Finalmente uma explicação breve e clara sobre a diferença entre estes três termos tão confundidos pela linguagem popular
As palavras “sacerdote” (padre), “frade” e “monge” são termos ambíguos e flexíveis. Na linguagem popular, são aplicados sem propriedade, como se os três fossem equivalentes. No entanto, não querem dizer a mesma coisa.
Um sacerdote (padre), na Igreja Católica, é um homem que recebeu o sacramento da Ordem Sacerdotal e que, em virtude de tal sacramento, pode celebrar o sacrifício da Missa e realizar outras tarefas próprias do ministério pastoral.
Um padre pode pertencer a uma ordem ou família religiosa, ou a uma diocese. Todos os padres, diocesanos ou religiosos, são celibatários e devem obediência a seus superiores:
Um padre diocesano promete obediência solene a seu bispo;
Um padre religioso (como um dominicano ou franciscano) promete obediência ao seu superior, geralmente chamado de “provincial”;
Um sacerdote monástico promete obediência a seu abade (se estiver morando em uma abadia) ou ao prior (em um priorado).
Os padres diocesanos não fazem voto de pobreza e podem possuir e herdar propriedades.
Os padres pertencentes a uma ordem religiosa (como os franciscanos, dominicanos, etc) ou a uma comunidade monástica (como os beneditinos ou os cistercienses) fazem votos de pobreza, renunciando em favor de sua comunidade qualquer renda que geram através de suas obras.
Assim, um escritor dominicano que lucra com seus livros transfere seus ganhos para a Ordem dos Pregadores. Um escritor trapista entregará seus ganhos para o benefício de toda sua comunidade.
Monges e frades
Um monge ou frade, no entanto, é uma pessoa que fez os votos de pobreza, castidade e obediência e pertence a uma congregação ou família religiosa concreta (franciscanos, jesuítas, dominicanos etc.). Pode coincidir, além disso, de que tal religioso seja um sacerdote, mas não necessariamente. Sua vocação não é obrigatoriamente ao sacerdócio.
Mas qual é a diferença entre um monge e um frade? Isso tem a ver com a origem de cada palavra: “monge” vem do latim tardio “monachus”, palavra para designar os anacoretas, e que já em sua raiz tinha implícito o significado de “solidão”.
Isso se relaciona ao surgimento das primeiras experiências de vida contemplativa (nos séculos IV-VI d.C.), como, por exemplo, os Padres do Deserto, eremitas que abandonavam o mundo e viviam no deserto, ou São Bento de Núrsia, fundador da ordem religiosa mais antiga do Ocidente, os beneditinos.
Um monge, portanto, é um termo mais adequado para referir-se a homens consagrados que vivem em conventos, dedicados inteiramente à oração e à penitência. É o caso das ordens contemplativas, como a dos Cartuxos.
Frade, por outro lado, é um termo mais moderno, que procede da Idade Média (do provençal “fraire”) e significa “irmão”. A palavra “frade” é empregada para ordens dedicadas à vida ativa, como os franciscanos ou hospitalários.
O uso desta palavra se relaciona ao surgimento das ordens mendicantes na Baixa Idade Média, que supuseram uma grande mudança na vida religiosa: estes novos religiosos já não se fechavam em conventos afastados das pessoas para se dedicar à oração, senão que estavam nas cidades, dedicados aos pobres, ao ensino, aos doentes etc.