Comitê científico vai avaliar se derruba obrigatoriedade da proteção em todos os lugares fechados ou se a mantém apenas em escolas, hospitais e transportes; secretário de Saúde defende que não haja mais restrições
O Globo / Felipe Grinberg
RIO – A rotina do carioca que virou de ponta-cabeça com a chegada da pandemia pode sofrer uma grande mudança nos próximos dias. A prefeitura do Rio decide hoje junto com o Comitê Científico de Enfrentamento à Covid-19 se vai abolir o uso obrigatório de máscaras em locais fechados na cidade. Especialistas que assessoram o município disseram ao GLOBO que parte de grupo vai propor o fim da obrigatoriedade na maioria dos espaços. A discussão será se a proteção deve ser mantida em escolas, transportes públicos e unidades de saúde. Se confirmada a decisão, o Rio será a primeira capital do país a flexibilizar o uso de máscaras em ambientes fechados.
Com base na queda dos indicadores da Covid-19, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, deve defender que o uso das máscaras seja opcional em todos os lugares. Segundo ele, não faz sentido liberar em alguns locais e manter a peça obrigatória em outros. Soranz disse que serão apresentados ao comitê dados como o atual índice de reprodução viral na cidade, que está em 0,51 — o menor de toda a pandemia. Isso significa que cem pessoas infectadas estão passando o vírus para 51, o que reduz progressivamente o número de doentes.
— Não há decisão tomada, tudo será discutido com o comitê, que tem representação das principais instituições científicas e de governo. Vamos analisar os números e tomar atitude com segurança — ponderou o secretário.
Menos internados
Na noite de domingo, 48 pessoas com Covid-19 estavam internadas na rede pública da capital, número que chegou a 915 no dia 22 de janeiro — pico da variante Ômicron. A taxa de testes positivos para a doença também vem caindo semana a semana, o que credencia a cidade a discutir a obrigatoriedade das máscaras, segundo a prefeitura. Nos últimos dias, a cada cem exames feitos, apenas três detectavam o coronavírus.
A vacinação também estará nesta segunda-feira na mesa de reunião. Segundo o painel Covid-19 da prefeitura do Rio, até o momento 54% da população acima dos 18 anos já tomaram a dose de reforço. Já a imunização das crianças de 5 a 11 anos está mais lenta: 33% ainda não procuraram os postos de saúde.
Na semana passada, o governo estadual abriu caminho para cada prefeitura tomar a decisão sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes fechados ou ao ar livre. Na capital, as pessoas já podem circular sem a proteção a céu aberto desde 27 de outubro do ano passado. Porém, não se pode ainda entrar sem a peça no rosto em shoppings, supermercados, restaurantes, ônibus, academias, prédios públicos, entre outros.
No estado, a prefeitura de Caxias saiu na frente e aboliu o uso de máscaras em toda a cidade na última sexta-feira. Não há mais restrições sanitárias. Mas a grande maioria dos municípios ficou de analisar as curvas dos indicadores da doença esta semana para tomar qualquer decisão. A prefeitura de Niterói informou que integrantes do comitê científico da cidade e técnicos da Secretaria municipal de Saúde se reúnem nos próximos dias para deliberar sobre a questão. De acordo com o último Boletim Epidemiológico, Niterói apresentou taxa de 5% de testes positivos para Covid-19 na semana de 20 a 26 de fevereiro. No início de janeiro, a positividade chegou a 50%.
São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e São João de Meriti vão no mesmo caminho. Em nota, Nova Iguaçu informou que manterá, pelo menos nos próximos dias, a exigência do uso de máscaras em locais fechados e não divulgou se o assunto será discutido.