendo depositadas pelo caminho e os relatos da sua prisão, flagelação, condenação, morte e ressurreição. Dois fatos que, a princípio, parecem não se encaixarem, porém, a luz da fé e da ressurreição nos fazem entender e dão total entendimento de que eles se completam.

JESUS É REI: Rei que tem como trono a cruz, que tem como coroa um ramo de espinhos, que tem como cetro uma cana, que tem como manto um escarlate vermelho. Um Rei que passa pela cruz, atraindo para si todos os pecados da humanidade.  Aquele que vem montado num jumentinho, caminha rumo à morte. E a acolhida do povo explica esse caminho que Ele percorrerá: porque “vem em nome do Senhor”, porque o Reino de Deus se aproxima.

O “Servo Sofredor” do qual nos fala o Profeta Isaías no capítulo 53, não se amedronta com o que lhe acontecerá nem os sofrimentos o assustam e não colocam fim à sua missão, porque o Pai está com Ele, por Ele o Reino se aproxima. A partir da cruz, o Senhor nos chama a seguir os seus passos.

Os elementos que marcam a entrada de Jesus em Jerusalém nos mostram quem Ele é, quem são os seus seguidores, e qual sua missão. Ele Entra como um Rei, porém de uma forma bem incomum, causando espanto até mesmo em quem o acolhe e em quem está atento buscando condená-los. Não chega montado em cavalo, como chegaria qualquer rei terreno mas sim, montado num jumentinho; Não chega rodeado de soldados e servidores da sua corte, mas sim de seus apóstolos, homens simples, trabalhadores rudes, com os pés empoeirados da viagem; Enquanto passa no meio do povo, não colocam em seu caminho panos finos, importados, brocados de ouro, mas sim ramos, galhos de árvores e até mesmo as próprias vestes de quem o acolhe. Assim, sua chegada frustra a expectativa daqueles que esperavam ver um Messias guerreiro, triunfante e glorioso. Mas acabam testemunhando a chegada de um Messias humilde, simples, acolhido pela multidão dos pobres. “Benditos aqueles que vêm em nome do Senhor”.

E assim iniciamos a Semana Santa, quando a Igreja celebra os últimos acontecimentos da vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus, que são o centro da fé cristã. Essa semana é também, para nós, um precioso momento de aprofundamento na fé e um magnífico momento de conversão; hora de escutar o chamado do Evangelho que nos provoca a uma maior coerência de vida. Na cruz existe uma profunda comunhão com os sofrimentos humanos e ao mesmo tempo com a esperança no Deus da vida. A partir da cruz, o Senhor nos chama a seguir seus passos.

Que você viva, na profundidade, essa Semana Santa. Que o Senhor encha o seu coração de coragem para segui-lo e de amor para levar a todos a luz da Páscoa!

Paz e bem!

* Vigário Paroquial – Santuário Basílica São Sebastião