Festa de encerramento do novenário da medalha Milagrosa atrai multidão ao Santuário

Quando Santa Catarina Labouré faleceu, dia 31 de dezembro de 1876, já um bilhão de medalhas tinham sido distribuídas

76991425_429020897770023_8148748443184005120_nEmilton Rocha* / Fotos: Angela Zolhof

Com o tema “Com Maria todos perseveram em oração”, o Santuário da Medalha Milagrosa concluiu sua novena anual na terça-feira, no 26 de novembro. Quarta-feira, dia da festa de encerramento, foi uma jornada inteira de celebrações eucarísticas, bênçãos dos enfermos –com celebração do Cardeal Orani João Tempesta –, bênção das crianças, com Frei Jorge de Oliveira, pároco do Santuário Basílica de São Sebastião, coroação de Nossa Senhora das Graças e bênção do Santíssimo. A tradicional procissão saiu às 18h da Basílica de São Sebastião, na rua Haddock Lobo, em direção ao Santuário da Medalha Milagrosa onde se juntou às centenas de pessoas que a aguardavam para. A bela festa levou centenas de fiéis ao Santuário.

Conheça a história da medalha milagrosa de Nossa Senhora

Quais são as mensagens da medalha milagrosa?

Em 1830, no dia 27 de novembro, deu-se a aparição de Maria a Santa Catarina Labouré, da Congregação das Filhas da Caridade, à Rue du Bac 140, em Paris. Nessa ocasião, a Mãe de Jesus mostrou o modelo da medalha que ela desejava fosse cunhada como sinal de grandes graças que ela obteria junto de seu Divino Filho.

Essa Medalha traz inúmeras mensagens, e a primeira delas é atinente a Imaculada Conceição de Maria, dogma que seria proclamado dia 8 de dezembro de 1854, por Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus. As mãos abertas da Medianeira de todas as graças é outra grande lição. É o resumo do papel da Virgem Maria na história da salvação, no Evangelho.

77009929_586880685475227_2573556489801170944_nAdite-se a cruz de Cristo nela, sacrificado pelos homens, e Maria, exemplo de fé ao pé da cruz, representada pelo M de seu nome. O coração de Jesus e de Maria a atestar o amor imenso do Salvador e de Sua Mãe por todos os remidos. As doze estrelas lembram a mulher do Apocalipse (cf. Ap 12,1). Ela é aquela que deu nascimento ao corpo humano de Cristo e à Igreja, que dá nascimento aos batizados que formam o Corpo Místico de Jesus.

Como as 12 estrelas lembram também as 12 tribos de Israel e os doze apóstolos, a medalha milagrosa tem um aspecto também profundamente missionário. Adite-se que, no século XIX, imperava por toda parte a negação de Deus com o endeusamento da ciência, que pretendia responder a todas as questões religiosas e filosóficas.

Realidades celestes

A literatura da época estava impregnada de ateísmo, levando as mentes ao irracional e ao fantástico. Além disso, quando, em 1830, ia se instalar um regime político antirreligioso, desenvolvendo uma forma de capitalismo liberal particularmente materialista, a Virgem, então, propõe não um objeto científico, mas um objeto simples, uma medalha a falar das realidades celestes. A difusão dessa peça se dá no momento também de uma renovação do Catolicismo social com Frederico Ozanam e as Conferências de São Vicente de Paulo. Ocorria uma vitalidade da reflexão universitária e literária católica. Tudo isso era reforçado com a medalha que mostrava a intervenção de Deus na história não só da França, mas de todo o mundo.

78070441_488265711784350_7157205971037585408_nO Arcebispo de Paris, a quem Catarina Labouré levou o pedido de Nossa Senhora, para que se cunhassem as medalhas, percebeu a riqueza doutrinária que ela continha. Em 1832, houve a primeira distribuição dessas peças por ocasião da epidemia da cólera, que dizimava a capital francesa. As primeiras 20 mil medalhas foram confeccionadas, em 1830, ano em que essa epidemia, vinda da Rússia, por meio da Polônia, irrompeu, em Paris, a 26 de março, ceifando vidas, num imenso cântico fúnebre. Num só dia, houve 861 mortes. No total, foram registradas, oficialmente, 18.400 mortes; porém, na realidade, houve mais de 20 mil. As descrições da época são aterradoras: em quatro ou cinco horas, o corpo de um homem, em perfeita saúde, reduzia-se ao estado de um esqueleto.

Milagre da medalha

Como se fora num abrir e fechar de olhos, jovens cheios de vida tomavam o aspecto de velhos carcomidos, e logo depois não eram senão cadáveres. Nos derradeiros dias de maio, a epidemia parecia recuar. Na segunda quinzena de junho, no entanto, um novo surto da doença redobrou o pânico do povo. Mas, finalmente, no dia 30 de junho, a Casa Vachette entrega as primeiras 1.500 medalhas, que são distribuídas pelas Filhas da Caridade e abrem o cortejo sem fim das graças e dos milagres: curas maravilhosas se deram e a epidemia foi debelada.

Houve, depois, a conversão de Alfonso Ratisbona do Judaísmo para o Cristianismo, e ele se pôs a trabalhar para a aproximação dos judeus-cristãos.

A Igreja falava na santa medalha, mas o povo logo a chamou de medalha milagrosa. Quando Santa Catarina Labouré faleceu, dia 31 de dezembro de 1876, já um bilhão de medalhas tinham sido distribuídas. Cumpre sempre que a Santa Igreja chama de “sacramental” alguns objetos abençoados pelo sacerdote, tais como: as medalhas milagrosas e de São Bento, o escapulário de Nossa Senhora do Carmo e o terço. Não transmitem por si mesmos a graça como os sacramentos, mas penhoram as bênçãos divinas e ajudam os cristãos a progredir na fé, na esperança, na prática das outras virtudes e na vida de oração.

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*Com colaboração do Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho, professor no Seminário de Mariana durante 40 anos

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