A resposta se baseia no fato de que os domingos e as solenidades, liturgicamente, começam após a hora nona do dia anterior
Por Aleteia / Foto: Antoine Mekary / Godong
A Missa de sábado substitui a Missa dominical de preceito? Esta é uma indagação frequente entre muitos fiéis e quem respondeu a ela, mediante um comentário em sua rede social, foi o pe. Wellington José de Castro, da arquidiocese de Campo Grande.
Eis a explicação oferecida pelo sacerdote:
“Não é raro alguém me perguntar: ‘Padre, a Missa de sábado já vale pelo domingo?’, querendo saber, obviamente, se já se cumpre o preceito dominical (sim, é um preceito canônico!) participando do Santo Sacrifício no sábado à tardinha/à noite.
A confusão é feita, muito provavelmente, pelo desconhecimento de que os domingos e as solenidades, diferentemente dos demais dias, começam após a hora nona do dia anterior, ou Primeiras Vésperas. Quer dizer que, canônica e liturgicamente, sábado à tarde (pelas 16h) já é domingo! Por exemplo: 3 de julho de 2021, sábado, é a festa do apóstolo São Tomé, mas o formulário a ser utilizado nas celebrações da noite desse sábado já será o do domingo (no caso, o XIV do tempo comum)”.
A Missa de sábado substitui a Missa dominical de preceito?
O sacerdote prossegue citando o Magistério da Igreja:
“Assim nos garante a carta apostólica Dies Domini, do Papa João Paulo II, de 1998:
‘Uma vez que a participação na Missa é uma obrigação dos fiéis, a não ser que tenham um impedimento grave, impõe-se aos Pastores o relativo dever de oferecer a todos a possibilidade efetiva de satisfazer o preceito. Nesta linha, se colocam certas disposições do direito eclesiástico, como, por exemplo, a faculdade que o sacerdote, após autorização prévia do Bispo diocesano, tem de celebrar mais de uma Missa ao Domingo e dias festivos, a instituição das Missas vespertinas, e ainda a indicação de que o tempo útil para o cumprimento do preceito começa já na tarde de sábado em coincidência com as primeiras Vésperas do domingo. Do ponto de vista litúrgico, o dia festivo tem efetivamente início com as referidas Vésperas. Consequentemente, a liturgia da Missa, designada às vezes «pré-festiva», mas que realmente é «festiva» para todos os efeitos, é a do domingo, tendo o celebrante a obrigação de fazer a homilia e de rezar com os fiéis a oração universal’ (49).
Sendo a Eucaristia o verdadeiro coração do domingo, compreende-se por que razão, desde os primeiros séculos, os Pastores não cessaram de recordar aos seus fiéis a necessidade de participarem na assembleia litúrgica. Mas claro que só isso não basta para ‘santificar’ o domingo, embora a participação litúrgica seja essencial:
‘Na verdade — ainda segundo o documento —, o dia do Senhor é bem vivido se todo ele estiver marcado pela lembrança agradecida e efetiva das obras de Deus. Ora, isto obriga cada um dos discípulos de Cristo a conferir, também aos outros momentos do dia passados fora do contexto litúrgico — vida de família, relações sociais, horas de diversão —, um estilo tal que ajude a fazer transparecer a paz e a alegria do Ressuscitado no tecido ordinário da vida. Por exemplo, o encontro mais tranquilo dos pais e dos filhos pode dar ocasião não só para se abrirem à escuta recíproca, mas também para viverem juntos algum momento de formação e de maior recolhimento’ (52).
Portanto, é de suma importância que cada fiel se convença de que não pode viver a sua fé, na plena participação da vida da comunidade cristã, sem tomar parte regularmente na assembleia eucarística dominical”.
Afinal, quais são os dias de preceito na Igreja Católica?
Nos dias de preceito, é obrigatória para todo fiel católico a participação na Santa Missa
O calendário litúrgico da Igreja Católica é válido para todos os países, mas as Conferências Episcopais de cada país podem mover algumas datas de acordo com a realidade local, a fim de facilitar o cumprimento dos dias de preceito, também chamados de dias santos de guarda.
Nos dias de preceito, é obrigatória para todo fiel católico a participação na Santa Missa.
E quais são os dias de preceito na Igreja?
1 – Todos os domingos do ano são dias de preceito.
2 – Várias datas de preceito na Igreja já caem normalmente em domingos, como o Domingo de Ramos, o Domingo de Páscoa, o Domingo de Pentecostes, o Domingo da Santíssima Trindade.
3 – Os dias de preceito que podem não cair em domingo são os seguintes dez:
- A Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, em 1º de janeiro;
- A Epifania do Senhor, em 5 de janeiro;
- São José, em 19 de março;
- A Ascensão de Jesus ao Céu, na quinta-feira da 6ª semana da Páscoa;
- Corpus Christi, na quinta-feira após a oitava de Pentecostes;
- São Pedro e São Paulo, em 29 de junho;
- A Assunção de Nossa Senhora, em 15 de agosto;
- Todos os Santos, em 1º de novembro;
- A Imaculada Conceição de Nossa Senhora, no dia 8 de dezembro;
- O Natal, em 25 de dezembro.
Mas fique atento: conforme já dito, mesmo algumas das celebrações sujeitas a cair em dias da semana podem ser movidas para o domingo seguinte, conforme as orientações específicas da Conferência Episcopal de cada país.