Papa pede a cardeais que trabalhem para alcançar “déficit zero” na Igreja

O papa Francisco também pede que deem exemplo ao “reduzir os custos”, tentando evitar “o supérfluo” e selecionando bem as prioridades

Nicolás de Cárdenas / ACI Digital

O papa Francisco pediu aos cardeais para que trabalhem para alcançar a meta do “déficit zero” na economia da Igreja, através da redução de custos, da busca de recursos externos e da generosidade evangélica.

Na carta, datada de 16 de setembro e divulgada hoje (20) pela Sala de Imprensa da Santa Sé, o papa Francisco diz que há dez anos começou a reforma da Cúria Romana no espírito do princípio Ecclesia semper reformanda (A Igreja sempre se renova). Nesse tempo, diz o papa, “apesar das dificuldades e, por vezes, da tentação da imobilidade e da rigidez face à mudança, muito foi conseguido ao longo dos anos”.

Ao centrar-se na reforma econômica da Santa Sé —“um dos temas que mais caracterizaram as Congregações Gerais anteriores ao Conclave”, — o papa Francisco pediu “um esforço adicional por parte de todos para que o déficit zero’ não seja apenas um objetivo teórico, mas um objetivo verdadeiramente alcançável”.

Esse objetivo se baseia na consciência de que “os recursos econômicos a serviço da missão são limitados e devem ser geridos com rigor e seriedade, para que os esforços de quantos contribuíram para o patrimônio da Santa Sé não sejam desperdiçados”.

Sobre o objetivo de não se endividar, o papa fala sobre “a necessidade de que cada Instituição se empenhe em obter recursos externos para sua missão, sendo exemplo de uma gestão transparente e responsável a serviço da Igreja”.

O papa Francisco também pede que deem exemplo ao “reduzir os custos”, tentando evitar “o supérfluo” e selecionando bem as prioridades, “favorecendo a colaboração recíproca e as sinergias”.

“Devemos estar conscientes de que hoje estamos diante de decisões estratégicas a serem tomadas com grande responsabilidade, pois somos chamados a garantir o futuro da missão”, diz o papa.

Para atingir o objetivo de gerir melhor os recursos, o papa Francisco diz que “as Instituições da Santa Sé têm muito a aprender com a solidariedade de boas famílias” que se ajudam mutuamente. Assim, “as entidades que registram um superávit devem contribuir para cobrir o déficit geral”. Isso significa “cuidar do bem da nossa comunidade, agindo com generosidade”, no sentido evangélico do termo, como “pressuposto indispensável para pedir generosidade também externamente”.

Por fim, Francisco pede aos cardeais que acolham “essa mensagem com coragem e espírito de serviço” e pede apoio “com convicção, lealdade e generosidade as reformas em curso, contribuindo de forma propositiva com seus conhecimentos e experiências para o processo de reforma”.

“Cada uma das instituições da Santa Sé forma um corpo único com todas as outras: portanto, a colaboração autêntica e a cooperação em direção a um único objetivo, o bem da Igreja, são requisitos essenciais do nosso serviço”, conclui o papa.

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