História da Igreja de São Sebastião dos Frades Capuchinhos

Conhecendo a História do nosso Santuário

Por Augusto Maurício * / Fotos: Emilton Rocha

igrejaA primeira igreja dedicada a São Sebastião que se construiu no Rio de Janeiro teve duração efêmera, e sua data remonta a 1567. Foi levantada a mandado de Estácio de Sá, lá para as bandas do Pão de Açúcar, na orla marítima que mais tarde teve a denominação de Praia Martim Afonso (atualmente Praia Vermelha), pouco distante, pois, do morro Cara de Cão (onde hoje se encontra a Fortaleza de São João), local esse que, em 1º de março de 1565 recebeu os fundamentos da “muito leal e Heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro”. Um templo tosco, de pau a pique, coberto de palha; era, contudo, uma casa religiosa, porquanto ali estava em exposição pública a imagem do santo padroeiro.

Não se pode afirmar quanto tempo resistiu às intempéries essa pequena capela. É possível que ninguém mais houvesse se interessado por ela, depois que Mem de Sá, tio de Estácio de Sá, Governador Geral do Brasil, resolveu transferir para um pequeno monte denominado São Januário (depois morro do Castelo) o assento da cidade.

Antes, porém, que aqui chegasse o governador geral, vindo da cidade do Salvador que era então a capital do Brasil, Estácio de Sá, em luta contra os franceses e Tamoios, foi ferido no rosto por flechada de um índio, de cujo ferimento veio a falecer após horríveis sofrimentos. Isso aconteceu em 1567, e o seu corpo foi inumado no interior do templo de palha que mandara construir.

Como se vê, e assim fica esclarecido, a igreja de São Sebastião no Rio de Janeiro foi fundada por Estácio de Sá.

Voltando à sede do Governo, Mem de Sá nomeou governador do Rio de Janeiro um outro sobrinho – Salvador Corrêa de Sá, que promoveu construções de casas no morro do Castelo e incrementou o trabalho na nascente cidade.

Entre os trabalhos de maior vulto destacou-se o prosseguimento da construção da igreja de São Sebastião, obra que foi interrompida, pois em 1568, Salvador Corrêa de Sá foi substituído no governo por Cristóvão Barros, que, por vez, em 1574, passou o mandato ao Dr. Salema. Um e outro, porém, interessados em assuntos que lhes eram mais proveitosos, não cuidaram de continuar a edificação do templo.

Somente em 1578, voltando a governar o Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá, a obra que havia sido interrompida tomou novo impulso e ficou terminada em 1583.

Nesse mesmo ano foram transferidos para a igreja os ossos de Estácio de Sá que repousavam na primitiva capela levantada na Praia Vermelha, tendo-se revestido a cerimônia da maior solenidade e prestada à memória do primeiro governador todas as honras militares. Sobre a sepultura foi colocada uma lápide com o seguinte epitáfio:

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Lápide de Estácio de Sá

“Aqui jaz Estacio de Saa prº capitão e cõqvístador desta terra e cidade e a campa mãdov fazer Salvador Corea de Saa sev primo segdº capitão e glrº com svas armas e esta capella acabov o ano de 1583”.

Em português moderno é: “Aqui jaz Estácio de Sá, primeiro capitão e conquistador desta terra e cidade, e a campa mandou fazer Salvador Corrêa de Sá, seu primo e segundo capitão e governador, com as suas armas. E essa capela acabou no ano 1583”.

Estava assim satisfeito o justo desejo de Salvador Corrêa de Sá – o seu primo descansava sob o teto da igreja que fundara em devoção a São Sebastião.

Durante muitos anos a igreja de São Sebastião serviu de matriz ao Rio de Janeiro. Com o suceder dos dias, porém, a cidade se foi estendendo, e à proporção que se alastrava a população, novas igrejas foram surgindo. Por sua vez também, o tempo foi se encarregando de envelhecer e arruinar a igreja, de sorte que no ano de 1659 estava em deplorável estado,

Nessa ocasião o prelado Manoel de Souza e Almada pensou até em demoli-la, transferindo a Sé para a igreja de São José, propósito que sofreu forte oposição por parte da Irmandade desta última igreja. Contudo os irmãos permitiram ao prelado que transportasse para São José apenas o sacrário e a pia batismal.

Despovoando-se, aos poucos, o morro do Castelo, os ladrões e os desocupados passaram a procurar aquele logradouro público para seu esconderijo e domínio. Várias vezes a igreja foi assaltada e roubada, não obstante ali estarem as sentinelas responsáveis pela sua guarda.

A demolição do templo, todavia, não foi permitida por D. João V que, embora autorizasse a mudança da Sé, ordenou que se conservasse a igreja como lembrança, estabelecendo-se ali uma capelania que dela cuidasse, e com a obrigação de celebrar diariamente uma missa no altar-mor por alma dos reis de Portugal.

Em 1734, por fim, foi mudada a Sé para a igreja da Cruz dos Militares onde permaneceu durante três anos e meio, e em 1937, estabeleceu-se na Igreja do Rosário.

A organização de uma Irmandade, como determinara o rei, não se efetivou, devido à má vontade encontrada entre os devotos, que reputavam deveras maçante sediarem-se numa capela quase abandonada pelo povo.

Os frades capuchinhos da Ordem Franciscana já haviam estado aqui antes de 1842, mas não foram muitos felizes. Andaram sempre de um lado para outro, sem conseguirem fixar-se definitivamente. Assim em 1720, Frei Antônio de Perusia e Frei Jerônimo de Monte Real, que arribaram ao Rio de Janeiro de uma viagem que faziam para São Tomé, foram convidados pelo governador Aires Saldanha de Albuquerque para se encarregarem das missões catequistas aos índios. Foi-lhes dada para moradia a capela do morro da Conceição, que no momento se encontrava vazia pelo falecimento do Bispo Dom Francisco de São Jerônimo. Dali, em 1725, foram transferidos para a Igreja do Hospício (depois Conceição e Boa Morte), e dessa para a ermida de N. S. do Desterro (depois Convento de Santa Tereza), onde se demoraram até 1739. Nesse ano, mudaram-se para uma casa em frente ao Hospício de Jerusalém e N. S. da Oliveira, onde permaneceram durante 68 anos. Essa residência era situada na atual Rua Evaristo da Veiga (onde está hoje o Quartel da Polícia Militar), rua que tomou a denominação de “Barbonos”, por serem barbados os religiosos.

Em 1808, foram forçados, novamente, a mudar de sítio, pois a sua casa foi dada aos Carmelitas, porque o Convento destes fora tomado para nele se instalar a família real portuguesa que aqui chegava fugida de Lisboa. Foram então morar nas casas dos romeiros de N. S. da Glória, passando depois para a Igreja de Santo Antônio dos Pobres, na Rua dos Inválidos, em cuja sede demoraram-se pouco tempo, quando alguns frades retiraram-se para o interior do Brasil, e outros voltaram para a Itália.

Todavia não se mostraram ressentidos com a nossa gente, e a prova disto está em que, quando em 1840 o governo imperial convidou-os a estabelecer uma nova prefeitura no Rio de Janeiro, para o fim de se encarregarem da catequese dos índios, logo voltaram, cheios de boa vontade, a trabalhar em benefício da civilização.

Assim em 1842, aqui chegaram, na qualidade de prefeito, Frei Fidelis de Montesano, e mais cinco outros, que se asilaram provisoriamente no Mosteiro de São Bento.

Em seguida o governo pôs, à disposição dos frades várias igrejas para, numa delas se estabelecerem em caráter permanente.

Deu Frei Fidelis preferência à do morro do Castelo, dela tomando posse no dia 18 de agosto de 1842.

A igreja de São Sebastião, a esse tempo, era uma desoladora ruína; as ervas daninhas cresciam à sua volta, e o teto já apodrecido pela umidade que se infiltrava pela coberta, ameaçava cair a cada dia.

Foi, no entanto, esta a igreja escolhida pelos Capuchinhos. Foi antes, um montão de ruína a que o desprezo da administração pública convertera um templo que deveria ser caro, porque, além de ser uma casa de oração, ali estavam depositados o marco da fundação da Cidade do Rio de Janeiro e as cinzas do seu fundador e primeiro governador Estácio de Sá!

O exterior do templo – segundo nos conta Joaquim Manoel de Macedo em seu livro “Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro”, era bem simples, como aliás eram as construções da época. Uma porta principal e duas laterais, que olhavam respectivamente para o Castelo e para a baía de Guanabara, abrangendo a barra de acesso ao porto do Rio de Janeiro. Uma torre de cada lado do frontispício.

Por dentro, era igualmente singelo. Cinco altares: dois de cada lado, em que se viam um painel representando a Adoração dos Reis Magos, Santo André Avelino, São João Batista e São Januário. No trono do altar-mor, cujo retábulo era pintado de amarelo, dentro de um nicho via-se o orago, cuja imagem media cerca de quatro palmos de altura.

Ao centro do arco cruzeiro, de extrema simplicidade também, com pouco trabalho de talha, estavam colocados a coroa de Portugal com as respectivas armas e o escudo do Brasil. No chão do presbitério da capela-mor aparecia a sepultura de Estácio de Sá; fora da grade que fechava essa capela havia outras lápides com inscrições, lembrando nomes dos que ali dormiam o último sono.

A Frei Fidélis de Montesano sucedeu outro prefeito, o padre-mestre frei Fabiano de Scandiano, primeiro comissário geral dos Missionários no Brasil, que não se cansou de pedir ao governo para mandar restaurar a igreja, recebendo sempre a mesma desoladora resposta de que não havia verba disponível. Substituído Frei Fabiano no alto cargo de comissário por Frei Caetano de Messina, continuou esse frade a rogar às autoridades o favor que o outro não obtivera, no que não foi mais feliz.

Todavia estava determinado que o governo seria um dia forçado a atender às justas solicitações dos franciscanos. Deus estava vigilante e disposto a cooperar com os frades, já que os homens por si não resolviam o caso.

Assim, em 21 de novembro de 1861, uma pavorosa tempestade desabou sobre o Rio de Janeiro. Grossa chuva e muito vento durante várias horas trouxeram em sobressalto os habitantes da cidade, cujas casas estremeciam ao ribombar dos trovões. A igreja de São Sebastião, mais exposta à fúria do vendável, quase foi derrubada.

Passada a tormenta, novamente voltou Frei Caetano de Messina à presença do governador, e desta vez foi melhor sucedido. Obteve, enfim, quanto desejava, e as obras se fizeram. Limpa e cuidada, a igreja tomou novo aspecto, embora sem alterar as suas linhas arquitetônicas. Os frades, trabalhadores infatigáveis, com Frei Caetano à frente, puseram todo o seu gosto artístico ao serviço do embelezamento do templo, para o qual mandaram vir da Itália adereços e ornatos, bem como diversas imagens de santos.

E assim viveram os Capuchinhos tranquilamente, na sua grandiosa obra de difusão da palavra de Deus, pregando os seus sábios ensinamentos, dando exemplos de sua bondade infinita, até o ano de 1921, quando foi resolvida pelo governo da República a demolição do morro do Castelo.

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Marco de fundação da cidade

20 de janeiro de 1922, foi o dia designado para a cerimônia da trasladação das relíquias históricas – a imagem de São Sebastião, as cinzas de Estácio de Sá e o marco simbólico da fundação da cidade do Rio de Janeiro. Revestiu-se o acontecimento de tal imponência que jamais será esquecido por quantos o assistiram.

Pela manhã, às 6 horas, no altar-mor da igreja do morro, foi celebrada a última missa. Era a despedida dos Capuchinhos aos fiéis que sempre os procuraram necessitados de consolo, cheios de aflições espirituais, e, seja-nos lícito dizer – nunca deixaram de neles encontrar o alívio aos males, o conselho certo, a palavra oportuna para minorar as suas atribulações.

A missa desse dia memorável realizou-se no pátio da igreja que, para tanto foi ornamentada festivamente, e teve como oficiante o então Arcebispo-Coadjutor Dom Sebastião Leme, depois Cardeal, falando após, ao Evangelho, o Vigário da Paróquia Monsenhor Benedito Marinho.

A afluência à cerimônia campal foi considerável; cerca de 10.000 pessoas desde a madrugada já se achavam nas imediações do templo, pela encosta do monte, numa demonstração viva de fé, e de respeito pelas gloriosas lembranças nacionais.

Terminada a missa, as preciosas relíquias da cidade foram conduzidas até o sopé da colina, para então ser organizada a procissão. Durante a descida os navios da esquadra, as fortalezas da Guanabara e uma bateria colocada na Praça 15 de Novembro salvaram com 19 tiros.

Por cerca das 8 horas, o cortejo já estava formado. Via-se à frente uma grande bandeira dos navegantes portugueses, toda branca tendo ao centro a Cruz de Cristo. Logo após vinham os Escoteiros Católicos, colégios, Irmandades, confrarias, Ordens Terceiras, Clero secular e regular, e a seguir o andor com a imagem do Padroeiro.

Atrás do andor iam o Presidente da República, Epitácio Pessoa, o Prefeito Municipal, Carlos Sampaio, representantes do Senado, da Câmara, do Supremo Tribunal Federal, Conselho Municipal, Corpo Diplomático, Chefe de Polícia e muitas outras autoridades. Um grupo de escoteiros conduzia uma bandeira nacional que tremulava ao vento, e após se via uma outra bandeira – esta era a de Estácio de Sá: um estandarte branco com as Quinas do descobrimento do Brasil.

Uma carreta militar com a urna contendo os despojos do fundador da cidade era puxada por marinheiros e soldados, e, logo a seguir, outra carreta conduzindo o marco da fundação era, igualmente, puxada por soldados e marinheiros. Automóveis com representantes da Imprensa, de clubes de futebol, de regatas, associações recreativas, operárias e muito povo, acompanharam o préstito.

À passagem da procissão pela Avenida Rio Branco, a grande massa de povo que ali se comprimia, atirava flores naturais sobre a imagem, as cinzas de Estácio de Sá e o marco da cidade.

Somente às 12:30 horas chegou o cortejo cívico-religioso ao novo convento provisório dos frades Capuchinhos, na Rua Conde de Bonfim. A imagem foi logo colocada por missionários da Ordem, no lugar que lhe havia sido adrede preparado, o mesmo acontecendo com as demais relíquias que passaram a ocupar uma sala contígua à capela.

E ali no recolhimento temporário da Rua Conde de Bonfim, permaneceram os Capuchinhos durante nove anos, isto é, até 1931.

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Altar lateral

Desde que deixaram o Castelo, os frades Capuchinhos, só tinham um desejo, uma ideia fixa que dominava a todos: – construir uma nova igreja para se abrigarem definitivamente. Mas onde os recursos para realizarem obra de tamanho vulto?

Começaram então a esmolar, a pedir aos fiéis óbolos e donativos para levantarem a Casa de Deus. E como todo o esforço que é dirigido para uma nobre causa nunca deixa de ser recompensado, tiveram afinal a sua aspiração satisfeita. Encontraram a maior boa vontade no povo em prol da piedosa obra, e a alta sociedade interessou-se decisivamente pelo templo dos Capuchinhos.

Foi então que, em 1928, surgiu a “Bola de Neve”, instituída pela Sra. Ester Mangabeira, esposa do Dr. Otávio Mangabeira, então Ministro das Relações Exteriores, no Governo do Presidente Washington Luiz.

O sentido da denominação dada pela Senhora Mangabeira a pia organização é deveras curioso e perfeitamente adequado ao seu fim. A origem é a seguinte:

– Na Europa, nas altas montanhas escarpadas, é comum durante a estação hibernal, desprender-se lá do píncaro do monte um minúsculo fragmento de neve, que vem rolando pelo despenhadeiro abaixo. No trajeto, não encontrando amparo, continua a descida vertiginosa e, à proporção que corre mais e mais fragmentos se lhe vão agregando, de sorte que quando chega ao término da carreira, aquela pequenina bola de neve está transformada em verdadeira avalanche capaz de arrasar uma choupana!

Era assim a “Bola de Neve”. A Senhora Mangabeira convidava cinco damas para um chá em sua residência, e cada uma das convidadas concorria com determinada quantia para a construção da igreja. Essas cinco senhoras, por sua vez, convidavam outras cinco, e, assim, sucessivamente. E, tal como a bola de neve que rola do cimo da montanha, a obra tomou vulto e auxiliou enormemente os frades Capuchinhos, que muito antes do que poderiam imaginar, tiveram o seu templo concluído.

O escritório dessa organização funcionava em uma das salas do edifício do “Jornal do Brasil”, cedida gentilmente pelo Conde Pereira Carneiro, que se colocou desse modo, entre os concorrentes para a construção do magnífico templo da Rua Haddock Lobo. Esse escritório era dirigido por Frei Isaías de Ragusa, que ali trabalhava diariamente em companhia de pessoas que o ajudavam no seu piedoso mister que se estendeu por seis meses, arrecadando a Ordem mais de cem contos de réis (Cr$ 100.000,00) que naquela época representava soma apreciável.

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Interior da Igreja

A igreja onde estão hoje os Capuchinhos é um edifício majestoso, construído em estilo neo-bizantino, de linhas corretas, situado no centro de largo terreno. Ao alto, em mármore, estão colocadas as estátuas de São Sebastião, que fica no meio, ladeada pelas de São Pedro, São Paulo, São José, N. S. da Conceição, Santo Antônio e São Francisco de Assis.

A mudança dos Capuchinhos realizou-se a 15 de agosto de 1931, tendo a cerimônia da inauguração se revestido de grande pompa. Estiveram presentes, além do Cardeal Dom Sebastião Leme, o Presidente da República, Sr. Getúlio Vargas, e grandes personalidades do mundo oficial.

O interior da nave, nas mesmas linhas bizantinas, tem seis altares, cujo fundo é feito de mosaico lombardo, que é mais graúdo do que o veneziano. Todos esses altares, embora sejam das mesmas dimensões, apresentam painéis diferentes. Não há neles a monotonia da igualdade, mas sempre um motivo novo para recreio da vista.

Nas arcadas que encimam os altares se vêm legendas em latim, em mosaico dourado, referentes às imagens que neles são veneradas, notando-se entre elas as de São José, São Judas Tadeu, S. Luiz Gonzaga, Santa Maria Madalena, São Roque, São Braz, São Miguel, Santa Luzia, e ainda Santa Rita, Santa Cecília e N. S. das Dores, estas muito antigas e modeladas em madeira.

O altar-mor é ainda provisório; é o mesmo que servia na antiga igreja do morro do Castelo. Nele está a imagem do padroeiro, esculpida em madeira, vinda da Itália após ser benta pelo Papa Pio IX. A imagem histórica, de vários séculos, está à direita, sobre uma peanha, fazendo “pendant” com a da Virgem de Fátima, que se encontra à esquerda.

Do lado esquerdo da nave está a capela do S.S. Sacramento, e do lado direito, a da Imaculada Conceição.

Em frente à capela-mor, no chão, sob a mesma lápide de mármore que foi trazida do Castelo, repousam as cinzas de Estácio de Sá. Junto à parede, à esquerda, vê-se o marco comemorativo da fundação da cidade, tendo acima um retângulo de mármore branco comos seguintes dizeres em latim:

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Placa de mármore

A tradução feita pelo latinista Dr. Antônio Ribeiro do Couto, é: – “Em substituição à antiga igreja do Morro do Castelo mandada edificar em 1583, por Estácio de Sá, dedicada a São Sebastião, Mártir, e demolida com o desmonte do dito morro, os padres capuchinhos, numa ardente demonstração de fé, sendo Superior Frei Eugênio de Comiso e encarregado das obras o construtor Guilherme Oatis, colocada a primeira pedra em 20 de janeiro de 1928, com toda a solenidade e grande afluência de fiéis, fizeram inaugurar em 15 de agosto de 1931, ESTA NOVA IGREJA ao mesmo São Sebastião consagrada”.

Ao lado direito de quem entra no templo vê-se um grande mármore com o nome de todos os benfeitores, todos aqueles que mais concorreram para a edificação da obra, e à esquerda está a gruta de N. S. de Lourdes.

Na sacristia encontram-se belos e velhíssimos quadros a óleo, pintados sobre madeira, passagens da vida de santos, inclusive alguns que já se achavam no Castelo, quando ali chegaram Capuchinhos. Dentre eles se destacam três preciosas telas do célebre artista Leandro Joaquim.

O que é atualmente a Igreja dos Capuchinhos todo o Rio de Janeiro, sabe. A devoção do carioca pelo milagroso mártir São Sebastião, é extraordinária. Nas primeiras sextas-feiras de cada mês, desde às 5 horas da manhã, quando é celebrada a primeira missa, considerável multidão para ali se dirige, ávida pelas bênçãos distribuídas pelos franciscanos, que são para o seu espírito de crentes, cheios de fé, um bálsamo bendito, um presente do Céu.

Fonte: [AugustoMauricio1946] A. Maurício, Templos Históricos do Rio de Janeiro, Segunda ed., Ltda., G. L., Ed., 1946.

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