A carta foi escrita aos reverendos Padres Hanna Jallouf e Louai Bsharat, ambos da Ordem dos Frades Menores (OFM)
“Nada mais que o martírio pode marcar a maneira própria do cristão de participar na história da salvação da humanidade. Os mártires levam avante o Reino de Deus, semeiam cristãos para o futuro, são a verdadeira glória da Igreja e nossa esperança”, escreveu o Papa Francisco em uma carta a dois frades franciscanos que vivem na Síria e atendem os pobres e os cristãos perseguidos neste país.
A carta foi enviada aos frades como resposta a um testemunho que eles enviaram ao Santo Padre contando o sofrimento dos cristãos e de todo o povo sírio que enfrenta há anos uma guerra civil e um cenário de calamidade e fome.
A carta foi escrita aos reverendos Padres Hanna Jallouf e Louai Bsharat, ambos da Ordem dos Frades Menores (OFM) e foi publicada na íntegra no site da Custódia da Terra Santa em Português.
Abaixo reproduzimos o texto da missiva na sua íntegra:
Caríssimos Padre Hanna e Padre Louai,
agradeço a carta que me faz participar de vosso testemunho na sofrida terra da Síria. Desejo participar de vosso sofrimento e dizer-vos que estou próximo de vós e das comunidades cristãs, tão provadas pela dor vivida na fé em Cristo Jesus. Quanto sofrimento, quanta pobreza, quanta dor de Jesus que sofre, que é pobre, que é expulso de sua Pátria!É Jesus! Isso é mistério. É nosso mistério cristão. Em vós e nos habitantes da amada Síria nós vemos Jesus sofredor.
Nada mais que o martírio pode marcar a maneira própria do cristão de participar na história da salvação da humanidade. Os mártires levam avante o Reino de Deus, semeiam cristãos para o futuro, são a verdadeira glória da Igreja e nossa esperança. Esse testemunho é aviso de não se perder em meio da tempestade. Não poucas vezes o mar da vida nos reserva tempestade, mas das vagas existenciais nos chega um sinal inesperado de salvação: Maria, a Mãe do Senhor, espantada, em silêncio, olha para o Filho inocente crucificado, que enche de sentido a vida e a salvação do povo.
Asseguro-vos a constante lembrança na comunhão eucarística a fim de que a indizível dor se transfigure na divina esperança, que o Apóstolo Paulo nos confirma na Epístola aos Romanos: «Quem nos separará do amor de Cristo? Talvez a tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Como está escrito:“Por tua causa fomos condenados à morte cada dia, somos tidos como ovelhas a ser carneadas. Mas, en tudo isso somos mais que vencedores, graças Àquele que nos amou”.
Imploro à Nossa Senhora a fim de que vos guarde sob seu Manto de Graças e interceda para vós o dom da perseverança. Abençoo de coração a todos vós e a todas as famílias cristãs, que foram confiadas à vossa corajosa guarda.
Por favor, continuai a rezar também por mim.
Franciscus
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Por ACI Digital