Brasil tem 6,2 mil diáconos permanentes e vocação cresce no país

Diáconos da Missa de São Lourenço 2023 | Crédito: Arquidiocese de Maringá (PR).

O sacramento da ordem possui três graus: ordem episcopal, o presbiterado e o diaconado, portanto, o diácono permanente faz parte do clero

Por Nathália Queiroz

A Igreja celebrou em 10 de agosto o dia de são Lourenço e, por causa dele, o dia dos diáconos. A vocação ao diaconado permanente cresce anualmente em todo o mundo. No Brasil há cerca de 6,2 mil diáconos, segundo dados da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e muitas ordenações marcadas para o segundo semestre.

A palavra diácono vem do grego “diáconos” que significa servidor, sua missão principal é o serviço da caridade, mas também da Palavra e da liturgia. Estabelecido pelos apóstolos, como conta o livro dos atos dos Apóstolos (6, 1-6), a vocação de diácono permanente caiu em desuso. O diaconato tornou-se apenas um estágio no caminho para a ordenação sacerdotal. O papa são Paulo VI propôs a retomada dessa vocação em 1967, e ela foi codificada pelo Código de Direito Canônico de 1983, editado por são João Paulo II.

Para ser diácono permanente é preciso ter mais de 35 anos e vida matrimonial estável. Solteiros religiosos também podem ser ordenados. Só podem ser admitidos candidatos que participem ativamente da comunidade. A mulher do candidato deve concordar com a ordenação.

Algumas dioceses estão com as ordenações agendadas até o fim do ano. O bispo de Divinópolis (MG), dom Geovane Luis da Silva, ordenou oito diáconos permanentes no sábado (2), os primeiros na diocese. O arcebispo de Fortaleza (CE), dom Gregório Paixão, OSB, ordenará hoje (10), 16 diáconos permanentes. A arquidiocese de Maringá ordenará 40 diáconos permanentes, entre eles o irmão Rafael Rosário Carregosa, superior-regional da Congregação dos Irmãos da Misericórdia de Maria Auxiliadora.

O carisma de sua comunidade é cuidar dos enfermos, Carregosa tem 26 anos de vida religiosa e é presidente do Hospital Santa Casa de Maringá. Ele contou à ACI Digital que sentiu o chamado para ser diácono para poder servir melhor. “O diaconado tem muito a ver com o meu carisma de estar a serviço”, disse. “Como diácono posso abrir mais o leque de missão. Só vai agregar aos serviços”.

“Quero estar sempre a serviço do projeto de Deus, da igreja e da minha congregação! Quero poder contribuir mais para a construção do Reino de Deus na minha vida e das pessoas e exercer a missão de diácono dentro do hospital”, disse.

Os diáconos permanentes, segundo o Catecismo da Igreja Católica, podem distribuir a comunhão, dar bênçãos, dar a bênção do Santíssimo Sacramento, assistir e abençoar casamentos, fazer batizados, celebrar exéquias, funerais, fazer homilias, ler o Evangelho na missa, presidir sacramentais e dedicar-se a diversos serviços de caridade.

Paulo Cezar Teixeira da Silva, de 60 anos, também será ordenado diácono na arquidiocese de Maringá (PR). É casado e tem duas filhas. Ele contou à ACI Digital que sempre foi muito ativo nas pastorais, é ministro da eucaristia e há seis anos foi convidado a fazer a formação para o diaconado.

“Com o sacramento da ordem, que será o diferencial na minha vida a partir da ordenação, eu espero poder servir mais. Quando as pessoas precisam, a gente precisa estar ali apoiando, ouvindo, aconselhando”, disse ele. “Estarei junto ao pároco para prestar o serviço, ser companheiro e vou ajudar nas atividades do dia a dia”.

O sacramento da ordem possui três graus: ordem episcopal, o presbiterado e o diaconado, portanto, o diácono permanente faz parte do clero.

Segundo Silva, o apoio de sua família é fundamental na sua resposta à vocação diaconal.

As Diretrizes para o Diaconado Permanente, da CNBB, dizem que “a família do diácono, Igreja doméstica, constitui o primeiro campo da sua ação ministerial”. “O diácono casado não descuidará do seu lar sob o pretexto do exercício do ministério” e “estará sempre atento para que os trabalhos diaconais não o afastem da necessária convivência com a esposa e os filhos”.

Por poderem casar, os diáconos são os únicos católicos que podem receber todos os sete sacramentos: batismo, eucaristia, confirmação, casamento, ordem, penitência e unção dos enfermos. O batismo, a confirmação e a ordem, conferida a diáconos, presbíteros e bispos, são os sacramentos que só se pode receber uma vez. Eles imprimem caráter, isto é, uma marca espiritual, que nunca se apaga.

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