“Não, não jogamos dados para ver em qual versículo vamos dar de cara”
Igor Pavan Trez / Aleteia
O seminarista brasileiro Igor Pavan Trez, da diocese de Frederico Westphalen, RS, se tornou conhecido nas redes sociais católicas pelo seu testemunho de fé durante e após a sua luta vitoriosa contra o câncer.
Mas, além desse exemplo de perseverança num momento de grande desafio, ele também compartilha textos ricos sobre espiritualidade e doutrina católica. Nesta semana, Igor alertou os católicos a respeito do risco de usarem a Bíblia como superstição. Eis o que ele escreveu em seu Facebook:
Ah, a superstição, aquela amiga de longa data de muitos e que sempre gosta de acompanhar! “Tenho a Bíblia aberta em casa. Estou protegido.” Mas, espera aí, não confundamos os planos, pois o catolicismo não dança no ritmo da superstição. Afinal, o que somos? Alquimistas das palavras sagradas? Feiticeiros de páginas impressas? Ah, não, meus amigos, nossa fé vai muito além.
A Bíblia, a Palavra de Deus, não é um amuleto mágico, uma poção para repelir infortúnios. Não, ela não é um portal que nos coloca em uma bolha protetora. Nossa fé é muito mais que isso. É a “substância das coisas que se esperam; prova das coisas que não se veem” (Hb 11, 1). E esperamos, de fato, “ser felizes pela visão imediata da Verdade, à qual nós aderimos agora pela fé” (ST II-IIae., q. 4, a. 1).
O catolicismo não brinca de esconde-esconde com a lógica. Não, não jogamos dados para ver em qual versículo vamos dar de cara. Não nos consideramos invulneráveis por carregarmos palavras em mãos, mas sim por crermos e vivermos aquilo que professamos ao rezarmos o Credo. As Escrituras, junto com a Tradição e o Magistério, são pilares da nossa fé, não uma fórmula mágica contra os percalços da vida.
Então, é bom lembrar: abrir a Bíblia não é como vestir uma armadura invencível contra o mal. Nosso escudo é a fé, nosso elmo é a esperança, e nossa espada é a caridade.
Não, definitivamente não somos supersticiosos. Somos fiéis, e isso não é, de forma alguma, sinônimo de sermos irracionais. Nossa fé não se baseia em coisas vazias ou atos automáticos, mas sim em um profundo e consciente assentimento à Verdade revelada por Deus e que em parte pode ser alcançada pela razão. Isso, meus amigos, é muito mais poderoso do que qualquer coisa que possamos imaginar.