Segundo o Presidente da Fundação JMJ 2023, dom Américo Aguiar, o objetivo é que “todas as pessoas que vêm à JMJ se sintam num ambiente acolhedor, seguro”
ACI Digital
A Fundação JMJ Lisboa 2023 e a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) assinaram ontem (2) um protocolo para “prevenção e contingência” de crimes de abuso e de violência na Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá de 1º a 6 de agosto, em Lisboa, Portugal. A parceria foi firmada dias após a divulgação do relatório da Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal.
A CI publicou no dia 13 de fevereiro seu relatório final sobre casos de menores na Igreja entre 1950 e 2022. No total, a comissão recebeu 564 testemunhos, dos quais 512 foram validados. Segundo o coordenador da comissão, o psiquiatra Pedro Strecht, desses relatos, foi possível calcular um “número mínimo, muito mínimo, de 4815 vítimas”. A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) faz hoje (3) uma assembleia extraordinária para analise desse relatório.
O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, dom Américo Aguiar, disse que “desde o início que surgiu esta vontade de estabelecer este protocolo com a APAV”, para que “nos possam ajudar, com as melhores práticas possíveis”. Segundo ele, o objetivo é que “todas as pessoas que vêm à JMJ se sintam num ambiente acolhedor, seguro”.
“Se alguma coisa correr menos bem, temos a garantia de que, por parte das equipas da APAV, tudo será feito para ouvir, para acompanhar”, disse o bispo auxiliar de Lisboa, destacando que “não é favor nenhum que estamos a fazer, é nossa obrigação”.
O presidente da APAV, João Lázaro, disse esta “é a primeira vez que o foco das vítimas tem a sua dimensão própria num planejamento de um evento desta enorme dimensão”.
Lázaro contou que o protocolo prevê “todo um acompanhamento e uma parceria estratégica na área da prevenção, da capacitação e da formação”. A APAV terá um Centro de Apoio à Vítima no recinto da JMJ Lisboa 2023 e uma Equipe Móvel de Apoio à Vítima, com técnicos disponíveis para se deslocarem e prestarem, quando necessário, serviços de apoio ao peregrino nas dioceses de acolhimento, isto é, Lisboa, Santarém e Setúbal.
O protocolo também prevê uma formação para as equipes do Comitê Organizador Local (COL) e todos os voluntários. Além disso, durante o evento haverá um reforço da Linha de Apoio à Vítima 116 006, gratuita e confidencial.
Segundo a Agência Ecclesia, a execução do protocolo da Fundação JMJ Lisboa 2023 com a APAV terá custo de 100 mil euros e é apoiado pelo cabido da Sé de Lisboa.