Prefeito Eduardo Paes entrega a chave da Cidade ao Arcepispo Dom Orani Tempesta
Missa celebra os 450 anos da Cidade Maravilhosa
Como parte das comemorações pelos 450 anos da Cidade do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta celebrou Missa Solene no Santuário São Sebastião Frades Capuchinhos, neste domingo, 1º de março, dia do aniversário da cidade. Presentes, além de autoridades religiosas, o prefeito Eduardo Paes e a primeira-dama, Cristine Paes, a primeira-dama do Estado, Maria Lúcia, o vereador Reimont Otoni, secretários do município, entre outros.
Templo de especial valor afetivo para a cidade, a igreja guarda as três relíquias de fundação do Rio: o marco de fundação, os restos mortais de Estácio de Sá e a imagem histórica de São Sebastião, que foi trazida pelo fundador. Ainda no começo da missa, o prefeito Eduardo Paes entregou a chave da cidade para o Arcebispo. Junto com a chave, Dom Orani abençoou as três relíquias da cidade do Rio de Janeiro.
Durante a cerimônia religiosa, o prefeito leu trechos da Bíblia, assim como a primeira-dama, e pediu paz, progresso e respeito às diversidades cultural e religiosa. Eduardo Paes não poupou elogios para a cidade e comentou o que pretende deixar de legado para os próximos 450 anos. “É uma cidade que acolhe bem a todos. O Rio é um pouco essa síntese de um Brasil grande, cheio de mistura. A gente quer continuar representando isso por mais 450 anos. Nós inauguramos aqui uma civilização diferente, com um tempero de alegria e de felicidade que é incomparável”, disse Paes. A Missa foi encerrada ao som de “Cidade Maravilhosa”. A chave recebida na Praia do Forte foi então depositada pelo prefeito aos pés da imagem de São Sebastião.
Eduardo Paes ressaltou que o poder público tem o caminho de guiar a cidade e a Igreja Católica esteve junto desde o início da fundação da cidade. “Se preservarmos o passado, a Igreja vai continuar desta forma, com o objetivo de ajudar a sociedade. Ainda mais em calvários, como são as crises no mundo e no país que hoje ocorrem. Queremos pedir paz para a cidade, progresso, a diversidade cultural e das religiões.”
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“A restauração do Santuário é um serviço à nossa história”
Em mensagem lida ao final da Missa pelos 450 anos da Cidade, Frei Arles [foto acima] cobra do prefeito o compromisso de restaurar a igreja
Leia, abaixo, a íntegra da mensagem
“Celebrar a Eucaristia em ação de graças pelos 450 anos do Rio de Janeiro, é ter consciência que sem Deus, sem o Sagrado nada somos. Somos guardiães, sim, todos nós aqui presente, guardiães da Fé e Amor em Nosso Senhor Jesus Cristo no anúncio do Reino.
A liturgia vem lembrar que contemplar a luz requer um comprometimento com o outro e com a Vida, sair da zona de conforto e enfrentar todos os desafios e dinâmica do existir.
Hoje, pela primeira vez, as quatro relíquias estão juntas: a Pedra da fundação do Rio de Janeiro, os restos Mortais de Estácio de Sá, a Chave da Cidade e a Imagem Histórica de São Sebastião.
As três primeiras relíquias mostram o contexto sócio cultural e político desta cidade, os desafios do construir uma sociedade em terras desconhecidas, desafios que permanecem até os dias atuais e traz a pergunta: o que deixaremos de legado para os próximos 450 anos? É momento de reflexão que engloba trabalho, coragem e ética.
A imagem histórica de São Sebastião vem mostrar que primeiro vem a fé, e é ela que nos sustenta. O testemunho da fé deste santo guerreiro, o levou às ultimas consequências e atado num madeiro ele lança um olhar para o alto e contempla a Imagem do Invisível, pois “Os servos do Senhor o servirão, eles contemplarão a sua face” (Ap. 22:3-4). Na festa de São Sebastião, após cada missa há o beijamento da fita que pende desta imagem, homens e mulheres de fé fazem esse ritual que é um sacramental, é presenciar a ação de Deus na história. Esta fita se remete nas águas da piscina de Siloé, que com mãos trêmulas o povo de Deus espera um hiato do grande silêncio entre o olhar para a imagem e o segurar/beijar a fita… à espera que as águas se agitem. São Sebastião, santo de Deus que intercede por nós…
Este Santuário Arquidiocesano, considerado o mausoléu da cidade, se torna pequeno diante desta grande manifestação de fé e nunca têm faltado Frades Capuchinhos para explicar a todos, sem número, o significado e o valor histórico dessas Relíquias guardadas por essas paredes. Jamais será semelhante em nenhum outro local, essas Relíquias que os capuchinhos consagram com seu zelo e que este santuário enobrece com sua piedade e tradição.
Frei Vital, grande orador do Rio de Janeiro disse certa vez: “Creio nunca temos desmerecido a honra de sermos os Guardiães da Cidade, conforme o Projeto da Assembleia Legislativa, e de sempre termos cumprido com este dever.” Essa tradição continuará até o fim.
O senhor, prefeito, diz sempre que é o carioca mais feliz de todos os tempos porque adora ser prefeito do Rio. O senhor é o carioca autêntico que ama sua cidade e se doa por ela.
A história dos capuchinhos também se confunde com a história do Rio. Estamos aqui entre idas e vindas, desde o seu início. Estivemos no morro do Castelo com as relíquias da cidade, nos mudamos com ela para a Praça Saens Peña e as trouxemos para esta igreja em sua inauguração no ano de 1931.
No quarto centenário de nossa cidade, pela Lei Estadual 796, de 11 de maio de 1965, os frades foram considerados guardiães e nossa igreja, mausoléu da cidade. Àquela época, o Estado do Rio compreendeu a importância de quem já guardava com tanto zelo as relíquias da cidade e nos deu este título que enche de orgulho a todos nós, frades.
O senhor, prefeito Eduardo Paes, quando compreende a importância de restaurar nossa igreja nos 450 anos do Rio, presta um serviço à nossa história. Alguns poderão dizer que a prefeitura beneficia os frades. Argumentaremos sempre que os beneficiados serão os cariocas com sua história de 450 anos.
O destaque para os restos mortais de Estácio de Sá, para a Pedra fundamental da cidade e para a Imagem de São Sebastião, trazida por Estácio, é um acerto do Comitê Rio 450, da prefeitura do Rio e do Senhor.
O compromisso que o senhor fez com o povo do Rio aqui neste Santuário no dia 20 de janeiro em restaurar este templo santo, fará do senhor um prefeito lembrado nos próximos 450 anos que viveremos.
Aqui me despeço, desejando que nos 500 anos e durante os próximos 450 anos possamos fazer memória desta história que escrevemos hoje.
Paz e Bem!
Frei Arles de Jesus, pároco do Santuário Arquidiocesano de São Sebastião
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“Parceria entre a Igreja e o Estado”
“Nós, freis capuchinhos, somos considerados os guardiões das relíquias históricas que estão na nossa igreja. Para nós, isso representa a parceria que há entre a Igreja e o Estado, a fé e o povo, que sempre caminharam juntos. Acredito que para os freis capuchinhos é o momento de muita alegria comemorar esses 450 anos. Nós sempre estivemos juntos com o povo daqui do Rio e caminharemos nessa caminhada bonita, trazendo a fé e o espírito de São Francisco para essa cidade.”
Frei Rogério Goldoni Silveira
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“A fé e o amor em Jesus Cristo, são as verdadeiras relíquias”
Qual a importância dos 450 anos do Rio para os guardiões das relíquias da Cidade?
A importância desses 450 anos, enquanto guardiões das relíquias da cidade, é exatamente isso: nós somos os guardiões das relíquias, que é a fé e o amor a Nosso Senhor Jesus Cristo – essa é a verdadeira relíquia. E, de nós capuchinhos, essa missão é a importância de estar nessa gênesis do Rio de Janeiro. E somos Muito gratos, realmente, pela confiança em nós, por guardar as relíquias da Cidade, que é a imagem de São Sebastião, os restos mortais de Estácio de Sá e a pedra fundamental da fundação da cidade.
Como o senhor se sente por ter trabalhado no restauro da imagem histórica de São Sebastião?
Eu não consigo expressar esse sentimento com palavras, porque a história contida nessa imagem que já ultrapassou o sentido de ser uma obra de arte, a fez alcançar o nível sacramental. Nela, está contida toda a história da fé de um povo.”
Frei Cassiano Gonçalves, restaurador da imagem histórica de São Sebastião
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