O segundo Encontro Pan-Americano propôs um diálogo e uma exposição aprofundada sobre os frutos advindos do I EPAN, para dar continuidade aos trabalhos de colaboração e evangelização em nosso continente americano.
Frei Douglas Leandro de Oliveira, OFMCap
Teve início no dia 4 de fevereiro o II Encontro Pan-Americano dos Capuchinhos, na Casa de Retiro Pinares em Bogotá – Colômbia. Cerca de 60 frades de toda a América participaram desse segundo encontro no qual partilharam sobre a realidade da missão, formação, estruturas e colaboração entre os Capuchinhos de todo o continente americano.
Os frades permaneceram reunidos até o entardecer do domingo, 11 de fevereiro. No decorrer do Encontro houve assessorias, exposições de temas decorrentes do documento “Um Sopro de Vida”, discussões em grupo e partilha em plenária. Além disso, foram discutidas algumas questões pertinentes sobre a Ratio Formationis, Schola Fratrum, intercâmbios e o projeto das Fraternidades São Lourenço de Bríndisi.
MEMÓRIA
Em 2022, acontecia o primeiro Encontro Pan-Americano dos Capuchinhos no Brasil. Na preparação desse encontro grandioso foram realizadas várias sessões on-line para os frades discutirem temas pertinentes à nossa vida apostólica e missionária.
O Encontro Pan-Americano dos Capuchinhos nasceu de um desejo do Ministro Geral Frei Roberto Genuin, manifestado em sua primeira Carta Circular em 2019. Além de propor uma reflexão para os Capuchinhos de toda a América, que, à época, contava quatro Conferências, a Circular propunha quatro eixos para estudo e ponderação:
– Missão; Formação; Estruturas e Colaboração.
Com o passar do tempo, uma nova perspectiva ficou acentuada e não deixou de ser refletida: como estava a atuação dos Capuchinhos durante a pandemia de Covid-19?
A realização do primeiro Encontro Pan-Americano dos Capuchinhos em 2022 foi tempo para retomar questões permanentes e sempre urgentes da atuação apostólica dos frades. Nas reflexões e no documento final, ficou evidente a preocupação em observar as Constituições, quando afirmam que Deus suscita a vocação missionária no coração dos irmãos.
Desde as primeiras orientações dadas aos frades, o zelo missionário está presente. Este é um sinal de que a ação de Deus move o carisma capuchinho desde que os primeiros frades quiseram empreender um novo impulso na Ordem dos Frades Menores. Assim consta nas Ordenações de Albacina:
“Ordena-se também aos prelados que não deixem ficar ociosos os pregadores aos quais o Senhor conceder tal graça, mas os façam trabalhar na vinha do Senhor” (Ordenações de Albacina, 24).
II EPAN
O segundo Encontro Pan-Americano propôs um diálogo e uma exposição aprofundada sobre os frutos advindos do I EPAN, para dar continuidade aos trabalhos de colaboração e evangelização em nosso continente americano. A realização deste encontro é para os frades um sopro de vida e um impulso para a vivência do carisma franciscano-capuchinho nos diversos ambientes em que estamos inseridos.
Durante esses cinco dias, foi desenvolvido um Manual de Missão Apostólica, onde os frades partilham experiências missionárias e dão pistas sobre o modo de estar presentes nas diversas culturas, respeitando sua identidade, sem perder a essência do carisma de Franciscanos Capuchinhos. Também foi elaborado um estatuto para organização e finalidades dos próximos encontros pan-americanos da Ordem.
A ORDEM E SUA INFLUÊNCIA NO BRASIL
A nossa Ordem foi fundada por São Francisco de Assis em 1209, aprovada pelo Papa Inocêncio III. No decorrer da nossa história, houve várias tentativas para nos mantermos sempre fiéis ao espírito originário dos menores. Nessas tentativas, foram surgindo várias reformas dentro da própria Ordem, uma delas é a nossa: os Frades Menores Capuchinhos – OFMCap. A nossa reforma foi reconhecida em 1528 e se desenvolveu na intenção de recuperar o espírito radical de oração, com o desejo de viver de forma itinerante na vida de pobreza e na mesma forma de vestir de São Francisco, enfatizando a presença junto ao povo e a vida de penitência.
Os Capuchinhos chegaram ao Brasil em 1612, oriundos da França, realizando missão em São Luís do Maranhão e depois em Olinda-PE (1642). Em 1705 chegam os Capuchinhos de origem italiana, que desenvolvem um trabalho intenso junto aos povos indígenas, com missões populares, criando dicionários na língua nativa dos povos originários do Brasil, construindo capelas, creches, escolas e hospitais. Em 1887 já estávamos presentes em quase todos os estados do Brasil.
Atualmente estamos presentes em 25 estados e no Distrito Federal. Desenvolvemos trabalhos pastorais em paróquias e aglomerados/favelas; trabalhos com educação em nossos colégios e creches; desenvolvemos trabalhos sociais e artísticos, além de fomentar no povo que nos rodeia um cuidado para com a vida e a nossa casa comum a partir do Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC).
A CONFERÊNCIA DOS CAPUCHINHOS DO BRASIL
Os Capuchinhos do Brasil são organizados por diversos agrupamentos que recebem o nome de circunscrições (Custódias e Províncias) e a sua totalidade é representada pela Conferência dos Capuchinhos do Brasil (CCB). A CCB é uma união dos capuchinhos para promover o bem comum da Ordem no Brasil e propor projetos de colaboração. É nesse sentido que o Encontro Pan-Americano busca ser para todos os frades um impulso na vivência do carisma perante todas as realidades que nos cercam. Desse encontro são encaminhados acordos de cooperação e revisão das atividades missionárias.
Neste segundo Encontro Pan-Americano, celebramos a nova cooperação dos Capuchinhos de Minas Gerais com o Chile e também dos Capuchinhos do Rio de Janeiro-Espírito Santo com a Guatemala. Além desses, temos presenças de capuchinhos brasileiros no Haiti, Paraguai, Bolívia, Cuba, Estados Unidos e Itália. O segundo Encontro Pan-Americano contou com a participação de 16 frades capuchinhos do Brasil.
Paz e Bem!
“A fraternidade e a minoridade são aspectos originários do carisma que o Espírito nos concedeu; esses informam também a dimensão contemplativa e apostólica de nossa vocação. Dóceis ao mesmo Espírito, esforcemo-nos por viver em plenitude esse ideal evangélico”.
Constituições OFMCap,4.2