A luta das comunidades frente às grandes campanhas para fidelizar os dizimistas
Diácono Claudino Affonso Esteves Filho – Foto: Portal Paróquias
Uma das principais fontes de captação de recursos das Igrejas continua sendo o dízimo. Com fundamentação bíblica até nas antigas escrituras, como no texto em que Deus pede para Moisés no Monte Sinai: “Então, ao lugar que o Senhor escolheu para estabelecer o seu nome, ali levareis todas as coisas que vos ordeno: vossos dízimos, as primícias e todas as ofertas escolhidas que tiverdes prometido por voto ao Senhor” (Dt 12,11-14)
Mas, nos tempos atuais, esta fonte está cada vez mais escassa. Em algumas comunidades a prática é quase inexistente. Entre os fatores que mais contribuem para que os paroquianos não se tornem dizimistas, está na “concorrência” com as chamadas “comunidades famosas” que, para se sustentarem, também necessitam de doações. Abordados por revistas, jornais, rádios e até mesmo por televisões, fiéis de todo o país acabam se associando a essas comunidades, doando dinheiro e adquirindo produtos personalizados, deixando de fazer sua doação na paróquia que frequentam.
A “concorrência” é quase desleal diante dos valiosos recursos de mídia que detêm, e cujos apelos alcançam paroquianos em todas as cidades do Brasil. Como competir com o padre mais “famoso”?
Como conseguir dos fiéis que, mesmo contribuindo com sua comunidade “preferida”, também devem colaborar com a paróquia que frequentam e que o acolhem?
O valor a ser considerado é que todos fazemos parte da mesma obra; somos membros da mesma Igreja e fiéis da mesma religião. Mas para compensar as desigualdades de abordagem, as paróquias contam com um fator a seu favor, que jamais poderá ser utilizado pelas comunidades distantes: a acolhida. É nessa pastoral que as paróquias devem se empenhar para fidelizar seus paroquianos e manter a contribuição dos dizimistas; ou pelo menos, parte dela. [column size=”one-fourth” title=”‘O dízimo só tem sentido se o mesmo for entendido como algo prazeroso em sua vida; um dízimo rancoroso, dado por obrigação, duvidoso ou de mau gosto, não faz bem ao contribuinte e nem mesmo àquele que o recebe’”][/column]
São muitas as ideias implantadas em diversas paróquias da Igreja. Deve-se trabalhar este tema com “sentido de alegria. O dízimo só tem sentido se o mesmo for entendido como algo prazeroso em sua vida” – que reúne uma mistura de conteúdo evangelizador e de prestação de contas com a comunidade. “Um dízimo rancoroso, dado por obrigação, duvidoso ou de mau gosto, não faz bem ao contribuinte e nem mesmo àquele que o recebe”.
O DÍZIMO E A IGREJA QUE QUEREMOS
Uma Igreja popular: Que o dízimo possa realizar em nossas comunidades a opção preferencial de Cristo e da Igreja pelos pobres;
Uma Igreja ativa:
O dízimo é capaz de transformar pedra sem valor em diamante. O cristão consciente, dizimista, deixa de ser lâmpada apagada e passa a iluminar a realidade;
Uma Igreja comunidade:
Que o dízimo nos ensine a olhar os nossos irmãos da Igreja como singulares, únicos. Para cada
coração um cuidado, para cada família uma palavra;
Uma Igreja cristocêntrica:
Que a dinâmica do dízimo em cada comunidade leve à pessoa de Cristo. Jamais podemos esquecer que Ele é a razão de estarmos aqui;
Uma Igreja carismática:
Que o Espírito Santo seja o farol, o norte de nossas comunidades, realizando em nossos corações seus feitos;
Uma Igreja pluralista:
Que o amor seja o elo de unidade de nossa Igreja, que todos tenhamos um mesmo ideal e que todos trabalhemos para o mesmo fim, sem contudo sermos iguais;
Uma Igreja ecumênica:
Que aprendamos também com o dízimo, o livre diálogo com nossos irmãos protestantes;
Uma Igreja pobre:
O dízimo é uma fonte inesgotável de lições de desapego. Que possamos viver uma Igreja despojada e simples;
Uma Igreja peregrina:
O dízimo encaminha-nos rumo ao terceiro milênio. Indo ao encontro dos homens de qualquer nação, estamos no rumo certo;
Uma Igreja missionária:
A missão da Igreja é anunciar a presença do Reino de Deus no mundo dos homens;
Uma Igreja dinâmica:
O desafio da Igreja moderna é estar à frente das exigências dos nossos tempos. Para tanto não pode ser estática, presa a estruturas e sistemas.
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Diácono Claudino Affonso Esteves Filho é Coordenador Arquidiocesano da Pastoral do Dízimo
Transcrito da edição n° 1.158, do Testemunho de Fé