Ter fé proporciona uma vida mais longa e saudável, segundo o Dr. Frédéric Saldmann, cardiologista, nutricionista e autor de best-sellers
Aleteia / Mathilde de Robien
“As pessoas que dão um lugar à religião em suas vidas vivem mais do que as outras, é fato”, diz o doutor Frédéric Saldmann, médico adjunto dos Hospitais de Paris e autor de vários best-sellers, em seu último livro La Santé devant soi (“Saúde à sua frente”), cujas boas páginas são publicadas pelo Le Figaro.
Suas observações são corroboradas por um estudo que mostra que pessoas não praticantes de religião apresentam duas vezes mais risco de morrer nos próximos oito anos do que aqueles que rezam uma vez por semana. É certo que “é tentador atribuir estes resultados ao fato de os praticantes de alguma religião terem, geralmente, estilos de vida globalmente virtuosos – pouco tabaco, pouco álcool -, o que aumenta a expetativa de vida”, admite Frédéric Saldmann. Mas, segundo ele, o consumo de tabaco e álcool não é a única explicação. Ele descreve pelo menos seis outras vantagens de quem acredita em Deus e pratica a fé no dia a dia:
ORAÇÃO GERA PAZ
Rezar teria um impacto benéfico na saúde. “O sistema de recompensa, mecanismo do cérebro intimamente ligado à sensação de prazer, permite ao fiel sentir intensa felicidade quando pratica sua fé. A oração gera uma profunda tranquilidade, apaziguamento e um sentimento de harmonia entre si e o mundo exterior”, explica o médico. A oração, portanto, seria um “momento de graça” que permite ao orante recuperar um senso de coerência após um dia agitado ou difícil. Para o médico, os rituais em torno da oração também são importantes. Acender uma vela, ajoelhar-se, ficar em silêncio, promover a meditação. Assim, “a frequência cardíaca e a pressão arterial diminuem, enquanto as tensões internas se desfazem”, explica.
O PODER DAS PALAVRAS
Palavras como amor, paz, misericórdia, ternura e perdão são frequentes tanto na Bíblia quanto nas homilias dos sacerdotes. Elas proporcionam um verdadeiro poder beneficente. “O simples ato de pronunciá-las ativa certas áreas do lobo frontal, melhorando as funções cognitivas”, especifica o especialista.
OS BENEFÍCIOS DA CONFISSÃO
O sacramento da reconciliação permite confessar os pecados, receber o perdão de Deus e ser reintroduzido(a) na sua paz. O Dr. Frédéric Saldmann vê isso como uma forma de confiar sua dor, seus fardos e, assim, evacuar as tensões internas. “Quer escolhamos nosso cônjuge, um amigo, um padre, um médico ou um psicólogo como interlocutor, falar nos permite dar um passo atrás em relação ao que estamos passando”. A confissão é uma oportunidade “não só para ser absolvido, mas também para depor um fardo que, às vezes, é muito pesado. Estamos, então, reconciliados com nós mesmos e com os outros, livres dos segredos que nos tiram a alegria de viver e a espontaneidade”, explica o médico.
OUTRA VISÃO DA GRAÇA
Abençoar a refeição consiste em agradecer ao Senhor pelas bênçãos que Ele nos dá. O professor Saldmann, especialista em nutrição, também vê isso como uma forma de controlar o peso e, portanto, a saúde. “Comer bem todos os dias é mostrar respeito e bondade para com nosso corpo e nossa mente… Quando você estiver de frente para o prato, reserve trinta segundos para pensar no que está prestes a engolir. Faça um balanço de seus sentimentos para ter certeza de que você está realmente com fome – em outras palavras, que você não está comendo automaticamente. Abençoe os alimentos que irão nutrir e fortalecer você por dentro. Uma bênção íntima apenas fortalecerá sua mente e o libertará dos padrões de vício.”
O JEJUM QUARESMAL
A Quaresma convida-nos a jejuar em memória dos quarenta dias passados por Jesus no deserto. “Um tempo propício ao desapego das coisas materiais e à reflexão pessoal”, observa o médico. O especialista elogia, neste sentido, os benefícios do jejum quaresmal. “O jejum quaresmal ilustra perfeitamente esta dieta saudável e leve, livre da frustração de ter sido dominado pelo apetite. (…) Um verdadeiro aliado para a perda de peso”.
“OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS…”
Sucesso, competitividade, comparação com os outros são estados de espírito muito comuns hoje em dia. Para Frédéric Saldmann, “este estado de espírito competitivo, que consiste em comparar constantemente a própria felicidade com a dos outros, é absolutamente destrutivo para a mente. Este dito de Jesus – “muitos dos primeiros serão últimos, muito dos últimos serão os primeiros” ( Mt 19,30) – vai contra a tendência atual e continua sendo benéfica para a saúde mental. Porque “ao tentar demais provar seu valor aos outros, muitas vezes você acaba esquecendo o que um dia sonhou”, observa ele.