Artigo: “Na plenitude dos tempos, veio a nós a plenitude da Divindade”

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‘O Reino de Deus é inaugurado por Jesus, na fraqueza de uma criança, e não por César, com toda a pompa da corte e das armas!’

O nascimento de Cristo é o marco da Revelação de Deus para a humanidade. Deus se revela em plenitude na figura de seu amado Filho. Por isso, o natal de Jesus, a encarnação do Verbo eterno de Deus, é motivo de grande exultação e alegria, assim como nos propõe o evangelista Lucas: “eis que vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: hoje nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo-Senhor” (Lc 2,11).

Inúmeras vezes, Lucas fala da alegria, louvor, regozijo que a presença de Jesus traz. E esta alegria é profundamente bíblica, cheia de fé. As pessoas que se alegram com a presença de Jesus são aquelas que, mesmo com as dificuldades da vida, aguardavam com grande esperança a vinda do Messias. Na perspectiva dessa grande esperança, podemos rezar com São Bernardo: “demos graças a Deus que nos dá tão abundante consolação neste exílio, nesta peregrinação, nesta vida tão miserável”.

O “hoje” (Lc 2,11) dito por Lucas é o dia da intervenção de Deus na história. Deus envia o Salvador, que não são as divindades que os gregos tinham, nem mesmo os imperadores que rogavam para si o titulo de salvador. O “hoje” de Deus, ideia recorrente em Lucas (4,21; 18,9; 23,43), não é uma data futura e distante, mas é o momento quando a salvação irrompe no mundo.

Deus manifesta-se na contradição, por isso os protagonistas da cena do nascimento de Jesus no evangelho de Lucas são os pastores (Lc 2,8), que eram considerados pessoas desqualificadas, marginais, sujas, ritualmente impuras. Mas é para essa gente que os anjos revelam o sentido do acontecido e são eles os primeiros a encontrar Jesus recém-nascido. O Reino de Deus é inaugurado por Jesus, na fraqueza de uma criança, e não por César, com toda a pompa da corte e das armas! Numa manjedoura e não num palácio imperial!

O nascimento de Jesus que retrata a profunda humildade de Deus, “a pobreza daquele que, envolto em panos, foi posto no presépio” (Santa Clara), é um evento salvífico na história: “se ele não tivesse descido até nós na humildade da natureza humana, ninguém poderia, por seu próprios méritos, chegar até ele”, diz São Leão Magno em um de seus sermões. O menino “envolto em faixas” (Lc 2,12), é o mesmo que será envolto em faixas no momento da paixão (Lc 23,52), e que ressuscitará: toda a vida de Jesus revela a bondade de Deus que se encarna para salvar o ser humano.

Celebremos com grande alegria o natal do Senhor, com as luzes dos presépios e pinheiros que enfeitam nossos ambientes, mas contemplando a grande luz salvífica que se doou a nós numa manjedoura.

Paz e Bem!

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Frei Rogério Goldoni Silveira – OFMCap

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