‘Vamos à Aparecida’, um artigo do Cardeal Orani Tempesta

‘Aproveitamos também essa peregrinação, para celebrar os 300 anos do encontro da imagem da padroeira do Brasil às margens do rio Paraíba do Sul’

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A peregrinação celebra também os 300 anos do encontro da imagem da padroeira do Brasil às margens do rio Paraíba do Sul

Por Cardeal Orani João Tempesta*

As peregrinações constituem uma dimensão profunda ligadas à própria natureza do homem de fé. Ele se sente um ser a caminho. Sua própria vida é uma caminhada do nascimento para a morte, da juventude para a velhice e, em aspiração mais profunda, uma passagem desta vida efêmera para uma vida mais feliz.

Por isso, sair de um lugar para buscar outro é próprio do coração humano. O homem é o eterno peregrino, o permanente “procurador” de Deus. Saímos de Deus e estamos em contínua tendência para Aquele que é o nosso princípio e o nosso fim. É daí que o caminhar adquire um sentido especial para o homem. Todos os povos têm seus lugares de peregrinação. É, por assim dizer, o subconsciente universal que está à procura de uma perfeição perdida, o paraíso perdido, na esperança de encontra-lo, o céu.

No Novo Testamento, o nascimento de Jesus está ligado a uma viagem da Galiléia para a Judéia. Temos ainda a fuga para o Egito. E a Sagrada Família de Nazaré cumpria fielmente a lei, conforme nos narra o Evangelho: “seus pais iam todos os anos a Jerusalém na festa da Páscoa. Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume de festa” (Lc 2,41-42). Jesus e os Apóstolos também não deixavam de subir a Jerusalém por ocasião das festas anuais (cf. Jo 5 1; 7,1-14).

Já nos primeiros séculos da era cristã foi muito comum ver os cristãos reunidos, ainda no tempo da perseguição, para levar em procissão o corpo dos mártires até o lugar de seu sepulcro, assim é descrito nas Atas dos martírios de São Cipriano e de outros mais.

A primeira romaria arquidiocesana aconteceu em 1902 (115 anos), motivada pelo Cardeal Joaquim Arcoverde, em preparação ao jubileu áureo da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, realizado dois anos depois. Foi a partir de 1931, porém, que a peregrinação ganhou maior impulso e anualidade, após a visita da imagem de Nossa Senhora Aparecida ao Rio de Janeiro, quando foi proclamada Padroeira do Brasil. [column size=”one-fourth” title=”‘O último sábado do mês de agosto é a data marcada para a peregrinação da Arquidiocese do Rio de Janeiro ao Santuário Nacional de Aparecida, que atualmente tem reunido mais de 60 mil fiéis, sendo a maior peregrinação de uma Diocese ao Santuário Nacional de Aparecida.'”][/column]

Esta peregrinação integra a Arquidiocese numa caminhada em comum. É importante por todo o trabalho evangelizador que a Arquidiocese do Rio realiza. O último sábado do mês de agosto é a data marcada para a peregrinação da Arquidiocese do Rio de Janeiro ao Santuário Nacional de Aparecida, que atualmente tem reunido mais de 60 mil fiéis, sendo a maior peregrinação de uma Diocese ao Santuário Nacional de Aparecida.

A peregrinação da nossa Arquidiocese a Aparecida neste ano será no dia 26 de agosto, ou seja, no próximo sábado. O tema deste ano é “Nossa Senhora Aparecida acolhe as famílias”, que está em sintonia com o nosso Plano Pastoral de Conjunto que dedicou 2017 como Ano da Família na Arquidiocese, além do Ano Mariano nacional. Aproveitamos também essa peregrinação, para celebrar os 300 anos do encontro da imagem da padroeira do Brasil às margens do rio Paraíba do Sul.

Temos uma série de atividades neste dia da peregrinação: a programação da romaria começa às 7h com a recitação do Rosário de Nossa Senhora, na Tribuna do Papa. A Missa “O Rio Celebra” será na Catedral Basílica, às 9h, transmitida para todo o Brasil com imagens geradas pela TV Aparecida, pela Rede Vida de Televisão, Rádio Catedral FM, pela WebTV Redentor, Rede Nazaré, e outras emissoras católicas. Mais tarde, às 10h15, os peregrinos se encontrarão na Porta Santa para o início da caminhada até o Morro do Cruzeiro, para a Via-Sacra. No trajeto continuaremos a rezar o rosário até a chegada ao morro do Cruzeiro, quando então, haverá a Via Sacra, com a participação de todos os peregrinos. A Rádio Catedral transmitirá também os outros eventos da Arquidiocese em Aparecida, facilitando para os doentes e idosos que não puderam ir a Aparecida, para estarem participando com a sua arquidiocese da grande peregrinação anual mariana.

Após os 3 compromissos arquidiocesanos, cada Paróquia, grupo ou comunidade continuará sua peregrinação conforme a escolha de cada um, seja visitando outros locais, seja com tempo de oração ou confissões na Basílica Santuário.

O tema deste ano nos faz olhar para a vida da Bem-Aventurada Virgem e ver que ela como Mãe, zela por nossas famílias. Foi assim que aconteceu na própria vida de Maria, pois, quando soube que sua prima estava grávida logo se colocou apressadamente a região montanhosa para ajudar Isabel em suas necessidades. Assim, Maria se coloca ao lado daquela família. Nas Bodas de Caná, Maria vê que acabou o vinho na festa de casamento. Que vexame passaria aquele casal, mas, Maria olha para a necessidade daquele lar e logo se coloca em prontidão para interceder ao seu Filho. Nas nossas casas e nas nossas famílias, quantas vezes pedimos que pela intercessão dela tudo seja alcançado para o bem daqueles que amam à Deus. Maria nos ama, Maria nos acolhe e olha por cada um de nós.

Somos convidados a ir a Aparecida entregar todas as famílias sob o olhar terno de Maria. Nossa Mãe Aparecida olha por cada um de nós, toma-nos pelo colo e ajude a cada família e viver sempre no: amor, na fé e na paz. Nossa Senhora Aparecida, interceda por todos nós. Amém.

(*) Cardeal Orani João Tempesta é Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro

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