O que a Igreja faz em tempos de coronavírus?

“Este é o momento da solidariedade autêntica, de dar uma mão, amar realmente o próximo e multiplicar o bem e não a crítica”

cq5dam.thumbnail.cropped.750.422Por Frei Paulo Roberto Gomes * / Foto: Vatican News

Diante da emergência de saúde desencadeada pela pandemia de Covid-19, a Igreja mobilizou todas as suas dimensões, materiais e espirituais, sem esquecer os mais pobres e vulneráveis, numa grande corrida de solidariedade e atendimento.

Quando se fala de caridade, o pensamento corre espontaneamente para a carteira e para o gesto de duas mãos diferentes, uma com o objetivo de dar esmola e a outra de recebê-la. Porém, no dicionário cristão, a caridade não é apenas isso, pelo contrário, tem mil aspectos, mil rostos, até o sacrifício extremo da própria vida, como o de muitos médicos, enfermeiros, religiosas e sacerdotes mortos pelo Covid-19, para os quais o Papa reza em várias missas na Santa Marta.

“O Papa e toda a Igreja”, disse ao Vatican News dom Angelo Raffaele Panzetta, bispo de Crotone-Santa Severina, que acabou de doar cinco respiradores para a “Asp citadina”, “trabalham no silêncio: “É uma ação, segundo o espírito evangélico, muitas vezes escondida.

O Papa e a Igreja não precisam de campanhas publicitárias para aparecer nos jornais o tempo todo”, mas o que “estão fazendo no momento em termos econômicos, culturais e espirituais é realmente importante e precioso e não pode ser subestimado. Gostaria de lembrar, disse o prelado, “que o Papa também age através das Igrejas locais que servem o território no qual um importante esforço econômico está sendo feito neste momento, para que nada falte. Não é hora de batalhas pretensiosas, não é hora de lamentar ou gerar uma cultura de suspeita. Este é o momento da solidariedade autêntica, de dar uma mão, amar realmente o próximo e multiplicar o bem e não a crítica”.

E foi partir do último dia 12 de abril, domingo de Páscoa, e seguindo o exemplo do Papa Francisco, que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) deu início a Ação Solidária Emergencial da Igreja no Brasil, uma ação nacional que tem como lema ‘É tempo de cuidar’ para estimular a solidariedade, a começar pela arrecadação de alimentos, produtos de higiene e limpeza. Além de incentivar a ajuda material às pessoas, também quer promover o cuidado no campo religioso, humano e emocional. Assim, a CNBB se une a diversas campanhas e projetos de solidariedade que já estão em curso pelo país. [column size=”one-fourth” title=”Há também religiosas que, depois da explosão da emergência, transformaram seus conventos em ateliês para a produção de máscaras, aventais, jalecos”][/column]

O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, destaca que neste momento em que o país vive, a solidariedade é o selo de autenticidade da vida dos verdadeiros cristãos, o indispensável compromisso cidadão, a tarefa primeira dos governantes, a conversão dos ricos, a nova compreensão para inaugurar o tempo novo que está sendo exigido de todos, o único novo caminho para a paz e para o equilíbrio que o planeta precisa urgentemente, a única prática política, o novo jeito de ser humanidade.

A Cáritas Brasileira, organismo da CNBB, está atuando para orientar Arquidioceses, Dioceses, paróquias e comunidades a respeito dos protocolos de segurança para que as doações sejam recebidas e entregues de maneira adequada às pessoas e famílias necessitadas, neste momento de risco de contaminação pelo coronavírus.

Também, lembramos de inúmeras congregações religiosas masculinas e femininas que administram hospitais e asilos responderam com igual generosidade diante da crise de saúde, aumentando o compromisso com os doentes de Covid-19. Há também religiosas que, depois da explosão da emergência, transformaram seus conventos em ateliês para a produção de máscaras, aventais, jalecos.

E como Franciscanos, sabemos que amar o próximo, nestes tempos de pandemia, significa estarmos distante fisicamente, hoje, para nos abraçarmos alegremente no futuro. Santa Teresinha do Menino Jesus nos ensina que, mesmo distantes um dos outros, podemos estar unidos em oração: “Pensar em uma pessoa que se ama é rezar por ela”.

Procure seu Bispo, ou um Padre, ou um Diácono, ou uma Religiosa, ou mesmo o coordenador/agente de pastoral, para saber como podemos ajudar, claro, dentro dos nossos limites, responsabilidades, respeitando as orientações das autoridades civis e religiosas. Sim, procure ligando, mandando mensagens pelas redes sociais, de forma a evitarmos sairmos de nossas casas, mas que um pequeno grupo possa ficar responsável por organizar e recolher as ajudas dos irmãos e irmãs, pessoas de boa vontade e desejo de contribuir neste momento que o mundo tem enfrentado.

E hoje, dia de São Jorge, que ele nos defenda deste dragão que é o coronavírus.

Paz e Bem.

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* Frei Paulo Roberto Gomes, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap, é pároco da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, em Petrópolis, RJ, e colaborador do Núcleo em Formação da Fraternidade da Ordem Franciscana Secular-OFS, na Diocese de Rio Branco-AC.

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