O papa Francisco fez um discurso sobre a missão evangelizadora da Igreja que gerou aplausos, especialmente das religiosas, quando falou sobre as homilias na reunião com os bispos, o clero e os consagrados no seu segundo dia de sua visita à Eslováquia.
Francisco não se ateve ao discurso oficial e falou sobre a importância de “encontrar caminhos, modos e linguagens novas para anunciar o Evangelho”, através da criatividade, seguindo o exemplo dos santos Cirilo e Metódio, inventores do alfabeto cirílico usado em países eslavos de maioria cristã ortodoxa.
“Nós podemos ajudar, com a criatividade humana, pois cada um de nós tem essa possibilidade. Mas o grande criativo é o Espírito Santo: é Ele quem nos move a ser criativos”, disse Francisco, em 13 de setembro.
O papa afirmou que, “se com a nossa pregação e com a nossa pastoral não conseguirmos entrar mais pela via ordinária, tentemos abrir espaços diferentes, experimentemos outros caminhos”.
“Aqui faço um parêntese” sobre “a pregação”, disse o papa.
“Alguém me disse que, na Evangelii gaudium, me detive demais sobre a homilia. Porque é um dos problemas deste tempo. A homilia não é um sacramento como pretendiam alguns protestantes, mas é um sacramental. E não é uma pregação de quaresma, é outra coisa. Está no coração da Eucaristia. E pensemos nos fiéis que têm que escutar homilias de 40 minutos, de 50 minutos, sobre argumentos que não entendem, que não lhes comove. Por favor, sacerdotes e bispos, pensem bem em como fazer a homilia, em como prepará-la para que haja um contato com as pessoas e se inspire no texto bíblico”.
Francisco disse que “uma homilia, muitas vezes, não deve passar de 10 minutos, porque as pessoas, depois de 8 minutos, perdem a atenção. A menos que seja muito interessante né? O tempo deveria ser de 10 a 15 minutos, não mais”.
Em seguida, o papa contou sobre uma lembrança: “um professor que tive de homilética dizia que uma homilia deveria ter coerência interna: uma ideia, uma imagem e um sentimento. Que as pessoas saiam com uma ideia, com uma imagem e com algo que lhes moveu o coração. O anúncio do Evangelho é simples assim, e Jesus pregava assim”, ele se valia das “coisas concretas, que as pessoas entendiam”.
“Desculpem-me que volte a esse assunto, mas é que eu me preocupo”, disse Francisco, cujas palavras foram interrompidas pelos aplausos, aos quais respondeu: “Permito-me uma maldade: as religiosas começaram com os aplausos, porque elas são as vítimas das nossas homilias, não é?”.
Fonte: ACI Digital