Ajudar a Igreja em suas necessidades

O que fazemos é sempre muito pouco, mas se colocamos esse pouco nas mãos de Deus, Ele multiplica esses dons de forma extraordinária

a-oferta-nas-celebracoes-eucaristicas-e-os-dizimos-paroquiasPor João Antônio Johas *

A Bíblia já alertava do perigo em relação ao ‘deus dinheiro’ quando nos dizia ser impossível servir  dois senhores, pois adoraremos a um e odiaremos o outro. É impossível, diz a Sagrada Escritura, servir a Deus e ao dinheiro. Nesse sentido, o Papa Francisco chegou inclusive a dizer, em uma homilia, que a conversão é certa quando chega ao bolso. Certamente ele não quis dizer que na Igreja pagamos para conseguir a conversão ou a salvação, mas manifestar que, em um mundo que idolatra o dinheiro, mostrar um certo desapego em relação a ele pode ser um sinal positivo.

Mas mesmo assim, o tema parece ser tabu em muitas realidades eclesiais. Como fazer para aproximar-nos de forma mais reconciliada desse assunto? Talvez uma rápida olhada no Antigo Testamento e no que mudou com a chegada de Jesus possa nos ajudar a entender um pouco melhor.

Na antiga aliança, é muito clara a obrigatoriedade do pagamento do dízimo. Ele servia para sustentar os sacerdotes que oficiavam no Templo (e mais antigamente na Tenda) os sacrifícios a Deus e também era utilizado para ajudar as pessoas mais necessitadas, como os pobres e as viúvas. Ele era composto, principalmente, por produtos agrícolas, não dinheiro.

No Novo Testamento, muda-se o cenário, porque Jesus mostra que dar pleno cumprimento à Lei é viver sob a ótica do amor.

“O dízimo, como pagamento de 10%, não é o centro de toda essa questão. O importante é a consciência do cristão de ser responsável por ajudar sua comunidade”. [column size=”one-fourth” title=”“É certo que essa oferta se faz de modo livre: cada um estipula o valor a oferecer e a forma como o ofertará. Importa ser assíduo no compromisso.””][/column]

No Catecismo da Igreja Católica, por exemplo, não se fala do dízimo propriamente. Mas quando fala do quinto mandamento da Igreja (“Ajudar a Igreja em suas necessidades”) lembra

que os fiéis precisam ir ao encontro das necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades.

É preocupar-se de que os ministros vivam dignamente, que a Igreja seja um local apropriado para o culto, mas, principalmente, que os pobres sejam assistidos em suas necessidades. Em suma, que se preocupe com sua comunidade de maneira análoga com que se preocupa com sua família.

E essa consciência pode se fazer concreta de várias formas. Doando uma quantia mensal que brote de uma espontânea generosidade, doando a cada missa no momento do ofertório ou ajudando em atividades pontuais, como a reforma de um espaço, a aquisição de cestas básicas para o Natal etc.

No ofertório, durante a Celebração Eucarística, podemos entender de forma mais profunda essa generosidade que estamos chamados a viver.

Nesse momento, o sacerdote está preparando a mesa para atualizar o maior dos sacrifícios: o de Jesus que se entrega por amor. E nós, seja levando o pão e o vinho até o altar, seja fazendo a nossa doação material, mostramos a nossa participação nesse mistério e nessa entrega de Jesus.

O que fazemos é sempre muito pouco, mas se colocamos esse pouco nas mãos de Deus, Ele multiplica esses dons de forma extraordinária e faz com que eles dêem frutos de conversão e de santidade para nós e para o mundo inteiro.

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* Publicado na edição nº 1.155 do Testemunho de Fé

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