Eleições 2022: o que o eleitor católico deve fazer para escolher seus candidatos?

A campanha política já está nas ruas e nos meios de comunicação. E esta é a chance que os eleitores têm de conhecer mais sobre os candidatos, a fim de fazer escolhas coerentes com os seus valores e a sua fé

Aleteia / Ricardo Sanches

As eleições 2022 estão chegando e, com elas, o compromisso democrático que os brasileiros têm de escolher o presidente da República, governadores, deputados e senadores.

A campanha eleitoral já está nas ruas e nos meios de comunicação. E esta é a chance que os eleitores têm de conhecer mais sobre os candidatos, a fim de fazer suas escolhas.

Mas, e nós, católicos? Como devemos nos inteirar mais sobre a política e os partidos políticos? O que fazer para exercer o direito cívico ao voto sem ferir os nossos valores e a nossa fé? Essas e outras perguntas, bem como suas respostas, estão reunidas no livro “O Catecismo do Eleitor Católico“, republicado recentemente. A obra foi escrita em 1960 pelo padre jesuíta Edmundo Henrique Dreher, mas sua base permanece atual.

No livro, o autor explica, por exemplo, como o eleitor católico deve agir para não escolher o candidato de forma errônea:

“Para escolher com acerto o seu candidato, o eleitor católico precisa primeiramente saber com toda a clareza qual interesse deve ter em vista. Sabe muito bem todo homem normal que é o interesse que induz a fazer uma boa escolha. Assim, se meu interesse é curar-me de uma enfermidade, escolherei um médico e não um advogado, e se meu interesse é defender os meus direitos, escolherei um advogado e não um engenheiro, e se meu interesse é construir uma casa, procurarei um engenheiro e não um cozinheiro.”

O voto e os interesses coletivos

O sacerdote esclarece também que o interesse do eleitor católico não deve neglicenciar os interesses da coletividade:

“Quando um eleitor católico escolhe um candidato não deve ter em vista o seu interesse privado, nem o de seu partido, mas deve ter em vista exclusivamente o interesse da coletividade, ou seja, a prosperidade pública temporal de sua pátria. Nenhum homem normal duvida que, quando alguém escolhe um médico, deve ter em vista a cura de uma enfermidade. Entretanto, por incrível que pareça, nem todos os eleitores sabem que, quando escolhem um candidato, devem ter em vista a cura dos males e das enfermidades sociais que afligem o povo, a fim de que seja curado e que possa prosperar.”

Entre muitas outras questões, o autor também discorre sobre os partidos políticos. Para ele:

“Os partidos políticos, propondo ao povo suas convicções partidárias através de seus programas e oferecendo-lhe como garantia sua reputação e prestígio, facilitam-lhe o trabalho da escolha do candidato acertado.”

Orientações dos bispos

Recentemente, os bispos da Regional Centro-Oeste da CNBB divulgaram uma nota oficial em que dão algumas orientações para que a escolha dos representantes seja coerente com a fé católica e seu consequente respeito à coletividade. Algumas dessas orientações são:

avaliar o histórico do candidato, seu itinerário político, se tem uma vida honesta e não está envolvido em fraude ou corrupção. Votar apenas em candidato “ficha limpa”;

conhecer a proposta de governo do candidato, veja se é um plano consistente e comprometido com o bem comum, em particular com os pobres e excluídos, com a defesa da Casa Comum, da cultura da paz, com uma economia a serviço da vida, e se o candidato é capaz de cumpri-lo; apoiar candidatos defensores e promotores da vida humana e de sua dignidade, que sejam contrários ao aborto e à eutanásia; divulgue a verdade dos fatos e não espalhar notícias falsas (fake news).

Artigo anterior“Jornada Mundial da Juventude sem o Brasil não é mundial”, diz presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023
Próximo artigoBispos brasileiros instituem formação para Ministério dos Catequistas