“Que ele descanse em paz dos seus trabalhos, das suas doenças, da sua vida e tenha a vida eterna” Dom Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro
Por Emilton Rocha
Em clima de comoção, foi celebrada na Basílica, nesta quinta-feira, 2 de fevereiro, a missa de Corpo Presente de Frei Vital, presidida por Dom Orani Tempesta, Cardeal do Rio de Janeiro. Após quase um mês internado, Frei Vital faleceu no dia 1º de fevereiro.
Há sete décadas como capuchinho, Frei Vital iria completar 94 anos no dia 31 de março. Descendente de italianos e natural de Santa Teresa (ES), seu nome de batismo era André Ronconi, mas, como religioso, adotou o nome de Frei Vital. Tido com um bom administrador, por mais de 30 anos conduziu a Igreja dos Capuchinhos. Com a idade avançada, atualmente a sua maior dificuldade estava em locomover-se.
Em sua homilia, Dom Orani disse: “nesse dia da apresentação do Senhor e da vida consagrada à vida religiosa, nós temos a oportunidade de celebrar a páscoa desse nosso irmão que, depois de uma longa vida, tanto nos seus anos como na sua vida consagrada, volta ao pai”.
O Cardeal lembrou que em sua atuação como religioso, Frei Vital marcou a vida de muita gente, tanto na época de formação como na época de paróquia. “Sem dúvida, ele encontrou-se com Cristo na fé, no sacramento, no dia a dia, e por causa disso deu sua vida. Que ele descanse em paz dos seus trabalhos, das suas doenças, da sua vida e tenha a vida eterna, a vida sem fim diante do Senhor, contemplando a face de Deus”, disse o arcebispo.
Os amigos o consideravam um homem inteligente, culto, bom pregador e sempre bem-humorado. Sem presidir missas há alguns anos, usava o seu tempo para ler e ouvir música clássica, da qual era fã ardoroso.
Para Frei Aender, com quem conviveu por cerca de dez anos, Frei Vital era um homem sábio e “uma agradável caixinha de surpresa”. “Um homem muito lúcido, apesar da idade avançada, um grande orador, divertido e de uma sensibilidade fora do comum. Lia sempre, e, até pouco antes da internação no hospital, ele estava lendo, sempre atento”, revelou o capuchinho.
Mônica Accioly o considerava o pai de todo mundo, “por estar sempre presente nas nossas vidas, por ajudar as pessoas”. “Ele era um grande orador, era pequenininho mas tinha um vozeirão, tinha o poder da palavra, da oratória, exatamente porque ele estudava muito, lia muito” – lembrou ela, durante o velório.
Reitor da Basílica, Frei Arles de Jesus disse que a morte do amigo não é apenas a perda de um frade, mas também a perda de um irmão da família, e que, por outro lado, foi uma alegria ter convivido com Frei Vital, que era o ancião da fraternidade. “Era um frade de oração, que tinha uma grande cultura, uma fama pela sua pregação, pela sua espiritualidade, que deixou tudo isso para nós, mais novos. Fica para nós a saudade. Para nós frades, a nossa mística, a irmã morte, nos dá essa oportunidade dessa abertura ao encontro com o amado, com Deus”, completa.
Após a missa, Frei Luiz Carlos Siqueira, ministro provincial da Província Nossa Senhora dos Anjos, emocionado, deu seu testemunho sobre os últimos momentos de vida de Frei Vital.
O corpo do religioso foi sepultado às 15h no Cemitério do Catumbi, antigo bairro da região central do Rio de Janeiro.